Capítulo 43 - Jurandir

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O que aconteceu comigo?

Pensei nessa pergunta sem parar desde que aquela cobra preta mordeu meu braço, ao invés de ser envenenado, Taú sumiu junto com a minha cauda. Fui o chamando várias vezes enquanto Zaki estava me examinando por toda parte do meu corpo.

– Certeza que não está sentindo um mal-estar? – perguntou Zaki.

– Estou bem. – suspirei – Ainda não consigo chamar minha alma animal.

– Saber o que aconteceu com ele? – perguntou papai, sentado na cadeira e bem nervoso.

– É que tremia… – Zaki deu uma pausa – Jurandir não é mais um Humanimal.

Então quer dizer…

Que não sou mais um Humanimal Rei Leão.

– Como isso é possível? – resmungou papai – Alma animal dele sumiu do nada, e Jurandir virou…

– Humano comum. – falei meio fraco – Como um cidadão…

Olhei pra marca da onça-pintada no meu braço esquerdo, a única coisa que restou do meu lado Humanimal.

– Não sou mais seu herdeiro, nem sou mais um rei leão.

– Filho, o importante é que você está vivo e bem, nada mais importa. – papai tocou no meu ombro – Mas agora temos que achar aquela cobra o mais rápido possível.

– Mas…

Quase falei até que minha mãe apareceu com a tia Lisa.

– Acharam a cobra? – perguntou papai.

“Não, já procuramos por toda aldeia e nada.”, disse tia Lisa com sinais de mão.

– As onças vão continuar procurando. – disse mamãe, depois olhou pra mim com preocupação – Jurandir, você…

– Estou bem. – falei rapidamente.

– Me desculpe, está assim porque me protegeu. – mamãe suspirou – Era eu quem deveria estar no seu lugar.

– Não, mãe. – falei sério – Foi bom que te protegi, se não você deixaria de ser uma Humanimal Tigresa, perderia a parte importante sua.

– Filho, eu abriria mão dessa parte por você, pra você não está nessa situação por minha causa.

– Eu não aceitaria, sei que você ficaria mais triste do que eu, e os Humanimais Tigres não podem ser extintos outra vez. – cruzei os braços – Estou muito bem, principalmente porque te salvei disso.

– Filho, o importante é que você está vivo e é isso que eu mais importo. – mamãe disse bem séria – Eu te amo, sendo Humanimal ou não, você sempre será meu filho.

– Nosso filho. – disse papai, indo ao lado da mamãe – E vamos sempre te ajudar do que precisar.

Levantei e dei as costas pra eles.

– Agora o que mais preciso é descansar, e quero ficar sozinho por enquanto.

– Tudo bem, filho. – mamãe disse meio baixo.

Saí da cabana, notei as pessoas me encarando e sussurrando baixo. Agora nem posso ouvir o que eles estão falando, e sou só um humano comum entre eles.

Em uma das cabanas ouvi a voz familiar do Martín conversando com Diego, aproximei para ouvir melhor.

– O que vai acontecer agora que Jurandir não é mais um Humanimal Rei Leão? – perguntou Diego.

– Ele não pode mais ser o herdeiro do Raoni, agora que ele virou só um humano fraco e comum.

– E quem será o herdeiro agora? – perguntou Diego, meio rindo – Liadan será Sagrada, César tem o seu próprio território na Índia, e Ellie também é só uma humana comum.

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