Descoberto

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Pedro Palhares:

- Eu não vou 'pra sua casa Pedro, você tá maluco?

Já era a quinta vez que o João Vitor surtava no meu carro nos últimos dez minutos que saímos da casa da Malu.

Na próxima eu com certeza mandaria ele se aquietar e calar a boca.

- Para de ser chato, quero te mostrar uma coisa.

- Eu juro para você se eu der de cara com seu pai... Você que vai ter que arrumar uma desculpa descente!
Ele me diz emburrado apontando para mim.

Ele é lindo até me irritando, como pode?

- Ele mal para em casa Jão, não surta.

- E sua mãe, hum? Você precisa arrumar um apartamento, Palhares, estou falando sério!

- Você quer que eu me mude porque você não gosta de ir na casa dos meus pais?
Gargalho.

- Sim?

- Não, João, não agora.

Ele suspira impaciência.

- Prefiro quando vamos para o meu apartamento!

- Já te falei que vai ser tranquilo! Você não vai encontrar ninguém, o que custa confiar em mim?

- E o que custa você entender o meu lado?

- Jão...
Passo a mãos nos meus fios desalinhados tentando procurar as melhores palavras para lhe explicar.

- Você sabe, não é porque eu trabalho com o seu pai que 'tá tudo bem não é? Meu pai errou, mas o seu não foi nenhum santo, Pedro.

- Tudo bem, eu te entendo. Só queria que você soubesse que minha família não é nenhum monstro.

A mão do loiro encaixa perfeitamente na minha, e alí ela permanece.

- Eu sei disso, Pê. Só não acho que esse seja o melhor momento para eu me encontrar com eles na sua casa.

Ainda de mãos dadas levo elas até minha boca, dando um pequeno beijo na superfície da sua mão.

- Você não vai encontrar eles lá, te prometo.

[...]

Assim que entramos na sala João rapidamente para se perdendo em uma parede cheia de porta-retratos.

Confesso que nunca reparei muito nessas fotos desde a minha volta para São Paulo, e no decorrer dos dias acabei ignorando a existência delas.

- Eu lembro desse dia.
João me diz apontando para uma das fotos.

Na foto eu tinha por volta dos 5 anos, eu estava agarrado a um balde de pipoca sorrindo sem os dois dentes da frente.

Eu também me lembrava daquele dia, muito bem.

- Foi no dia que nos conhecemos, não é?

Ele balança a cabeça com um pequeno sorriso preso nos lábios.

- Com o balde de pipoca, claro!

Meu Nêmesis - 𝐩𝐞𝐣𝐚̃𝐨.Onde histórias criam vida. Descubra agora