16》🇰🇷 ▪︎ 🇰🇵

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Junto os restos que sobrou do meu projeto e os guardo na mochila, foi horrível descer tantas escadas com o pé desse jeito, mas não tinha outra opção. Limpo meu rosto que ainda estava molhado por conta das lágrimas e respiro fundo, me levantando e colocando a mochila nas costas. O ponto de ônibus fica quase em frente a escola, porém, com esse machucado será muito mais demorado chegar lá.

Reúno o pouco de coragem que ainda tenho e vou andando lentamente sentindo dor a cada passo, eu mancava e uma careta se formava a cada dor que tinha… ir ao médico estava fora de questão, não temos dinheiro para pagar a consulta. Quando por fim chego no ponto e pego o ônibus, consigo sentar e isso alivia a pressão que estava tendo no meu pé. 

Penso diversas vezes se devo ir direto para casa ou parar em outro lugar, mas do jeito que eu estava, o melhor a se fazer era voltar mesmo. Cada vez que se aproximava do meu ponto de descer, mais eu queria que estivesse longe o suficiente para que não precisasse dar satisfações a ninguém. Não que minha mãe mereça isso, ela é a única que se importa comigo… Encosto a cabeça na janela enquanto passávamos pelo lugar mais alto, o mar aparecia de longe me deixando tranquila, mesmo que apenas por alguns minutos. 

Não existe um lugar de paz em meio ao inferno.

Finalmente chego em casa e abro a porta com cuidado para não fazer barulho, da entrada eu já via meu pai dormindo no sofá velho da sala. Entro na pequena cozinha que fica no mesmo cômodo da sala e pego uma caixa de primeiros socorros, tirando de dentro um adesivo para a dor, é a única coisa que poderia me ajudar agora.

Entro em meu quarto e tiro as pantufas e as meias, colocando o adesivo na parte dolorida que já ganhava uma coloração roxa. Jogo minha mochila no canto e me deito no colchão fino que fica diretamente no chão, tentando relaxar ao menos por poucos minutos. Fecho os olhos que ardiam depois de tanto chorar e sem nem perceber, acabo dormindo pesadamente.

[...]

Me remexo ao escutar alguém me chamar baixinho, franzo o cenho com a claridade do abajur e me sento na cama rapidamente ao notar que era minha mãe. Sorrio com sua chegada, ela trabalha tanto que é difícil estarmos em casa ao mesmo tempo.

— Mãe! - exclamo baixo esticando os braços e ela se senta na minha frente, me dando um abraço. — Achei que ia demorar!

— Como poderia demorar no aniversário da minha Yoo Yoo?

O apelido que tanto odeio na escola é sempre usado pela mulher que o deu a mim, mas vindo dela era diferente, o tom doce junto com o carinho em meu cabelo me deixava feliz e é sempre no meio desse abraço que eu me sinto amada.

— Como foi na aula hoje? - sorrio fechado ao me afastar, forçando uma boa expressão.

— Foi ótimo, o professor me elogiou de novo. 

Minto como sempre fiz, minhas notas caíram muito desde que o bullying começou, mas como ela trabalha muito acaba sendo meu pai que vai às reuniões escolares. Depois de beber três garrafas de soju e me bater, ele esquece das notas e ela acaba nem sabendo.

— Aigoo, como posso ter uma filha tão inteligente e bonita?

Sorrio com o elogio apesar de saber que não sou nada disso, era bom ouvir coisas bonitas pelo menos de uma única pessoa.

— E como está aquele seu robô humanóide que estava construindo? Disse que estava pra acabar finalmente. 

Meu sorriso vacila mas logo me recomponho, explicando que deu alguns problemas e demoraria mais tempo que o planejado para terminar. Ficamos juntas conversando por mais algum tempo, todo o momento que eu passava com ela era bom.

Between Red and Blue | Hwang Hyunjin |Onde histórias criam vida. Descubra agora