Anya adormeceu quase instantaneamente no pequeno sofá nos fundos do Escritório de Auror de Harry. Harry ainda encarava a cena incrédulo, não acostumado a ver Draco Malfoy tão claramente preocupado com o bem-estar de alguém além de si mesmo. Mas Harry viu como Malfoy a segurava quando entrou no escritório, tão apertado que a menininha precisou reclamar. Ele ouviu como a voz de Malfoy tremia quando ele falava com ela, se desculpando e tentando fazer piadas, provavelmente para não preocupá-la.
Harry se lembrou da maneira como Malfoy tirou Anya de seus braços, apenas algumas horas atrás, tão desesperadamente, tão absurdamente preocupado, como se sua vida fosse acabar se algo acontecesse com ela, e Harry poderia se identificar. Se fosse Teddy quem tivesse se perdido no meio da Travessa do Tranco naquela tarde, Harry não tinha ideia de quão desesperado ele teria ficado.Harry encontrou Anya escondida em um canto, chorando baixinho e quase sem fazer barulho. Ela estava assustada, e a primeira coisa que disse ao reconhecê-lo foi que três garotos haviam roubado seu pingente e que ela precisava recuperá-lo. "É o Pingente do Dragão, Sr. Potter, aquele que o tio Draco fez para mim, aquele com o qual posso ligar para minha mãe." Ela havia dito. Ele fez o possível para acalmá-la e garantir que encontraria o pingente antes que ela concordasse em ir com ele.
Pensando nisso agora, Harry ainda não entendia muito bem como aquela menininha angustiada, preocupada demais com seu pingente, demonstrou um comportamento tão calmo depois, durante o duelo com os fugitivos. Ele teria esperado que ela ficasse ainda mais angustiada, sendo pega no meio de um confronto mágico tão pesado. Mas ela estava atenta e preparada, quase como se estivesse acostumada. Harry tirou esse pensamento da cabeça, porque ela tinha nove anos, e não havia como uma criança de nove anos estar acostumada a testemunhar duelos mágicos em becos escuros.
Isso trouxe de volta outros pensamentos. Isso trouxe de volta a visão de Malfoy resistindo a uma dúzia de atordoamentos dos Aurores sob seu comando, seu escudo não cedendo um único centímetro. Isso trouxe de volta a visão de Malfoy duelando tão ferozmente naquele mesmo beco, prendendo aqueles que escaparam do feitiço de amarração mal executado de Harry. Harry pensou que teria que voltar aos seus treinos diários de duelo se algum dia planejasse chegar a Auror Chefe. Depois havia as chamas verdes de Malfoy, controladas não com uma varinha, mas com as próprias mãos.
Harry balançou a cabeça, percebendo que havia Malfoy ali dentro. Ele tinha problemas sérios com os quais precisava lidar, e isso parecia, por alguma ironia do destino, envolver também Malfoy, a única pessoa que tinha noção do que aquela garota havia dito no Beco do Tranco. Então, Harry precisava restringir os muitos Malfoys em sua cabeça e manter apenas aquele que poderia ajudar neste caso.
Malfoy conjurou um travesseiro e um cobertor, envolvendo Anya neles e certificando-se de que ela estava confortável. Então ele lançou o Muffliato que ela havia pedido. Finalmente, ele se sentou na frente da mesa de Harry, e Harry deixou-se cair em sua cadeira mais uma vez.
— Então, como foi o interrogatório? — Malfoy perguntou.
— Não foi muito produtivo para ser honesto. — Harry disse, pegando do bolso alguns frascos de vidro, cheios de um líquido branco-azulado, e colocando-os sobre a mesa. — Analisamos algumas memórias da garota. O nome dela é Myla Foster. Mas é como ela disse: parece que ela não fez isso por vontade própria.
Os olhos de Malfoy baixaram, cheios de preocupação.
— E o que ela fez? — Ele perguntou.
— Ela roubou o item que procurávamos. — Harry explicou, deixando uma caixa na mesa para Malfoy inspecionar. — Acredito que não preciso dizer, mas não toque, está amaldiçoado.
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Draco Malfoy and The Aeternum Caput | Drarry
FanfictionHarry Potter estava tentando viver uma vida tranquila após a guerra, com seus amigos ao seu lado e um emprego gratificante. Ele estava convencido de que havia deixado para trás sua antiga obsessão por Draco Malfoy. No entanto, tudo mudou quando seu...