Capítulo 28 - Ellie

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Dois anos depois

– Socorro. – gritei com todas as minhas forças.

– O que aconteceu? – papai apareceu com uma adaga na mão.

– Ra… – subi na minha rede e apontei para o chão – Rato.

Apontei por um rato andando rapidamente debaixo do armário de roupa.

– Calma, papai vai pegar. – largou a adaga e abaixou para pegar o rato – É um camundongo.

– É rato, tire ele daqui.

– Tudo bem. – olhou nos olhos do rato e soltou alívio – Sem olhos pretos.

Fui em uma das janelas e o soltou.

– Não, vai que ele volte.

– Com esse grito, ele com certeza não vai voltar. – disse Jurandir.

Me colocou no chão e acariciou meus cabelos.

– Agora se arrume pra sua aula. – papai beijou minha testa e falou por Jurandir – Vamos, é hora da patrulha.

Os dois saíram e fui arrumando meus cabelos.

– Quer ajudar? – perguntou Sofia.

Assenti e dei minha escova pra ela. Fiquei parada enquanto estava escovando meu cabelo de um jeito gentil.

Desde que Sofia vive morando conosco, estou gostando dela como se fosse minha irmã. Não é como Liadan, mas ela sempre gostar de ajudar e me faz companhia.

– Cadê a mamãe? – perguntei.

– Está ajudando as mulheres a preparar o almoço. – amarrou meu cabelo com uma fita vermelha, e olhou no rosto – O que foi?

– Sinto saudade da Liadan.

– Ellie, com certeza ela está bem e voltará em breve. – terminou o laço e perguntou – Dona Alice está me ensinando a fazer cookies, depois da aula quer experimentar?

– Sim.

– Que bom, vamos. – pegou minha mão e saímos da cabana.

Sinto até saudade do César, ele me levava para a aula. Esse ano ele está na Índia para seu treinamento e voltará só ano que vem.

Sofia me deixou na cabana onde crianças são ensinadas a ler e escrever, e pior que sou a única criança mais velha que ainda não teve alma animal manifestada. Mas no fundo ainda estou aliviada porque a minha alma animal ainda não se manifestou. Tenho medo de qual será minha alma animal, se será leoa como Sofia ou tigresa como Liadan.

– Professora Indira. – gritou uma das crianças – Clay está me assustando.

– Só falei pra parar de me encarar. – resmungou Clay.

Irmão mais novo da Sasha e filho da babá Jasiri. Mesmo sendo Humanimal Morcego e aprendiz, ele fica nas aulas quando não tem treinamento. Tem que ensinar com as crianças porque ele briga com os adolescentes.

– Por favor, nada de brigas. – disse Indira, bem séria.

Fui escrevendo o que a professora estava passando no quadro. E espiei vendo Clay mordendo um dos lápis e olhando em uma das janelas.

Mesmo sendo bem rude e anti social com os outros, sempre lembro como um garoto conversava comigo e me ajudava nos trabalhos em dupla.

Mas desde que sua alma animal manifestou, andar evitando mais as pessoas, principalmente eu.

Horas depois veio intervalo, peguei minha tigela com legumes e pedaços de peixes picados.

As crianças fizeram seus grupos enquanto eu encontrava um canto pra ficar sozinha. De longe vi Clay indo sozinho pra floresta sozinho.

Descendentes da Tigresa Onde histórias criam vida. Descubra agora