Jão Romania
Meus dedos apertam fundo o volante do carro, tentando de alguma maneira dissipar o nervosismo que eu estava sentindo.
Já fazia mais de uma semana que eu assinei o contrato com a Palhares Mídias, e apesar de termos segurado de todas as formas, essa informação não iria ser segredo por muito tempo.
De uma coisa eu tinha certeza, o quanto antes eu convesasse com o meu pai menos risco eu correria da notícia chegar em seus ouvidos de outras maneiras, por isso nesse exato momento eu estou a um ponto de surtar no caminho até a casa da minha família.
Respiro fundo pela décima vez nos últimos 2 minutos enquanto piso no acelerador.
E então como se o meu dia não pudesse se tornar ainda mais estressante o carro da frente freia de uma vez só e quase que de imediato meu parachoque se choca com a traseira do carro.
Aquilo só podia ser brincadeira.
Ou um teste para a minha paciência.
Encosto a minha cabeça no volante tentando buscar forças para sair do carro.
Cada minuto que se passava o meu dia piorava mais.
Ouço uma batida na janela mais permaneço na mesma posição, me movendo unicamente para aumentar o som do carro o suficiente para não ouvir o homem do lado de fora.
As batidas se tornam esmurros na janela do meu carro, e agora mesmo com o som no máximo, era possível ouvir os gritos abafados do homem.
Quando por fim os gritos e socos sessam, me preparo para resolver o meu mais recente problema.
Para a minha surpresa o homem simplesmente tinha sumido, olho para frente onde o carro de luxo ainda está parado com sua traseira completamente destruída e me pergunto se vale a pena ir resolver o problema, que por sinal nem foi minha culpa, ou ser um filho da puta e ir embora.
Antes que eu pudesse tomar uma decisão sou completamente surpreendido pelo maluco da minha frente dando ré com tudo e acertando em cheio meu carro.
Ele bate, acelera novamente e bate outra vez, acelera novamente e pela última vez acerta o meu carro antes de estacionar logo a frente.
— Mas que merda é essa?
Sinto a cólera preencher pouco a pouco o meu corpo, minhas unhas que antes estavam posicionados no volante agora estavam cravadas na palma da minha mão na tentativa de controlar a raiva nutrida dos últimos segundos.
Saio do carro sem me importar de estarmos no acostamento de uma estrada, minha mais recente preocupação é socar a cara do desgraçado que tinha acabado de amassar propositalmente o meu carro novo.
Antes que eu alcançasse o carro da frente, o motorista se retira do automóvel, vindo em minha direção.
— Qual é a porra do seu problema?
Grito me aproximando do homem.— Meu problema? Foi você que bateu no meu carro, pra começar.
O homem tinha um sotaque estranho, quase como o de um estrangeiro, eu poderia rir do seu jeito de falar se minha repulsão por ele não fosse tão grande.
Tiro os meus óculos de sol colocando no topo da minha cabeça para enfim olhar nos olhos do maluco.
Respiro fundo tentando me acalmar.
— Eu bati porque você freiou do nada.
Minha fala sai mais pacífica do que eu imaginava, sentia que essa era a única maneira de eu não socar a sua cara.O moreno se aproxima um pouco mais parando a poucos centímetros de mim e calmamente, olhando bem no fundo dos meus olhos ele pronuncia a segunte frase:
— Estou pouco me fodendo se você é um péssimo motorista e não sabe pisar no freio.
Ele falava tão calmamente com tanto equilíbrio que se suas palavras não fossem tão ardilosas e mal-educadas eu poderia jurar que o que ele não tinha proferido nada demais.
— Eu sou um péssimo motorista? Então me explique porque você bateu 3 vezes no meu carro de propósito!
Todo o meu autocontrole de segundos atrás tinha acabado de dissipar nesse exato momento.O homem coça os olhos algumas vezes antes de focar novamente sua atenção aqui.
— Olha sinceramente eu tenho mais o que fazer. Só vamos acabar com isso logo, transfira alguns milhares de reais para eu consertar o meu carro e vai ficar tudo bem.
Não consigo me controlar, minha risada sai um pouco mais alta do que eu imaginava.
Aquele maluco precisava ser internado na ala psiquiátrica o mais rápido possível.
— Eu não estou entendendo a graça, é você quem está errado.
— Eu nao vou pagar merda nenhuma a você, seu maluco!
— Eu vou chamar a polícia, você não faz ideia de quem eu sou e com quem está se metendo!
Dessa vez minha risada sai com escárnio e eu praticamente reviro os olhos.
— Você tá tentando me amedrontar?
Meu olhar se fixa no seu e tudo que eu mais sonhava em fazer é pular no seu pescoço até deixar o seu rosto esculpido completamente roxo.— Está funcionando?
Seu olhar se fixa no meu um pouco mais cerrado.— Você não faz a mínima ideia de quem eu sou não é?
Ele me pergunta.— Eu deveria?
Ele sorrir para mim e minha vontade de socá-lo ou enforcá-lo triplica.
— Me pague.
— Me obrigue!
Ele olha para o relógio pela décima vez e busca algo no seu bolso, ele retira o seu celular e tecla rapidamente antes de virar o aparelho para mim.
Vejo o número 190 brilhando na minha frente e seu dedo a poucos milímetros de confirmar a ligação.
— Me pague.
Ele repete.— O que você é? Um agiota por acaso? Vai viver meu filho eu não fiz nada de errado não.
— Diga isso para a polícia.
Seu polegar se aproxima mais do botão na tentativa de me ameaçar.Reviro os meu olhos quando o homem aperta o botão de uma vez só.
Rapidamente me atiro para cima dele tomando o seu celular e sem pensar muito desligo a chamada e atiro no meio da avenida.
O moreno me encara horrorizado e eu me apresso para sair dali o mais rápido possível antes que quem seja o próximo a ser atirado seja eu.
Entro dentro do carro rapidamente.
— Você não fez isso!
Seu sorriso era assustador e por um breve momento meu estômago se revirou.Ligo o carro o acelerando.
— Eu vou processar você! Escute o que eu estou te falando! Não, melhor! Eu vou matar você, seu cretino!
Ele soca o meu vidro enquanto eu acelero de volta a estrada.
Sorrio pensando na insanidade que eu acabei de cometer, sem me importar e muito menos lembrar dos jornais de fofoca, paparazzi ou do meu próprio pai.
Era um pouco libertador esquecer um pouco os meus problemas e descontar a raiva reprimida no celular de um desconhecido.
Libertador, essa era a palavra.
E estranhamente sinto o desejo que o mesmo homem me encontre novamente para que eu sinta novamente tudo isso, e talvez desconte minha raiva em outro celular dele.
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Meu Nêmesis - 𝐩𝐞𝐣𝐚̃𝐨.
FanfictionNo mundo da fama só três coisas importam: poder, reputação e sucesso. Quando se está na sarjeta a urgência aos olorfortes pode ser maior até do que o próprio respeito a sua família, principalmente se a única maneira de se reerguer na indústria musi...