Atenção: este capítulo contém conteúdo onde pode gerar desconforto ou sensibilidade para assuntos relacionados a aborto. Caso a leitura deixe de ser uma atividade prazerosa e comece a ser desconfortável recomendo a sua interrupção.
Sua saúde mental deve estar sempre em primeiro lugar.
Boa leitura :)
*
Apenas me avise
E eu estarei na porta, na porta
Esperando que você apareça
Apenas me avise
E eu estarei no chão, no chão
Talvez resolvamos issoEu tenho que melhorar, tenho que melhorar
Eu tenho que melhorar, tenho que melhorar
Eu tenho que melhorar, tenho que melhorar
E talvez resolvamos issoAndei pelas ruas o dia inteiro
Correndo com os ladrões
Porque você me deixou no corredor
(Me dê um pouco mais)
Apenas tire a dor—Meet Me in the Hallway, Harry Styles
1 ano e 7 meses atrás
Pedro Palhares:
5 minutos. Foram necessárias 5 minutos para os gritos começarem a preencher todo aquele pequeno apartamento.
E eu continuava alí.
Imóvel.O corpo trémulo me fazia duvidar se eu conseguiria dar pelo menos um passo enquanto minha cabeça dava voltas e mais voltas.
5 minutos.
Como tudo poderia mudar em 5 minutos?
Os gritos não paravam e eu ainda continuava alí.
Fui fraco o suficiente para não colocar limites nela, fui fraco o suficiente para não livrar o meu filho de toda aquela situação, fui fraco o suficiente para saber que as coisas não dariam certo e mesmo assim persistir, fui fraco o suficiente para não ter a segurando enquanto ela se trancava naquele banheiro, fui fraco o suficiente para não correr assim que os gritos começaram e chamar a ambulância ou tentar derrubar a portar daquele banheiro, fui fraco o suficiente ao ponto de ficar imóvel pelos míseros e dolorosos 5 minutos.
5 minutos.
Durante todo ele eu já tinha a plena convicção do que havia acontecido mas mesmo assim continuei alí como a porra de um assassino cheio de remorsos.
5 minutos.
5 minutos.
5 minutos.
5 minutos.
5 minutos.
[...]
A cena se repetia em meus olhos incansávelmente.
Lara no chão coberta de sangue.
Os pedaços do espelho que antes estavam presos na parede agora sujos do líquido viscoso e vermelho.
Sangue por toda a parte.
Seus dedos, barriga, cabelos e rosto coberto dele.
Fecho os meus olhos tentando tirar aquelas imagens que impregnaram a minha mente.
Com mãos ainda trêmulas passo elas no rosto, tentando secar as lágrimas que alí despencavam. Minha respiração trava nos pulmões quando meus dedos melados de sangue voltam para o meu campo de visão.
Com respiração ofegante puxo os próprios fios do meu cabelo até os pequenos tufos se descolarem da raiz
Eu estava ficando louco.
foram necessários alguns segundos para que aquela cena desaparecesse da minha mente e a real imagem da minhas mãos apenas molhada de lágrimas voltasse.
Meu filho.
Eu pedia aos céus uma resposta para isso, não sabia que era possível alguém sentir uma dor tão grande como aquela de dilacerar o peito, não tinha trégua ou descanso, as imagens continuavam impregnadas na minha cabeça, e as vozes não paravam de sussurrar injúrias onde eu sou o verdadeiro culpado de tudo isso.
Porque dentro daquele inferno onde um dia eu chamei de lar eu fui o único que podia em sã consciência salvar o meu filho.
Mas eu não fiz.
E agora ele estava morto.
Olho em volta de todo o hospital, ele continuava quieto e frio como no momento que eu havia entrado nele.
Era angustiante pensar nas vidas que iam e vinham naquele ambiente e nada mudava, vidas eram transformadas e acabadas e nem um mísero som era ploriferado, os rostos dos funcionários continuavam os mesmo, as cores amargas das paredes não mudaram, o canal da TV da sala de espera ainda continuava sendo aquele irritante desenho animado e as pessoas a minha volta ainda continuavam a conversar distraidamente.
Tudo permanecia o mesmo.
Minha vontade é de gritar para os quatro cantos daquele hospital para alguém fazer alguma coisa. Por tudo o que era mais sagrado, eu precisava que algo se movesse, eu não poderia continuar vendo tudo na mesma calmaria, quando a única coisa que eu sentia era uma doentia agitação dentro de mim.
Eu havia acabado de perder a melhor coisa que havia acontecido na minha vida, não podia tolerar que o mundo não havia parado perante a isso.
Porque o meu mundo havia parado.
Eu queria correr e gritar em plenos pulmões para alguém fazer algo para tirar aquela dor de mim para trazê-lo até os braços do seu pai que não teve nem ao menos a chance de conhecê-lo pessoalmente.
As imagens do chão daquele banheiro novamente se repetem na minha cabeça.
Mais uma e outra vez.
O chão sujo, o pedaço de espelho que serviu de instrumento para toda aquela barbaridade, o sangue em seu rosto e corpo e o pior de tudo; o pequeno sorriso vitorioso nos lábios da mulher desacordada.
5 minutos.
Ela realmente estava certa, não importava o que eu tentasse fazer para afastá-la, agora aquela cena sempre estaria na minha cabeça, ela havia ganhado qualquer tipo de jogo doentio que havia armado, porque naquela noite ela havia me mostrado que era muito mais cruel do que eu imaginava.
Tomou tudo de mim, transformando as minha manhãs e noites no meu inferno particular, me dominando em remorsos me transformando no pior monstro daquele país.
Itália; do céu ao inferno.
Notas da autora:
Não quero me estender muito pra não quebrar o clima do capítulo mas só queria avisar que esse mês meu nêmesis chegará ao fim 🤕 aproveitem o final dessa história que tá cheia de surpresas ainda!!Com carinho, ninaꨄ
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Meu Nêmesis - 𝐩𝐞𝐣𝐚̃𝐨.
FanficNo mundo da fama só três coisas importam: poder, reputação e sucesso. Quando se está na sarjeta a urgência aos olorfortes pode ser maior até do que o próprio respeito a sua família, principalmente se a única maneira de se reerguer na indústria musi...