𝗌𝗈𝖼𝗂𝗈𝗉𝖺𝗍𝗁 › 𝗃𝖾𝗇𝗌𝗈𝗈

𝖢𝖺𝗉𝗂𝗍𝗎𝗅𝗈 𝖮𝗂𝗍𝗈 | 𝖥𝗅𝖺𝗌𝗁𝖻𝖺𝖼𝗄

Assustada, a garota levantou apressadamente da cama e se sentou, enquanto fitava por longos segundos a parede do quarto de sua chefe, franzindo o cenho em seguida. Ela não se lembrava de nada, nada mesmo. Nem um pequeno detalhe da noite de ontem foi buscado em sua mente, e talvez seria um processo difícil de conseguir por sua cabeça estar tão dolorida. Seu corpo todo doía e ela mal sentia as pernas, tentando entender o porquê de estar tão fraca e nem conseguir falar algo direito.

Em uma atitude brusca e nada previsível, a porta do quarto é aberta e uma figura feminina entra. Sua feição é seria, mas com seus movimentos, nota-se a aflição que está tendo naquele momento. Seus dedos passam pelos fios castanhos de seu cabelo, e os jogam para trás. Não demora muito para a audição da jovem capturar um som frustrado saindo dos lábios entreabertos e cobertos pelo batom vermelho. Logo, o par de olhos felinos se encontram com os confusos de Jisoo, assustando-a por sentir algo tão intenso tomar conta de sua barriga, como um calafrio ou arrepio forte.

⏤ Jennie... por que eu estou em seu quarto? ⏤ Ela indaga baixinho e olha ao redor, apenas para não manter contato visual com a empresária. Seus dedos percorrem pelo cobertor da cor bege e o afasta para longe de suas pernas, descobrindo a região e olhando para os pés, enquanto não consegue nem mesmo mexer o dedo menor. ⏤ Po-Por que eu não sinto as minhas pernas?

A morena suspirou alto e seus olhos escuros se desviaram. Uma feição de desdém tomou conta de seu rosto sério e ela deu alguns passos para frente, sentando na cama e tocando calmamente na perna da adolescente.

⏤ Não se preocupe, daqui a alguns minutos estará andando normalmente. ⏤ Um sorriso forçado cruzou seus lábios carnudos, o falso tom de empatia não fez nem questão de fingir bem.

Kim franziu o cenho e se encolheu minimamente, percebendo que, o que aquela mulher disse, era realmente verdade. Com a movimentação que ela teve pelo medo, os seus pés se mexeram ligeiramente e conseguiu sentir o toque de Ruby na região.

⏤ O que aconteceu ontem? Por que eu não me lembro de nada?

As orbes escuras de Jennie foram roladas para cima, demonstrando estar ficando estressada por cada pergunta “boba” que a outra faz. Ela força um outro sorriso e, carinhosamente, movimenta seu polegar na mesma parte onde ainda pousa sua canhota.

⏤ Logo estará se lembrando também. ⏤ Fria e curta, suas palavras mexeram com as emoções tão sensíveis daquela garota, que abaixou a cabeça e assentiu ligeiramente. Sua mente doía de tanto forçar para lembrar do que aconteceu na noite anterior. ⏤ Roseanne está vindo para cá. Pegue qualquer roupa em meu armário e tome um banho. Se precisar, cubra a marca na coxa com uma maquiagem ou calça.

Com seu tom autoritário e sua feição extremamente neutra, mas que traz superioridade, ela ordenou para aquela funcionária fazer exatamente tudo o que foi pedido. Ruby levantou da cama e caminhou até a porta do quarto. Mas antes de fecha-lá, olhou para a figura miúda encolhida e sorriu fracamente.

⏤ Sua mãe não está mais preocupada. E depois eu te explico o que fazer quando Rosé estiver aqui.

Quando Jisoo concordou com a cabeça e insinuou que estava de acordo com suas palavras, ela apenas saiu dali. A jovem fez de tudo para se sentar na beirada da cama, e pousou suas mãos sobre o acolchoado confortável, se impulsionando cuidadosamente para frente e se esforçando para permanecer de pé. Enquanto isso, seus dedos ficavam brancos pela força que ela usou ao se apoiar em um criado mudo próximo, e somente quando sentiu que tinha certeza e forças o suficiente, moveu suas pernas e permitiu que cada uma se acostumasse, novamente, com o seu peso.

⏤ Por que será que Rosé está vindo para cá? ⏤ A de fios negros mordeu levemente o seu lábio inferior e caminhou em direção ao closet da mais velha. Seus olhos claros percorreram pelas diversas roupas caras de extremo valor, e procurou por uma gaveta onde há trajes mais simples e para ficar em casa: Uma calça moletom não muito larga e uma blusa justa foi o suficiente, afinal, era para aparentar que a história de Jennie estivesse correta.

Vagarosamente, ela andou com cuidado até o banheiro da empresária e adentrou no enorme cômodo, suspirando por não estar tão acostumada com o tamanho daquela casa.

⏤ Quando será que tudo irá acabar? Eu apenas quero ir embora daqui.

Uma dor aguda domina sua cabeça e as mãos, em um ato impulsivo, pressionam suas têmporas, enquanto um gemido baixo escapa dos lábios cortados. Logo, o flashback do dia anterior volta à tona.

E após aquela frase, ela finalmente lembrou de tudo.