Sentimentos (parte 1)

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Jão Romania

Meus pés batem impacientemente no chão do escritório da UFO enquanto eu tento fazer o máximo esforço para prestar atenção em alguma coisa que o meu empresário estava falando.

Parecia ser bastante importante, já que Renan falava com muita seriedade, mas seria o fingimento do século se eu continuasse o encarando e concordando com qualquer coisa que saísse pela sua boca.

A verdade é que nos últimos dias eu estou ficando aéreo com uma facilidade enorme, talvez muito disso tenha consequências dos últimos acontecimentos da minha vida.

Parece exagero mas realmente existem 5 coisas que estão me tirando completamente dos eixos e fazendo todo o foco do meu novo projeto imergir.

Consigo até listá-los de tão presentes que eles são:

1- Pedro Palhares.

2- Meu ex-melhor amigo

3- O desequilibrado que vazou informações minhas.

4- Primogênito Palhares.

5- Já falei sobre o Pedro Palhares?

O homem simplesmente conseguiu transformar a minha semana em um inferno com 1 telefonema, se ele achou que eu realmente não estaria quebrando a minha cabeça nos dias seguintes pensando em algum plano maquiavélico para ferrar com ele, talvez ele fosse muito ingênuo.

O ponto é: Eu realmente tentei deixar isso de lado um pouco e me concentrar no meu trabalho, eu juro que eu tentei, mas cada minuto que se passava mais a minha cabeça dava voltas e mais voltas, pensando em como o formato das minhas mãos se encaixaria perfeitamente na curvatura do seu pescoço.

Não.

Não, não, nada promíscuo.

Eu estaria enforcando ele!

Certo, isso foi meio preocupante.

- Jão!
Renan grita, atraindo a minha atenção.
- Meu Deus! Até que enfim. O que você acha?

Pisco os olhos algumas vezes tentando buscar na minha memória algum traço de informação que Renan poderia ter dito mais cedo, quando eu ainda tentava me concentrar no seu monólogo.

Realmente não viria nada.

- Hum... Eu acho ótimo, podemos tentar.
Arrisco tentando dar o melhor na minha atuação.

A sobrancelha do mais velho arqueia enquanto ele cruza os braços.
Essa era a sua pose de desconfiança.

- Acha ótimo é...?

Eu tinha acabado de cometer a maior burrice do dia.

Olho em volta da mesa tentado tirar alguma informação de um dos meus amigos que estavam sentadas em volta, mas tudo que eu avisto é um Bruno fazendo um esforço admirável para não rir e uma Giovana impaciente com todo o meu fingimento.

Suspiro derrotado.

- O que foi que eu acabei de concordar?

- Que você deixará o Bruno compor três músicas que entrarão no seu próximo álbum.
Renan me diz com um sorriso malvado no rosto.

Minha risada reverbera pelo escritório.

- Vocês não prestam!

- Sério, Jão. Você escutou alguma coisa que eu venho falando nos últimos 20 minutos?

Mordo meu lábio inferior torcendo para que o meu silêncio seja suficiente.

- O que 'tá acontecendo, João Vitor?
Renan me pergunta adotando a postura de empresário.

Meu Nêmesis - 𝐩𝐞𝐣𝐚̃𝐨.Onde histórias criam vida. Descubra agora