Você me pertenceu

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Uma vez na vida
Estava tudo certo
Não fizemos erros
Nem mesmo um deslizamento
Ou uma correnteza
Poderia nos tirar tudo que tínhamos

De alguma forma, parece que nada mudou
Agora sinto que meu coração bate da mesma forma
Em voz alta, alguém está chamando meu nome
Parece você

Quando fecho meus olhos
Todas as estrelas se alinham
E você está ao meu lado
Você está ao meu lado

— Once In a Lifetime, One Direction

Pedro Palhares:

Ele continuava vindo aqui. Todas as manhãs parado em frente da porta da minha casa.

Me perguntava se de alguma forma isso iria passar, se ele iria cansar e em uma manhã não aparecer mais, na verdade me pergunto isso todos os dias, não na expectativa da sua ausência mas sim tomado pelo medo dela.

Nas manhãs eu chorava me sentindo um hipócrita, mentiroso por querer ele tanto de volta, desejando seus lábios de volta aos meus, meus braços circulando a sua nuca e suas pernas emaranhadas nas minha enquanto lhe prometia nunca mais partir do seu peito. Já nas noites, vomitava cuposamente, me sentia o pior dos criminosos, o mais pecador por desejar esse tipo de coisa, meu estômago se revirava quando as malditas palavras ressoavam novamente em meus ouvidos.

Ele era o meu irmão.

Sentia raiva, não, raiva não, ódio, nêmesis! Por que os céus estavam sendo tão cruel comigo? O que havíamos feito de tão errado assim para sermos castigados desse jeito?

E o pior; por que mesmo tendo ciência de tudo isso, parecia que a cada dia que se passava eu permanecia cada vez mais apaixonado por João?

Me assusto com o trovão vindo do lado de fora, havia começado a cair uma tempestade pelas ruas de São Paulo, típico da cidade.

Me apresso indo até a janela conferir se João já havia ido embora.

Não, ele continuava bem alí, em pé, parado com seu moletom azul escuro em meio a chuva.

Meus lábios tremem, odiava o quão impotente eu estava sendo.

Desejava do fundo dos meus ossos não está sozinho naquela grande casa, desejava que minha mãe que já tinha percebido o quão errada estava as coisas fosse até a porta e implorasse para que ele fosse embora, ou então, desejava que ele por conta própria percebesse que estava piorando as coisas e apenas partisse.

Mas nenhum desses cenários acontece.

Outro trovão ressoa no ar, olho novamente pela janela cruzando os dedos, torcendo para que ele já tivesse partido. Mesmo com os olhos embaçados pelas lágrimas já o cobrindo consegui ver a exata cena do homem que ainda fazia bagunça em meu peito, se curvar, frágil em meio ao temporal.

Olho para o teto do meu quarto tentando pensar em uma saída enquanto limpo apressadamente meus olhos.

Cada célula minha clamava por ele. Tinha completa certeza que sua ausência podia me sufocar.

Antes que eu me desse conta já estou correndo descendo as escadas, apressadamente abrindo a porta da minha casa.

Com respiração ofegando e mão no peito falhando em tentar acalmar o meu coração, encaro o homem a minha frente sem acreditar que estávamos mesmo tão perto um do outro após tantos dias.

Meu Nêmesis - 𝐩𝐞𝐣𝐚̃𝐨.Onde histórias criam vida. Descubra agora