03》🇰🇷 ▪︎ 🇰🇵

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Tranco meu apartamento com pressa checando se havia pego tudo e entro no elevador apertando o botão do térreo. Saio andando rapidamente e entro no meu carro jogando minha bolsa no banco ao lado, espero que não tenha trânsito.

Dirijo o mais rápido que posso sem correr o risco de ser multada chegando em aproximadamente quinze minutos na empresa, pego minha bolsa e meu crachá que estava no porta luvas e saio trancando o carro. Entro no grande prédio lançando vários 'bom dia' pra quem quer que estivesse por perto.

Passando pela catraca pego mais um elevador clicando no décimo andar, não conseguia controlar minha perna que se mexia muito por conta do nervosismo. Pelos céus, será que essa coisa não consegue ser mais rápida?

Quando enfim chego no andar correto caminho até a sala de conferências e a abro notando o ambiente escuro. Franzo o cenho com o cômodo desse jeito quando na verdade, deveria estar um caos. 

Sinto uma mão em meu ombro e seguro o braço da pessoa, jogando-a para o chão e imobilizando o desconhecido. Nessa mesma fração de segundos a luz é acesa e me assusto com vozes gritando "Surpres…", mas o som vai se perdendo no final ao ver o que tinha acontecido.

— Yoomi! - meu chefe diz afobado e fico confusa, olhando para baixo.

— Minho! - me levanto largando o homem que eu havia imobilizado e ajudo-o a se levantar. — Me desculpa! O que tá acontecendo aqui?!

— Era pra ser uma festa surpresa. - senhor Hong me encara ainda perplexo. — Pelos seus vinte e quatro anos.

— O senhor disse que os norte coreanos tinham acessado nosso sistema!

— Como é? - Minho, meu colega de trabalho se recupera depois do susto. — Chefe, isso não se faz.

— Achei que seria engraçado, uma boa desculpa. - ele sorri desleixado. Não importa quanto tempo passe, meu chefe sempre será uma criança. — Vamos esquecer isso tudo e comemorar! Olha, Yoomi, o sargento Changbin também veio.

Suspiro e por fim vejo a sala toda decorada com balões e confetes no chão, caminho na direção do meu antigo treinador e sorrio.

— É bom te ver depois de meses, como foi no Vietnã?

— Uma loucura. - ele ri. — Vejo que continua muito boa na luta corpo a corpo. ‐ se refere ao que acabou de acontecer e solto um riso sem graça.

— Tive o melhor treinador.

— Yáh, Minho! Coloque uma música animada! - senhor Hong diz animado.

Todo o nervosismo que estava antes desaparece ao saber que nosso sistema estava intacto, as pessoas vinham me cumprimentar pelo meu aniversário que eu sequer lembrava que era hoje. Desde que entrei na Inteligência Nacional nunca me aproximei tanto de alguém, meu ciclo de "amizades" incluía meu chefe, Minho que também mexe com tecnologia e Changbin, que me ajudava a treinar antes e agora tinha sido promovido a sargento.

Eu mudei muito desde meu tempo do ensino médio, agora tinha uma vida boa e um bom trabalho; nunca mais havia visto meu pai que ainda permanecia na prisão e que provavelmente não sairá tão cedo.

Mas ainda não tenho um país a servir apesar de trabalhar em prol da Coreia do Sul, não tenho uma única pessoa que eu daria minha vida por ela, mesmo que me sentisse próxima de Minho, Changbin e senhor Hong.

Me pergunto se algum dia vou conseguir devotar meu coração para esse povo e esse país, se algum dia terei alguém mais importante que minha própria vida.

Algo dentro de mim ainda estava vazio.

Saio de meus pensamentos ouvindo meu chefe chamando a atenção de todos.

— Todos aqui conhecem a Yoomi desde os dezessete anos dela - balanço a cabeça ao notar que ele faria mais um de seus discursos bregas. — e sabem que ela era uma garota atrevida e mal educada. - todos riem ao ouvi-lo e eu reviro os olhos, tentando segurar a risada. — Em toda a minha vida eu nunca tinha visto uma criança tão inteligente e atrevida, sei como sua vida foi difícil, você ergueu vários muros ao seu redor para afastar tudo e todos… Me sinto mal por não ter chego antes até você, mas também me sinto grato por você ter vindo até nós.

— Eu sou grata a todos vocês por terem me recebido aqui. 

Respondo sorrindo de lado, ser o centro das atenções como era nesse momento nunca foi meu forte, palavras bonitas também não. Meu chefe sempre foi assim, coração mole pra alguém que deveria ser rígido com seus funcionários; eu nunca consegui sentir muita compaixão pelos outros, trato todos bem, porém não ao ponto de me considerar tão próxima a eles.

Talvez eu tenha traumas… medo de perder mais alguém que amo como perdi minha mãe, medo de ser maltratada ou violentada como era em casa ou na escola. Uma criança que cresce em ambientes assim não tem a inocência ao acreditar que vivemos num mundo cor de rosa, desde muito cedo aprendi a duvidar de tudo e de todos.

Felizmente eu mudei depois de ter entrado aqui, tenho certeza que meu futuro teria sido turbulento se tivesse continuado daquele jeito.

— Escutou, Yoomi?! - encaro confusa Minho que me puxava para fora da sala de conferências. — Por que ficou parada?!

— O que aconteceu? - pergunto sendo quase arrastada por ele.

— Sabe que tudo o que nosso chefe diz se concretiza, né? - entramos na nossa sala. — Os norte coreanos tão tentando acessar nosso sistema e dessa vez é verdade!

— Por que só me disse agora?!

Me solto dele me sentando em frente ao meu computador e Minho vai para o outro. Começo a abrir os programas tentando proteger a maioria dos códigos, peço desesperadamente para o outro olhar a subpasta em que se encontrava documentos importantes e parto para a pasta principal que continha informações de segredos do estado.

— Eles não cansam nunca? - questiono a mim mesma com raiva, já tentaram acessar diversas vezes nossos computadores.

— Maldição! - escuto Minho do outro lado. — Preciso de ajuda, cadê o resto do pessoal?

— Sabe que eles cuidam das partes mais fáceis de acessar, não vão conseguir vir rápido. - termino de digitar alguns códigos e empurro minha cadeira de rodinhas até chegar ao lado dele, teclando o mais rápido possível. — Consegui impedir os primeiros acessos, agora é só usar nosso programa de defesa.

— Valeu!

Foi menos de cinco minutos, mas poderiam nos custar uma enorme dor de cabeça; não quero nem imaginar como seria se eles realmente entrassem em nossa rede. Solto um suspiro de alívio ao bloquear a última tentativa de acesso e me escoro no encosto da cadeira, quase sem conseguir respirar.

— Por acaso eles tem uma cópia sua lá? - viro meu rosto para olhá-lo melhor. — Essa pessoa só pode ser impedida por você, parece ser uma guerra de Yoomi sul coreana contra Yoomi norte coreana. - rio baixo.

— Ótimo trabalho, Minho. - fazemos um high five, parecia que tinhamos corrido uma maratona de tão sem fôlego que ficamos. — Até quando teremos que fazer coisas assim? Nós sabemos que são eles que tentam nos hackear, mas nunca deixam vestígios para comprovar.

— E mesmo se deixassem, eles tão pouco se ferrando se forem descobertos.

— Até quando conseguirem o que tanto querem: uma segunda guerra entre as Coreias.

— Por favor, que não aconteça em minha geração. - o outro brinca.

A porta se abre e nos levantamos ao ver que era nosso chefe, ele nos encara com um semblante fechado, nunca o tinha visto assim.

— Bom trabalho, Yoomi e Minho. - nós dois nos curvamos sem saber o que dizer, por mais que tivéssemos esses problemas muitas vezes, senhor Hong nunca aparecia desse jeito. — Yoomi, venha para minha sala, temos algo urgente pra conversar.

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❤ Até o próximo capítulo ❤

Between Red and Blue | Hwang Hyunjin |Onde histórias criam vida. Descubra agora