it's hard to breathe

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     DEVERIA EU ESTAR acostumada com a sensação de me sentir tão minúscula e aérea perto do mais alto, mas é o completo oposto e me sinto apenas mais incomodada que o suficiente por ser algo fora do meu controle. Ficar perto dele me deixava perdida. Como um grão de poeira inerte flutuando pelo espaço sideral esperando qualquer cometa que me atingisse e me fizesse sair do lugar.

Eu estava vivendo em inércia.

Acolhida pela ideia de estar certa sobre uma vida completamente patética e monótona no Arizona.
Eu tive a ilusão de que passar o resto da minha vida em Jacksonville era tudo que o destino tinha guardado para mim... mas isso havia sido mudado do dia pra noite.

Sam era o cometa que se aproximava.

Sentada no carro, olhando para o vazio de minha mente não percebendo que mordia meus dedos. Questionando a mim mesma centenas de vezes se a escolha que tomei — ou pelo menos tentei me convencer que foi uma escolha minha — era a certa. Recusaria e negaria fechar meus olhos pois tudo que visualizava era uma errônea alucinação onde tudo correria bem e no fim das contas estou apenas sendo paranóica em imaginar que minha vida esteja acabada.

Eu deveria parar de ser tão pessimista!

Estou apenas indo morar com um lobisomem que conheci há três dias por causa de um vampiro maluco da cabeça que quer me matar e me transformar em sua parceira para toda a eternidade.

Isso pareceu soar bem menos problemático quando tive um vislumbre na minha cabeça.

Eu não consigo ser otimista! Eu estou literalmente ferrada!

Por que fechar meus olhos e me torturar com a ideia que tudo correria bem? Nada de bom poderia vir disso tudo que não fosse talvez uma morte lenta pelas mãos do caçador ou na melhor das hipóteses ele seria piedoso e eu teria uma morte rápida, sem sofrimento, mas quem me garantiria.

Minhas duas únicas opções são a morte.

Então com um estalo de vento percebo que entrei em choque. Por que esse carro parece tão pequeno de repente? Estou hiperventilando? Não estou conseguindo respirar!
Inquieta no banco do passageiro tento baixar os vidros mas os puxadores simplesmente escaparam pelos meus dedos suados e trêmulos.

— Maya? — ele me chama, com uma voz surpresa, mas não consigo olhar em seus olhos... sinto que posso desabar em lágrimas se o fizer. — o que foi?

— e-eu não sei, a-acho que e-estou tendo um ataque de pânico. — tentei continuar na minha missão de abrir as janelas mas parece que minhas mãos foram mergulhadas em óleo. — por que isso não quer abrir?! — Sam fez um movimento rápido com o volante para a direita e derrapou até o acostamento da rodovia, quando pisou no freio meu corpo foi impulsionado para frente.

— ei! — soltando-se de seu cinto e inclinando o corpo até minha direção, Sam segurou meu rosto entre suas mãos. Nossos olhos finalmente encontraram um ao outro e eu solucei surpresa. — shh... está tudo bem, Maya. Eu estou aqui!
Suas mãos grandes e quentes me prendendo onde estava e o calor que seu corpo emanava até mim eram como âncoras. Mesmo que ainda fosse difícil avisar para meu cérebro que eu precisava puxar e soltar o ar.

Estava hipnotizada por cada traço de sua feição.

Tive uma lembrança vivida, um flash de memória, de um livro que li há muitos anos atrás onde dizia existir uma maneira de parar um ataque de pânico. Prendendo a respiração.

— me beije! — implorei antes mesmo que me policiasse para não o dizer. Mas eu disse e agora me encontro em profundo arrependimento.
Sam vai achar que eu sou uma total lunática e então não poderei morar com... era tarde, seus lábios pressionaram os meus com força e necessidade.

De início suas mãos eram desajeitadas como se o mais alto estivesse com receio de me machucar, de fato senti dor em minha mandíbula como se nossos corpos lutassem um contra o outro buscando o controle que ele facilmente tomou de mim ao adentrar seus dedos em meu cabelo e sua mão acariciar minha bochecha.
Todo o ar que havia fugido retornava até mim como se Sam e eu estivéssemos dentro de uma mesma bolha, nada em volta era úmido ou frio... ele era como o sol.

Me trazendo luz, calor e um brilho cegante que me guiava em uma única direção.

Ele era minha direção.

Sam se afastou devagar, com suas mãos ainda segurando meu rosto.

— você está bem? — não havia palavras na minha língua ou sequer na minha mente que fossem capazes de formular uma frase inteira que tivesse o mínimo de sentido, mas seus olhos estavam ali esperando por um sinal meu, qualquer sinal.

Eu somente pude assentir com a cabeça.

— eu li que prender a respiração ajuda a controlar um ataque de pânico... obrigado, Sam. — o mesmo recuou de volta para seu banco, se tornando distante de mim. Mais uma vez ele está aqui, tão perto ao mesmo tempo tão longe ao toque de minhas mãos.

— acho que nós deveríamos continuar, não estamos longe da minha casa.

— tudo bem...

Nos tornamos estranhos.

Mais uma vez, estranhos.

. *     ✦ .  ⁺   .

Eu consegui fazer a única coisa que eu jamais deveria fazer... tornar o nosso período juntos constrangedor.

Durante todo o caminho pela estrada vazia, Sam não conseguiu — ou não teve a coragem necessária — para olhar na minha direção.
Talvez se existisse algum recorde de duas pessoas que ficaram mais tempo constrangidas dentro de um carro, nós dois estaríamos em primeiro lugar com toda a certeza. Sou um completo desastre, eu sou patética e implorei para o homem que me odeia para me dar um beijo... e o mesmo me beijou por pena!

Eu deveria pular desse carro em movimento e acabar com meu sofrimento.

Sim, eu devo!

Antes de sentir o impacto do meu corpo rolando para fora do carro e indo de encontro com o chão úmido, notei que havíamos parado de andar.
Sam estacionou na frente de uma casa escondida por entre um vasto mar de pinheiros e ciprestes que balançavam com a brisa e espalhavam um familiar cheiro... um cheiro de paz e calmaria.

Como se tivesse encontrado um lugar onde pertencer.

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𝐃𝐀𝐍𝐆𝐄𝐑𝐎𝐔𝐒𝐋𝐘, sam uley [ twilight saga ]Onde histórias criam vida. Descubra agora