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O suor escorria para os olhos de Jimin, fazendo-os arder. Ela passou o antebraço no rosto antes de cerrar o punho e atingir de novo o saco de pancadas. Quando algum pensamento se infiltrava em sua mente, batia mais forte. Pensamentos demais, sentimentos demais.

Jab, esquiva, gancho. Jab, cruzado.
Seus braços queimavam. Era uma dor bem-vinda, que incinerava tudo dentro de sua cabeça. Não havia nada além da resistência pesada da areia dentro do saco e do grave impacto que provocava ondas de choque pelos braços e pernas.

Jab, jab, jab, cruzado, cruzado, cruzado. Mais forte. Será que conseguiria derrubar o saco de pancadas preso por correntes? Talvez.

Batidas escandalosas na porta a interromperam no meio de um soco, e ela olhou feio naquela direção. Sua irritação logo se transformou em receio. Poderia ser o senhorio querendo falar sobre o aluguel?

Jogando uma toalha sobre o pescoço, Jimin abriu a porta.

— E aí? — Aeri passou por ela, jogou a chaves do carro na mesinha de centro e atirou a jaqueta sobre o sofá. Sem se dar ao trabalho de olhar para Jimin, foi até a cozinha e abriu a geladeira. — Tem alguma coisa para comer?

— Bom dia para você também, Aeri — respondeu Jimin, voltando aos socos.

O saco de pancadas ainda balançava por causa da sequência de golpes que tinha desferido. Jimin o endireitou antes de cravar o punho outra vez no couro gasto. Enquanto atingia o equipamento, ouviu uma série de bipes de micro-ondas.

— Vou comer as sobras que encontrei aqui — Aeri avisou. Jimin a ignorou e continuou batendo.

O micro-ondas apitou. Pouco depois, Aeri apareceu com uma tigela fumegante, sentou no sofá e começou a devorar o jantar de Jimin. Fazendo bastante barulho propositadamente.

Quando cansou de aturar aquilo, Jimin parou de bater e falou:

— A maioria das pessoas come na mesa da cozinha.

Aeri deu de ombros.

— Prefiro o sofá. — Ela enfiou uma garfada de macarrão na boca e chupou os fios pendurados. Em seguida lançou um olhar para a prima como quem pergunta “que foi?”.

Jimin cerrou os dentes e tentou retomar o ritmo.

— Você não deveria maneirar no treino? Seu corpo não deve ser sobrecarregado. Você sabe muito bem disso, Jimin.

Endireitando o saco de pancadas, ela perguntou:

— O que está fazendo aqui?

— Você vai se desculpar comigo ou não? Porque está sendo uma prima de merda. De verdade.

Jimin fechou os olhos e soltou o ar com força.

— Desculpa.

— Vou ter que pedir para você tentar de novo.

Ela se afastou do saco de pancadas e se jogou no sofá ao lado da prima.

— Desculpa mesmo. As coisas estão complicadas para mim e... — Jimin apoiou os cotovelos nos joelhos e cobriu o rosto com as mãos enfaixadas. — Desculpa.

— Não entendo por que mentiu sobre ter namorada. Está com medo de que ela não goste da família ou coisa do tipo? — Perguntou Aeri com um risinho de deboche.

Jimin teve que se segurar para não arrancar os cabelos.

— Não quero falar sobre isso.

— Droga, Jimin. — Aeri pôs a tigela na mesinha e pegou a jaqueta. — Estou indo embora então. — Ela foi até a porta e virou a maçaneta.

Behind Your Touch - WinRina Onde histórias criam vida. Descubra agora