Capítulo 19 - Clarisse (Humanimal Tigresa)

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Dois meses e quatro semanas depois, véspera de Natal.

O sol está quase no alto, meio-dia, recebi a mensagem do Rocket dizendo que eles chegaram ao aeroporto e virão a qualquer momento. Como sempre, eu fico esperando na estrada de terra.

Levantei quando vi a van do Rocket e parou ao meu lado. Mal acabei de abrir a porta e já recebi um grande abraço bem apertado.

– Minha querida filha. – disse meu pai enquanto os braços dele estavam me apertando – Que saudade da minha princesa.

– Pai, está me apertando. – tentei falar mesmo com falta de ar.

– Aparecido, solte-a. – mamãe desceu na van, aliviei quando papai me soltou, mas recebi outro golpe de abraço da minha mãe – Que saudade, minha filhinha está comendo bem?

– Mãe, já sou bem adulta. – falei meio séria, principalmente quando vi Rocket rindo.

– Está bem. – mamãe me soltou e deu um longo sorriso – Estou bem louca pra abraçar meus lindos netinhos.

– Preciso de ajuda para carregar os presentes. – disse papai, indo pelo porta-malas.

– E vai mesmo. – Rocket riu.

Mamãe e eu fomos na frente enquanto Rocket e papai estavam carregando as malas e duas grandes sacolas.

Chegamos à aldeia e vimos as mulheres decorando a árvore no centro da aldeia. 

– Vovó Fátima. – ouvimos os gritos das crianças se aproximando.

– Meus netinhos.

Notei que papai foi se afastando, principalmente quando César gritou:

– Pra cima do vovô.

Papai largou as malas antes de correr o mais rápido possível, mesmo assim não conseguiu quando Jurandir e César foram pra cima dele e caíram no chão.

– Ai, minha coluna. – disse meu pai, gemendo de dor – Esses garotos estão mais forte do que a última vez.

Olhei para o lado, vi Liadan parada e meio distância. Suspirei de preocupação, já que ela também participava no Pulo no Vovô.

– Saiam em cima do vovô e deixar eu vê-los. – Jurandir e César foram pra frente da minha mãe. Ela nem disfarçou quando viu a mudança neles, fez um meio sorriso e foi gaguejando – Eles estão crescendo bem… Fortes.

– Isso mesmo. – disse César, com orgulho – Estou mais forte a cada dia graças a minha alma tigre.

– Ainda não consegue pegar um coelhinho. – Jurandir riu.

– Ora, seu… – rosnou César, tentou dar golpe de socos enquanto Jurandir foi desviando.

– Meus lindos meninos viraram selvagens. – mamãe choramingou.

– Mãe, ainda são eles mesmo. – fiz sinal pra Liadan – O mesmo pra Liadan.

– Isso mesmo, com certeza minha linda neta ainda é a mesma… – mamãe ficou em choque quando olhou pra Liadan.

– Oi, vovó. – Liadan a cumprimentou com um sorriso.

Mamãe deu seu olhar mortal em mim e foi se aproximando enquanto estava erguendo sua bolsa.

– Mãe… – gaguejei bem nervosa.

– Onde foi que eu errei com você? – ela gritou e foi me batendo com sua bolsa – Como ousar deixar sua filha pintar o cabelo? 

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