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Jimin entrou na academia e jogou a mochila no piso azul acolchoado, perto das outras.

Os praticantes no meio do recinto deram cinco passos para trás e se curvaram.

— Olha só quem resolveu aparecer — comentou Aeri, olhando atentamente para a prima. Ela indicou para que os alunos voltassem a praticar antes de se aproximar. — Nunca vejo você aqui pela tarde. O que está acontecendo?

— Queria treinar um pouco — Jimin falou, coçando a orelha.

Em geral ela passava as tarde correndo ou dando uma volta pela ponte Bampo — coisas que podia fazer sozinha, porque não queria olhar para a cara de ninguém depois de uma manhã inteira lidando com várias pessoas. Naquele dia, porém, não aguentaria ficar sozinha. Sabia que passaria o tempo todo pensando em Minjeong. Depois de uma noite e parte de um dia refletindo, ainda não sabia como as coisas seguiriam a partir daquele ponto. Mas precisava encontrar a resposta. E depressa. Era melhor focar nisso durante o treino.

— Veste o quimono, então — falou Aeri. — A aula começa em uma hora. O professor da tarde está de folga, então quem perder vai ter que dar a aula das crianças.

Era o incentivo ideal. Criancinhas brandindo golpes era uma visão horripilante. Seria de pensar que os menores seriam menos perigosos, mas eram os piores. Corriam descontrolados pela academia, como furacões, acertavam golpes em pontos errados por acidente. Não tinham a menor noção. Eram como Minjeong em eventos sociais.

Enquanto amarrava o quimono e voltava para junto dos demais, os olhos de Jimin acompanharam os movimentos da prima, que praticava seus ataques de forma disciplinada, dez de cada vez. Sempre o mesmo número de repetições, sempre na mesma ordem. Se Minjeong aprendesse karate, na certa faria aquilo de forma ainda mais metódica. Depois do último momento que haviam passado juntas, Jimin definitivamente não conseguia tirar ela da cabeça.

A morena se voltou para Aeri, tomada por uma desconfiança súbita.

— Você disse que a Minjeong estava totalmente na minha.

Aeri parou o que estava fazendo.

Os olhos castanhos dela encararam Jimin fixamente.

— Disse.

— Você realmente acredita nisso ou só queria me fazer se sentir bem?

— E por acaso você acha que eu sou esse tipo de pessoa? — Perguntou Aeri.

— Bom, na verdade não — disse Jimin.

— Então eis a sua resposta.

Ela apenas assentiu com a cabeça.

— Como estão as coisas entre vocês? — Perguntou Aeri, inclinando a cabeça.

— Bem. — A resposta saiu bem áspera. Ela limpou a garganta antes de continuar. — Ela meio que descobriu sobre a questão da minha saúde. — Por que não tinha contado antes? Por que permitiu que Minjeong descobrisse da pior forma possível. Ela devia saber o efeito que teria sobre a ruiva.

E pela forma como ela ficou... Porra, deve ter sido horrível.

— A partir do momento que você permitiu que ela entrasse na sua vida era apenas uma questão de tempo até isso acontecer.

As palavras atingiram Jimin como um soco no estômago.

— Como ela reagiu? — sua prima perguntou, como se já soubesse a resposta.

Jimin respirou fundo.

— Ficou bem preocupada, mas consegui explicar sobre minha condição atual e ela pareceu relaxar um pouco.

Behind Your Touch - WinRina Onde histórias criam vida. Descubra agora