37》🇰🇷 ▪︎ 🇰🇵

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Cha Yeongi e Baek Nara me encaravam de cima a baixo, como se estivessem me analisando e julgando cada pequeno detalhe de meu corpo e minhas roupas. Engulo seco ignorando a sensação ruim que se passa pelo meu estômago e apenas viro novamente para Soobin, ignorando-as.

— Vai fingir não ter visto a gente? - um riso soprado escapa dos lábios de Nara, que segura meu ombro com força, me virando para elas. — Nossa querida Yoomi finalmente cresceu?

— Acho que ela não lembra dos velhos tempos, Nara. - Yeongi cruza os braços. — O que foi? Conseguiu parar de ser covarde depois de ter ido pra Seul?

Respiro pesadamente tentando não extravasar o mau humor ao vê-las, percebo Soobin pronto para dizer algo, mas ergo minha mão indicando para não fazer nada. Seguro fortemente seu pulso, fazendo-a soltar meu ombro finalmente, uma expressão de dor aparece em seu rosto e empurro bruscamente seu braço.

— Não tenho nada pra conversar com vocês, já passou do tempo de agirem como valentonas idiotas, não acham?

Pareço ter atingido elas de um jeito que ninguém tinha feito antes, e por mais que não tenha sido um xingamento em si, as duas não gostaram nenhum pouco do que ouviram.

— Vocês realmente não têm vergonha de ainda serem assim nessa idade? - Soobin por fim fala e Baek Nara revira os olhos.

— Não se intrometa, gordo inútil. - ela retruca e eu cerro os dentes, o ódio se intensificando ao ouvir isso. — Vocês continuam não sendo ninguém, me arrependo de não ter te feito lamber o chão que eu andei, Soobin.

— Cala a merda da sua boca. - murmuro com raiva.

— Como é? - Yeongi dá alguns passos, vindo lentamente mais próxima de mim, os rostos quase grudados. — Repita se tiver coragem, sua vaca.

— Acha que tenho medo de vocês? - respondo baixo e rio, a fitando intensamente. — Vocês realmente não sabem o que eu faço, né?

— Como se isso importasse. - Nara responde atrás da outra. — Por que não a relembra dos velhos tempos, Yeongi? Acho que ficaria bem uma marca de dedos no rosto dessa cachorra.

A amiga ri concordando com a ideia, novamente Soobin vem para se colocar entre nós, mas o paro deixando-o atrás de mim.

— Experimenta colocar um dedo em mim. - sussurro medonhamente em seu ouvido. — Sabe o que eu faço da vida depois que sai daqui, Yeongi? Trabalho pro NIS, isso mesmo, a inteligência da Coreia… e sabe com quem trabalhamos lá? Políticos, soldados do exército e policiais. Agora me responda, acha que seria difícil te mandar pra uma cela nojenta? Eu tenho testemunhas, tenho provas do bullying que fizeram e tenho pessoas tão importantes ao meu lado que você sequer seria capaz de conhecê-las. - seguro levemente seu ombro e afasto meu rosto um pouco, a encarando. Seus olhos brilhando de raiva. — Gostaria de conhecer uma prisão? Eu posso te mandar pra pior do país sem problema algum.

Não desvio meu olhar do seu, não vacilaria mais com isso. Um único hesitar a faria achar que ainda tinha algum poder sobre mim, ela sempre soube o que fazer para me deixar perdida e sem rumo.

— Vamos, Nara. - Yeongi a chama, deixando a outra boquiaberta. — É perda de tempo falar com essa aí.

— Yeongi! - Nara fala com raiva, enquanto sua amiga saia de perto da gente. — Isso não vai ficar assim. - ela também se afasta, me fazendo rir soprado.

— Não sei o que falou pra ela - Soobin se vira para mim. —, mas pelo olhar dela digo que não voltará aqui.

— E se voltar eu dou um jeito dela se arrepender.

[...]

Encontrei outros membros do clube de robótica e conversamos por mais um tempo, era incrível ver como a vida de todos mudou e pensar que éramos apenas os nerds rejeitados por toda a escola. O assunto bullying apareceu de repente em um dos nossos assuntos e pela primeira vez soube que eu não era a única a sofrer disso, por algum motivo estranho ser inteligente e ser considerados "diferentes" era motivo suficiente para fazer o inferno em nossas vidas.

Fico feliz por ver que alguns já estão casados e formaram famílias, com empregos estáveis e felizes com sua vida atual.

Me despeço de todos e saio da escola, que bom que Yurim me fez mudar de ideia e vir aqui, foi importante para mim ver pessoas que não faziam parte da minha vida pessoal, mas que passavam pelo mesmo que eu passei. É como descobrir que eu não estava sozinha todo esse tempo; não que seja bom eles terem sofrido também, mas todos nós tivemos esse momento reconfortante uns com os outros. Poderia ter sido diferente se tivéssemos nos ajudado antigamente sendo amigos.

Sorrio vendo Hyunjin encostado no carro alugado, ao me ver ele também sorri e se aproxima de mim me abraçando carinhosamente.

— Como foi sua reunião?

— Bem melhor do que o esperado. - respondo apertando-o contra mim, seu cheiro bom me acalmava sempre. — Reencontrei algumas pessoas e conversamos bastante.

— Fico feliz que tenha dado tudo certo.

Ele segura minha mão me levando até o carro, abrindo a porta para que eu entrasse. Coloco o cinto vendo-o passar pelo outro lado, estando no banco do motorista rapidamente.

— Como foi o passeio? - pergunto baixo vendo Ye Sol dormindo no banco de trás, as roupas sujas e o cabelo desgrenhado me fizeram rir. — Acho que trouxe a criança errada, não me lembro de ter deixado-a assim quando saíram. - brinco sobre o estado bagunçado dela.

— Você perdeu, brincamos a tarde toda. - o homem se gaba enquanto liga o veículo e começa a dirigir. — Fomos num parquinho, na sorveteria e num café de gatos.

— Levou ela suja num café de gatos? - ergo as sobrancelhas. — Sem tomar um banho antes?

— Bom, foi meio que isso mesmo. Estávamos animados e o café de gatos não tava nos nossos planos, mas quando a gente viu, tivemos que entrar.

— Aigoo, o dia deve ter sido bem divertido mesmo. - sorrio encostando minha cabeça no banco, o encarando de lado. — Pena que vamos embora daqui uns dias.

— Pois é, voltar a vida normal… que chato. Viver num quartel general com um monte de homens não é nada legal. - ele torce o nariz, me fazendo rir soprado. — E você ri né.

— Eu te entendo, tenente. - solto um suspiro dramático. — Também trabalho só com homens, é bem difícil conviver com eles tanto tempo.

— Yáh - paramos no sinal vermelho e ele me encara. —, cadê a inclusão das mulheres no setor da tecnologia?! Por que só tem você de mulher lá?

— Desde quando tem esse tipo de pensamento?

— Desde que eu soube que você só trabalha com homens.

— Você não presta. - rio junto dele. — O sinal tá verde. - aviso ao ouvir algumas buzinas e o carro volta a andar.

— O que quer fazer nesses últimos dias aqui?

— Não sei…

— Aigoo, nem parece que já morou aqui.

— Ah, tem uma coisa que eu quero fazer. - digo após pensar um pouco.

— É só dizer que a gente vai.

— Quero visitar minha mãe.

— Legal, ela mora longe daqui? - Hyunjin batuca o volante e eu sorrio de lado.

— Um pouco, numa colina.

— Ela é tipo uma fazendeira?

Rio de seu comentário inocente, o fazendo olhar para mim rapidamente.

— Tô muito errado?

— Só um pouco… - ele segura minha mão. — Tudo bem se eu dormir um pouco?

— Claro, te acordo quando chegarmos.

— Obrigada.

Bocejo preguiçosamente me ajeitando melhor e adormeço ao escutá-lo cantarolar baixinho uma música desconhecida por mim.

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❤️ Até o próximo capítulo ❤️

Between Red and Blue | Hwang Hyunjin |Onde histórias criam vida. Descubra agora