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Quando Minjeong acordou na manhã seguinte, se sentou na cama e passou os dedos pelos cabelos.

As palavras da noite anterior voltaram à sua mente.

Aceitei sua proposta porque queria te ajudar.

Não porque queria ficar com ela, nem mesmo por afeto. Por pena. Porque ela era autista.

Um sentimento terrível a envenenou, e Minjeong cobriu a boca para abafar os sons que sua garganta emitia. Ela pensou que estivesse conquistando o afeto dela. Pensou que era especial. Pensou que Jimin poderia retribuir seu amor. Mas todo o seu tempo juntas não passara de um ato de caridade. Agora que a boa ação estava feita, a morena podia seguir em frente.

A dor que sentia a atingiu de novo com força total, destruindo-a por dentro. Minjeong não era uma boa ação. Era uma pessoa. Se soubesse como Jimin se sentia, jamais teria feito a proposta. Não era um caso de caridade.

Esfregando o rosto irritada, ela disse a si mesma que era forte o bastante para aguentar aquilo. Não ia desmoronar por causa de uma garota que não a queria.

Minjeong fez a cama com gestos bruscos e foi para o banheiro pisando duro. Chegou a pegar a escova, mas algum impulso a fez ir para o chuveiro antes. De forma deliberada, inverteu a rotina habitual do banho, esfregando o corpo de baixo para cima. Não era um robô nem uma autista disfuncional. Era o que era. E aquilo bastava. Podia fazer o que quisesse. Podia se transformar no que quisesse. Podia provar que todos estavam errados.

Quando saiu do chuveiro, estava ofegante. Faria mesmo aquilo, e faria direito. Quando terminasse, seria uma pessoa renovada e incrível. Merecia tudo aquilo.

Minjeong se secou esfregando a toalha com força. Passou direto pela escova de dente e foi até o closet pegar o moletom que Jimin adorava.

Então voltou para a pia e enfim começou a escovar os dentes, vendo no espelho seus olhos faiscando de determinação. Seus cabelos estavam meio bagunçados, mas não pretendia arrumá-los. Não estava no clima. Outras garotas permitiam que seu estado de humor afetasse suas atitudes, alterasse sua rotina. Por que não ela?

Enquanto tomava seu café da manhã, Minjeong foi surpreendida por uma Ningning despreocupada entrando na cozinha.

— Estou surpresa por ver você em casa hoje — a chinesa se aproximou para roubar uma das torradas dela. — Ontem não foi o tal evento beneficente da sua mãe? Pensei que fosse ficar com a Jimin depois que saíssem de lá.

Minjeong deu de ombros, lutando contra suas emoções.

— Tive uma mudança de planos.

Ningning ficou em silêncio, encarando-a com um olhar atento.

— Então o que aconteceu?

Minjeong hesitou.

— Por que você acha que aconteceu alguma coisa?

Ningning deu-lhe um olhar desconfiado.

— Talvez porque eu conheça você bem o suficiente para saber quando tem algo errado. Então pode ir abrindo o jogo, MJ.

A ruiva passou os dedos do lado de fora do copo, não querendo encará-la enquanto tivessem aquela conversa.

— Jimin decidiu terminar logo depois da festa. Eu nem estava preparada; Eu acreditei que as coisas entre nós tivessem migrado para algo maior. Então ela insistiu que eu merecia alguém melhor e que não tivesse uma vida tão complicada quanto a dela.

— Como assim?

Minjeong balançou a cabeça. Ningning não tinha conhecimento de todas as questões pessoais pelas quais Jimin havia passado. Ela não podia mencionar isso.

Behind Your Touch - WinRina Onde histórias criam vida. Descubra agora