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POR UM BREVE TEMPO, ou o que espero ter sido, eu tive constantes episódios de terror noturno onde era assombrada por um medo extremo ao imaginar que mais alguém pudesse me deixar — a psicologia chama isto de autofobia, o medo excessivo de ficar sozinho.
Isso aconteceu logo após minha mãe ir embora para o Arizona quando completei seis anos. Eu ainda era uma criança na época então foi uma completa e tão estranha confusão quando nossa rotina inteira foi subtraída para dois.
Os piqueniques em dias ensolarados de domingo onde meu pai dirigia até a praia de LaPush e passávamos quase todo a manhã sentados próximos das ondas com os pés molhados e dedos sendo pinicados pelas várias conchas de diferentes tamanhos e formatos. As tardes de brincadeiras na delegacia depois que meu pai me buscava na creche onde eu sentava no grande sofá de couro da sala do sherife e cabia ali com todos os meus desenhos de cachorros violetas, florestas cor-de-rosa e sóis azuis. Os banhos com bastante espuma, bolinhas de sabão e patinhos amarelos de borracha que eram minhas companhias nas mais incríveis viagens marítimas no mundo ao redor da banheira.
Minha mãe não estava mais ali.
Não haviam mais cafés da manhã barulhentos com seus ovos fritos passando do ponto enquanto ela tentava acalentar Bella que não parava de chorar, ela chorava junto. Não havia mais os dois discutindo escondidos pelos cantos da casa para que eu não os escutasse, nunca dava certo, eu ouvia tudo.
No fim, não havia mais felicidade ali que não duas pessoas amarguradas tentando criar duas filhas.
Então ela foi.
Charlie não pareceu entender o que acontecia a sua volta por um tempo. Não sabia cozinhar ou encontrar o caminho para sua cama no fim do dia. Passou as semanas seguintes comendo fast-food e dormindo no sofá da sala da sala com a TV ligada em algum canal de esportes do México em que eu não entendia sequer do que eles falavam.
Eu cuidaria de Charlie, mas quem cuidaria de mim?
Acabei por me tornar uma criança que estava mais preocupada em crescer do que ser uma criança e isto me tornou solitária, talvez eu sempre tenha sido mesmo sem querer.
Tudo melhorou quando conheci Rachel, eu fui feliz, eu fui criança por um tempo e não mais estava sozinha. Depois eu conheci Paul e foi quando voltei a ser triste e sozinha.Já estou cansada de guardar tantos sentimentos ruins dentro de mim, cansada de ser aquela garotinha que tinha medo de ser abandonada, cansada de sofrer com isto, e você caro leitor a quem conto minha história também deve estar.
Mas agora, neste exato momento, eu sinto que estou reconquistando toda a minha perdida felicidade, me sentindo como aquela garotinha que finalmente encontrou uma amiga para brincar de boneca e servir chá para bichos de pelúcia.
— e-eu. — solucei, sussurrei, gaguejei e tentei expulsar as palavras para fora do meu coração, sílabas tão difíceis como feridas que ainda cicatrizariam dentro de mim. — Rachel, eu...
— eu sei. — envolveu seus braços em mim e quando desajeitadamente retribui, bem, eu soube que ela de fato sabia.
Como sempre soube!— tenho tanta coisa para dizer que eu não saberia por começar que não, me desculpe. — Rachel não mudou nada depois de todos esses anos em que ficamos afastadas. Os longos e lisos cabelos de cor nebulosa, sempre com a aparência de terem acabado de tomar um banho de cachoeira. A impecável pele da indígena enfeitada por várias bijuterias que sacudiam e balançavam em tilintar quando Rachel movia seus braços para longe de mim.
Rachel olhou para mim e em seguida por cima do meu ombro, onde Sam estava à espera ao lado do carro.
— você não sabia, Maya, e eu não sabia como te explicar o que estava acontecendo. — mesmo de costas eu soube que Sam estava se aproximando de mim e tive certeza quando seu braço passou em volta de minha cintura. Senti um quente beijo sendo depositado do topo de minha cabeça. — então é verdade o que todos da tribo estão dizendo? — estava prestes a falar mas fui interrompida. — por que não entramos para continuar isto ao lado do aquecedor? Vai ser uma conversa longa, e uma conversa longa requer muito chocolate quente!
Rachel segurou minha mão e quase me tomou de Sam, entrelaçando nossos braços, eu fui guiada para dentro enquanto o maior vinha logo atrás.
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Sentados ao lado da lareira, Rachel tinhas seus olhos fixos nas chamas dançantes e famintas que devoravam a lenha para se manterem vivas. Ela contava para mim sobre o que eu ainda não sabia, removendo cada vez mais os meus pensamentos de mim.
— eu jamais gostei de Paul, nunca imaginei que algo assim fosse acontecer entre nós, não o via além do namorado da minha melhor amiga. — havia peso em sua voz. — quando ele veio até mim e me contou sobre o imprinting, não conseguia aceitar que isto significaria trair você e por dias eu lutei contra esse sentimento... mas você não pode fugir daquilo que seu coração anseia. — sentada ao lado de Sam, trocamos olhares brevemente e meus dedos timidamente entrelaçam nos seus. — Maya, não te contar foi a pior parte, eu queria te explicar mesmo que você não fosse entender sequer uma palavra. Eu sinto muito por não ter conseguido dizer a verdade.
— como você poderia? — o segredo não era dela para ser dito e me conhecendo tão bem eu tenho certeza que acreditaria que não passaria de invenção. — eu fiquei tão devastada quando tudo aconteceu que te culpei por minha infelicidade durante esses anos mas sua única culpa é de ter sido escolhida para ser amada. Rachel, não sei se um dia vou conseguir recuperar nossa amizade mas espero que você saiba que eu quero isso mais do que tudo.
Recomeçar do zero é ter a certeza de que as correntes que prendiam meus pés com tanta força aos dias ruins seriam quebradas.
— é tudo que mais quero. — seu sorriso entendia o meu e eu soube que nós ficaríamos bem. Olhei para o lado, como sempre eu o buscava, e os olhos noturnos eram apertados pelas bochechas em um meio sorriso indicando que Sam estava feliz com o que via, não contive um sorriso quando um outro beijo foi depositado no topo de minha cabeça. — vocês dois... formam um belo casal.
— não foi fácil chegar até este termo. — Sam proclamou sem quebrar o contato visual ao meu.
— mas agora que chegamos, eu não deixarei que acabe.
— bom, acho que esta é a minha deixa para ir buscar o chocolate quente... com licença!
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𝐃𝐀𝐍𝐆𝐄𝐑𝐎𝐔𝐒𝐋𝐘, sam uley [ twilight saga ]
Hayran Kurgu┌────────────── · · · · │ ❛ 𝕯𝖆𝖓𝖌𝖊𝖗𝖔𝖚𝖘𝖑𝖞 ❜ │ sam uley, myths and love vol. 1 └────────────────── -- ❝ eu te amei perigosamente mais do que o ar que respiro. ──────────────────────────── Prometendo a si mesma que não entregaria se...