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Jão Romania

Respiro fundo tentando absorver ao máximo aquele perfume extremamente familiar, tal qual um sonho, mas me recuso a abrir os olhos e possivelmente cair na realidade de que todo aquele sentimento de conforto não passasse de ilusão.

Tento puxar a coberta pesada de cima de mim até os meus olhos, porém, meus dedos não atingem a coberta e sim uma cabeleira lisa.

Abro os meus olhos assutado me deparando com a minha verdadeira coberta pesada;

Pedro Palhares.

Sua cabeça estava no vão entre meu ombro e meu pescoço, respirando abafadamente nessa região, suas mãos cercavam minha cintura protetoramente enquanto seu corpo estava levemente encolhido ao lado do meu.

Tento assemelhar os últimos acontecimentos.

Pedro veio me procurar.

Ele tinha tido pesadelos, eram mais recorrentes do que eu imaginava.

E por isso que apareceu na minha porta.
Ele queria a minha ajuda.

Não fazia ideia do porquê Pedro veio me procurar, justamente eu, mas desconfio que tenha sido por conta da noite no estúdio.
Eu tinha o acalmado.

Ele agora confiava em mim, quanto a isso?

Lembro dos seus olhos baixos e tristes que me tiraram completamente dos eixos na noite passada.

Sei que isso não poderia arcontecer, Pedro não deveria me afetar tanto assim.

Mas como eu poderia o ver implorar por mim e não sentir e muito menos fazer nada?

Tínhamos combinado que nada mudaria depois do que aconteceu na casa do Renan, mas olhando para ele nessa manhã sinto que algo mudou.

Era como se nossas máscaras estivessem  caindo uma para o outro. Tantos muros foram construídos entre nós nos últimos anos que já tínhamos nos acostumado com a ideia de sermos completos estranho que se odiavam, ou pelo menos tentavam, por algum motivo estúpido, mas agora, acho que pouco a pouco estamos nos reconhecendo, ou então quebrando esses muros que foram impostos.

Não estou falando que agora somos melhores amigos, é só que...

Ultimamente vi um lado seu que a muito tempo eu não tinha visto, um lado mais frágil.

Acho que ele odiaria saber que sei disso.

Minha atenção se volta ao moreno que agora começava a se remexer ao meu lado, seus braços apertam mais o meu corpo me fazendo cócegas.

Mordo os lábios com força tentando me concentrar e não gargalhar.

Eu não queria acordá-lo por um surto louco de cócegas.

É então quando o aperto se afrouxa um pouco que eu percebo que Pedro estava começando a despertar.

Seus olhos encontram com os meus, e não sei se pela atmosfera distensa ou pela luz solar que nos atingia,  mas eu jurava que podia ver seus olhos brilharem.

E então, ele pisca uma ou duas vezes, provavelmente se dando conta da onde estava e se afasta rapidamente de mim.

— Desculpa, eu não deveria ter vindo aqui.
Com isso, o moreno se levanta meio tonto procurar alguma coisa apressadamente pela casa, talvez suas chaves e seu celular, ponto para ir embora.

Como ele sempre fazia.

Respiro fundo tentando assemelhar as coisas.

— Pedro?!

Meu Nêmesis - 𝐩𝐞𝐣𝐚̃𝐨.Onde histórias criam vida. Descubra agora