Sombras do inverno
Hoje é 27 de dezembro, apenas dois dias após o Natal, e o inverno se estabeleceu, cobrindo tudo ao meu redor com um manto de neve. A estátua da Pequena Sereia na praça se torna ainda mais encantadora, adornada por pequenos pontos brancos que realçam cada detalhe de sua arte e grandiosidade.
No entanto, aquele sentimento de pertencimento que experimentei quando me mudei para esta majestosa cidade se desvaneceu. Agora, as verdadeiras sombras deste lugar se revelam. Ao sair de casa, não sinto mais a alegria de antes, mas sim olhares de compaixão das pessoas ao meu redor. Elas não são tão acolhedoras como costumavam ser, e meus amigos, bem, eles partiram sem sequer se despedir. Tudo isso devido à minha doença e da pessoa que me tornei após enfrentá-la.
Pode parecer estranho, mas até este momento, não sinto como se estivesse morrendo, apesar de ter sido diagnosticada com câncer cardiorrespiratório aos 7 anos. Essa luta persiste há 10 anos, e após três cirurgias, nenhuma delas conseguiu curar uma simples massa de ar em meu pulmão, e tudo piora a cada dia que passa...
O primeiro diagnóstico veio quando fui hospitalizada com uma grave pneumonia, e após me recuperar, sintomas estranhos começaram a me afligir. Após inúmeros exames, o veredicto chegou: eu havia desenvolvido um câncer no pulmão esquerdo, apesar de não haver histórico genético ou razões óbvias para isso, e havia o risco de se espalhar para o pulmão direito. A reação da minha mãe foi a mais triste de todas, já estávamos passando por momentos difíceis após a morte do meu pai, mas, infelizmente, o destino lançou seus desafios sobre mim...
Quando o câncer se espalhou para meus pulmões, minha mãe, em consulta com minha médica, proibiu-me de praticar esportes físicos, ou seja, atividades que exigiriam uma capacidade maior de respiração. Além disso, ela me retirou das aulas de balé e dança, e após concluir o ensino fundamental, não pude frequentar o ensino médio.
Os amigos que eu acreditava ter logo se afastaram. As festas do pijama se tornaram apenas eu, minha mãe e uma pilha de bonecas e ursos de pelúcia. No final, eu era a única espectadora da festa de aniversário de 13 anos da minha amiga, Parker, enquanto todas as outras crianças do bairro se divertiam.
A partir desse momento, comecei a me isolar no meu quarto, saindo apenas para consultas médicas. As pessoas não perguntavam por mim, exceto as fofoqueiras do bairro, para quem Amy Smith estava à beira da morte...
No começo, eu nunca havia pensado sobre a morte, imaginando que ela estava distante e que eu levaria uma vida comum, sendo estudante e uma filha dedicada. No entanto, nada aconteceu como eu previ...
Confesso que desejei ter uma vida como as outras garotas, frequentar o ensino médio, aparecer no anuário, fazer amigos, ir ao cinema e, principalmente, ter alguém para amar. Mas ninguém parece querer se envolver com alguém que, aparentemente, está morrendo.
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𝑷𝒔𝒊𝒄𝒐𝒔𝒆
Romance🥉3° LUGAR NO CONCURSO ENXANDRISTA [NA CATEGORIA MISTÉRIO/SUSPENSE] 🥈2° LUGAR NO CONCURSO CONHECENDO ESCRITORES [NA CATEGORIA DRAMA] 🥈2° LUGAR NO CONCURSO LUA PRODUÇÕES [NA CATEGORIA MISTÉRIO/SUSPENSE] 🏅5° LUGAR NO CONCURSO JANE AUSTEN [NA CATEGO...