𝐃𝐀𝐍𝐆𝐄𝐑𝐎𝐔𝐒𝐋𝐘, sam uley [ twilight saga ]

are we destined?

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MEU ESTÔMAGO PARECIA falar comigo, quase em tom ameaçador que se eu não comesse nada dentro de cinco minutos ele iria abandonar meu corpo e eu nem precisaria assinar sua carta de alforria.
No andar de baixo já não havia sequer um som que eu conseguisse ouvir aqui do quarto que transformei em minha fortaleza. Meu abrigo onde furacões e catástrofes naturais não me alcançariam.

Dizem que o simples bater das asas de uma borboleta pode gerar um furacão. Se isso for verdade e eu for a borboleta... então este lugar não é tão seguro quanto idealizei.

Não estou segura quando estou sozinha comigo.

Desci até a sala e de fato não tinha nada no cômodo que não fosse o melódico barulho dos passarinhos e o vento que jogava as folhas secas umas contra as outras.
Com tudo que aconteceu, isso incluindo o tempo que fiquei desnorteada, acabei por perder qualquer noção de tempo. Mas se não me mentem os olhos e eu estiver correta, deve ser quase outono e isso explica a chuva de tons alaranjados e verdes amarelos que despencam das gigantescas árvores e se amontoam sobre o solo marrom, criando assim aquele ar sombrio e frio de Forks.

A cesta de bolinhos foi meu primeiro alvo, repousando sobre a mesa antes que eu os atacasse com ferocidade.

O gosto doce penetrou minha língua e inundou minha boca de uma sensação inexplicável de euforia. Era pura eudaimonia!

— oh, Maya! — olhei rapidamente para a porta e ali vi Seth me encarando de boca cheia; segurando meio bolinho em uma das mãos, e na mão esquerda um outro bolinho que estava prestes a ser saboreado pela boca faminta. Esse é um daqueles momentos que você procura algum lugar para enfiar o rosto e morrer lá mesmo, qualquer buraco escuro, talvez uma vala! — eu vim ver se você precisava de alguma coisa, não queria interromper.

— você não está interrompendo Seth! — falei de boca cheia e deixei algumas migalhas caírem para fora. O que me tornei? Uma espécie de animal selvagem? Engoli o pedaço de bolinho que havia em minha boca e puxei o ar com força depois de pigarrear timidamente. — quer um bolinho?

— na verdade, eu queria perguntar algo. — Seth é alto e tem músculos fortes para um jovem de dezesseis anos. Apesar disso, sua personalidade me lembra de um filhote que ainda está muito curioso sobre o mundo a sua volta. — é verdade que você namorou com o Paul?
Se eu não tivesse engolido o bolinho, teria me engasgado nesse exato momento.

Falar sobre o Paul sempre foi um assunto doloroso para mim... mas isto já não me incomoda mais.

— aconteceu há uns anos atrás, eu sofri muito depois que ele me traiu com a minha melhor amiga. — inspirei fundo e dolorosamente, Rachel ainda é uma ferida. — ele mudou muito comigo e foi quando eu vi os dois juntos, senti como se meu coração tivesse sido despedaçado mas isso agora parece não mais doer.

— Rachel? O Paul teve um imprinting com ela.

Im... o que?

— ah! — coçou a nuca, com vergonha. — você está me olhando com uma cara engraçada, como se quisesse me perguntar algo. — desculpa Seth, mas precisarei de você para tirar essa curiosidade que tanto me sufoca.

— na verdade, eu quero sim. — soltei os doces de volta na cesta, menos aquele que já havia sido devorado pela metade... me apeguei demais pra soltá-lo e lamentaria eternamente se não o comesse por inteiro. — e-eu quero saber se era isto que Paul iria dizer antes do Sam o interromper.
Seth pensou uma, duas ou quinze vezes até abrir a boca em um grande e sorridente "ah!".

— você está falando de um imprinting?

Sinto que vou precisar sentar para ouvir o que Seth vai dizer a seguir.

— Paul estava prestes a dizer que Sam havia tido um imprinting comigo? — Seth balançou a cabeça como um cachorrinho faria: várias vezes e com um largo sorriso de quem acabou de receber um petisco. — não entendo, porquê ele o interromperia. Seth, o que é isso?

— um imprinting? — concordei. — é um lance de lobo, você sabe... quando nós encontramos aquele que está destinado a ser nosso. Quase como se as duas almas já estivessem laçadas desde sempre e apenas esperando o dia em que elas se encontrariam e finalmente seriam uma. — o jovem diz com um certo brilho nos olhos e me faz imaginar se ele já passou por tal fato, contenho a curiosidade de pergunta-lo e o deixo prosseguir com um suspiro. — a pessoa pela qual você teve um imprinting, você seria capaz de tudo para mantê-la segura e ser tudo que ela precisa; um amigo, um amante, um conselheiro. Jacob costuma dizer que é como se a gravidade não te mantivesse mais na terra pois ela o manteria.

Sam teve um imprinting comigo?

— então ele...

— o Sam não te contou? — o mais jovem parecia um tanto curioso e esperando de alguma maneira que eu respondesse. Porém eu também não saberia como o responder, eu não entendo por quais motivos Sam esconderia de mim que estávamos destinados desde o início.
A primeira vez que nos vimos no casamento de Bella e seus olhos não saíam dos meus, desde a primeira vez que nos vimos soube que algo havia mudado.

E ele escondeu isso de mim.

Me tratou com indiferença e sequer quis olhar em meus olhos, ou se o fazia não era por muito tempo, ele agiu quase como se quisesse... como se ele quisesse que esse imprinting jamais tivesse acontecido.
Eu estava correta no final das contas, ele me odeia tanto que negou este vínculo tão poderoso que nos une.

Atropelada por todas essas informações senti quando meu coração foi atingido por uma dor aguda que me deixou imóvel, sem ar e sem chão.
Todo esse tempo... esses sentimentos confusos que sentia por ele, tudo isso, é porquê eu sou dele!

E ele não me quer...

— Maya, você está bem? — Seth veio até mim com pressa e segurou em minhas mãos. — você está gelada, essa não!
Novamente tenho meu coração partido e os remendos que pensei terem finalmente unido os cacos não passaram de ilusões que criei na esperança de tornaram-se realidade.

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