O final de verão estava chegando e a época em que as mulheres se reuniam para fazer kimchi tinha começado, apesar de nunca ter feito algo assim, resolvi ajudar para minha mente e meu corpo ficarem ocupados.
Era difícil dia após dia sem Hyunjin e Ye Sol, não tinha tido notícias deles já que não era fácil receber mensagens nem por meu computador e muito menos por algum outro espião. Contei aos meus vizinhos que Hyunjin tinha ido à trabalho para a Rússia, e menti para Do Yoo Jung que Ye Sol havia voltado para sua família.
— Bom dia, camaradas! - vejo Jeongin chegando e nós o cumprimentamos, coloco a luva de borracha e passo a pasta de pimenta no kimchi. — Ocês num tão animado?
— Animados por quê? - a senhora Park pergunta e eu rio ao ver a cara de espanto do outro. — Vem ajudar, isso aqui não vai ficar pronto sozinho!
Ele sorri desleixado e se senta no chão, colocando também luvas e tirando as acelgas da água salgada.
— As casa nova da vila tão pronta! - paro de mexer na comida o olhando atentamente, finalmente a obra estava terminada? Eu poderia sair desse país? — A gente é convidado pra uma festa! E sabe o que é mió?! - Park o encara atentamente muito ansiosa, o homem sorria de orelha a orelha dizendo: — Vamo tê muita comida boa da capital!
Enquanto os dois comemoravam a grande notícia eu só podia pensar no que faria a seguir. Durante esses meses sozinha tudo o que fiz foi ter ficado de olho na casa de Do Kyung Soo, mas não tinha visto nada de suspeito e por mais que a ideia de sair da Coreia do Norte me dê esperanças, não sabia o que faria sem Hyunjin aqui.
Nós pensamos em invadir a casa juntos, porém agora parecia arriscado demais comigo sozinha. Mesmo assim, é minha única chance de poder encontrar aquele pen drive ou qualquer outra pista que tiver.
— Bom dia, camaradas! - Yoo Jung chega sorridente, mas logo noto a mancha roxa em seu braço direito e aperto a acelga com força. Aquele idiota não vai parar de machucá-la nunca?! — Desculpem a demora, meu marido precisava da minha ajuda.
— Ocê chegô em boa hora, camarada. - Jeongin responde a chamando para sentar ao nosso lado. — Que dia disse que vai ser a festa?
— Semana que vem, das dezoito até às vinte horas. - ela responde.
Como eu imaginava, era pouco tempo apenas para dizer que chamaram as pessoas daqui. Não sei nem se dá para chamar isso de festa.
— E seu marido vai? - a pergunta da senhora Park me faz voltar a prestar atenção na conversa.
— Não, ele tem outras coisas pra resolver. - Jung diz sorrindo fechado. — Vamos todos juntos?
— Desculpa, mas não vou poder ir. - falo vendo as expressões negativas deles, mas o que poderia fazer? Perderia tempo saindo do lugar para chegar até a casa de novo. — Tô com uns problemas pra resolver da empresa.
— Mas vai levar tanto tempo assim? - Jung suspira e eu assinto. — Tudo bem então, podemos ir juntos. - se refere aos outros dois e apenas volto a temperar o kimchi.
[...]
Me escondo atrás da parede quando Do Kyung Soo me nota olhando sua casa pela minha janela, nas últimas semanas ele parecia estar bem mais cauteloso do que já costumava ser e não escondia como tinha um pé atrás com sul coreanos. Finalmente havia chegado o dia da festa de inauguração das casas e eu havia arrumado uma mochila com minhas coisas mais importantes nela caso conseguisse realmente achar o pen drive e fugir. Não era certeza encontrar algo na casa dele, mas não poderia correr o risco de não estar pronta para caso isso desse certo.
Olho novamente pela janela me certificando de não aparecer. Do Kyung Soo agora já estava saindo andando pela rua, deixando seu jipe estacionado no mesmo lugar de sempre; um pouco mais tarde vejo sua mulher saindo junto da senhora Park e Jeongin, indo rumo a festa.
Espero mais dez minutos apenas por precaução e coloco a mochila nas costas, a única arma que ficava guardada agora estava na minha cintura. A pistola tinha silenciador, mas no silêncio em que não havia nenhum morador por aqui, poderia ainda ser ouvida.
Abro a porta de casa olhando tudo por aqui já que poderia ser minha última vez nesse lugar, sorrio ao lembrar dos momentos bons e me despeço mentalmente, fechando-a em seguida.
A porta dos fundos da casa de Do Kyung Soo ficava apenas encostada, segundo a própria Yoo Jung. Corro atravessando a rua de terra e me esgueiro pelo pequeno muro de pedras que era bem fácil de passar. Adentro o primeiro cômodo que era a cozinha e coloco a mochila no chão, começando a vasculhar tudo com cuidado para não bagunçar. Não quero que ninguém perceba que alguém entrou aqui.
Procuro também em madeiras soltas ou por trás de estandes — entre várias outras formas que pensei ter algo escondido — foi estendido por mais tempo do que eu gostaria. Mas também, não sabia se o objeto estaria aqui. Logo os outros cômodos são vasculhados por mim e ao chegar no quarto do casal penso em desistir, parece não haver nada aqui.
Chacoalho a cabeça e olho em meu relógio de pulso, já havia se passado um pouco mais de uma hora desde que cheguei. Teria que apressar ainda mais as coisas, então volto a procurar outra vez tentando prestar atenção nos locais menores que não davam para ver facilmente.
Certo, o desespero já tomava conta de mim e podia sentir meu coração pulsando loucamente pela adrenalina e o medo de ser pega em flagrante, com certeza seria mandada para ser morta no mesmo minuto. Alongo meu corpo e suspiro pesadamente, acho que é hora de voltar para casa. Infelizmente não para a casa que eu gostaria de voltar.
Dou uma última olhada por cima e abro a porta do quarto, paralisando ao ver Do Kyung Soo com os braços cruzados, me encarando com um semblante que me fez tremer de medo. Rapidamente pego minha arma da cintura e aponto para o homem, que ri soprado e diz:
— Eu sabia que não dava pra confiar em vocês, sul coreanos imundos.
— Coloca as mãos pro alto agora. - mando mirando em sua cabeça, mas ele não se move. — Quer morrer aqui e agora?!
— Eu que te pergunto isso… quer morrer, Yoomi?
Engulo seco ao sentir o cano de uma arma encostada em minha cabeça e ergo os braços me rendendo, tinha outra pessoa atrás de mim. Kyung Soo ri alto se aproximando de mim, ele pega minha arma e a joga no chão, caindo perto da porta dos fundos.
— Então você é uma espiã de merda, é? Sabe o que eu gosto de fazer com gente do seu tipo? - o homem lambe os lábios e aponta a arma para mim, fingindo atirar. — Gosto de começar arrancando as unhas, uma por uma, bem lentamente… também me divirto arrancando alguns dentes… qual você quer primeiro, Yoomi?
— Prefiro passar. - falo de cara fechada e ele gargalha.
Ele caminha lentamente até a outra pessoa que ainda tinha a pistola em minha cabeça, não me movo nem por um milímetro, nesse momento precisava saber como sair dessa situação. Se é que isso é possível.
— Sabe, eu ainda não notifiquei as autoridades sobre você, então talvez possa fazer eu mesmo seu interrogatório. Vai achar legal, sempre cuidei dos sul coreanos no campo de concentração desde que era um novato.
— Me poupe das suas monstruosidades. - falo rispidamente.
— Parece que nossa amiga não tá gostando muito da nossa conversa.
Kyung Soo me encara friamente e se volta a outra pessoa, falando:
— Pode atirar agora, Jeongin.
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❤️ Até o próximo capítulo ❤️
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Between Red and Blue | Hwang Hyunjin |
FanfictionSer mandada para o pior inimigo de sua nação estava longe de ser o que Lee Yoomi queria. A melhor hacker da Inteligência sul coreana se vê diante de uma missão ultra secreta que a levaria para o lado oposto da onde ela nasceu. A missão designada a Y...