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Um zumbido persistente despertou Minjeong de mais um pensamento sobre Jimin. Durante os últimos dias, não conseguira parar de pensar nela.

No estúdio, tentava se concentrar nas telas de arte, mas os traços e as cores se transformavam em partes corporais que se harmonizavam de formas fascinantes. Ela fantasiava com as mãos, a boca, o sorriso, os olhos, as palavras, a risada — enfim, com a presença dela.

Quando dormia, era atormentada pelos sonhos, tão intensos que ela acordava no meio da madrugada.

O último momento que tiveram juntas a levara além dos limites. Quanto àquilo não havia dúvidas.

Minjeong estava oficialmente obcecada por Jimin.

E seus instintos imploravam para que abrisse o jogo e contasse a verdade.
Apesar de não saber a verdadeira extensão do problema, Jimin já conhecia algumas de suas dificuldades: hipersensibilidade a cheiros, ruídos e toques; obsessão pela faculdade; necessidade de estabelecer rotinas; a falta de traquejo social. O que não sabia era que havia rótulos para aquilo, diagnósticos médicos.

A compaixão era mesmo melhor que a raiva? No momento, a morena a considerava levemente excêntrica, mas ainda a via como uma pessoa normal. Com os devidos rótulos, poderia ser mais compreensiva, porém deixaria de vê-la como a universitária desajeitada que adorava seus beijos. Aos olhos de Jimin, seria apenas uma garota que sofria de autismo. Seria... menos.

Não lhe importava o que as outras pessoas pensavam.

Já da aceitação de Jimin, no entanto, sentia uma necessidade desesperadora. Ela tinha uma síndrome, mas a síndrome não era aquilo que a definia. Ela era Minjeong. Um indivíduo único.

Não havia como remediar a situação. Não havia como continuar com ela se fosse sincera. Essa percepção fazia seu coração se apertar e seu corpo pesar de tristeza.

O zumbido infernal continuava, distraindo-a. Ela tateou a mesa ao seu lado até encontrar o celular. Uma mensagem de Jimin era visível na tela.

"Você está em casa agora?"

Minjeong respirou fundo. Não tinham marcado nada para aquele dia, então ela se perguntava porque Jimin havia entrado em contato.

Seus polegares tremiam enquanto ela mandava uma reposta rápida.

"Estou sim. Porquê?"

O celular zumbiu mais uma vez com a chegada de outra mensagem.

"Planejei algo para nós hoje. Estou esperando você aqui fora."

Minjeong largou o celular e foi olhar a janela da sala. Uma silhueta familiar estava encostada num porsche do outro lado da rua. Ela se escondeu de imediato, morrendo de vergonha.

O celular zumbiu de novo, e ela o virou com a ponta do dedo trêmulo para poder ler.

"Vou ficar aqui até você resolver aparecer."

Minjeong passou as mãos pelos cabelos e tentou controlar a respiração.

Era melhor ver logo o que Jimin queria.

Ela tirou o avental, guardou seu material de pintura e fechou a porta do estúdio. Pegou as chaves, apagou a luz e saiu de casa.

Jimin se afastou do carro e enfiou as mãos nos bolsos, parecendo linda como sempre sob o brilho fraco do sol da tarde.

— Oi, MJ.

— Oi, Jimin. — Seu coração acelerou. Ela começou a batucar nas coxas, então notou que a morena estava olhando e cerrou os punhos. — Você disse que tinha planejado algo para nós hoje.

Behind Your Touch - WinRina Onde histórias criam vida. Descubra agora