CAPÍTULO 19 - A NOVA MORADORA

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Ao retornar para o quarto, encontrei Alex sentado na cama, me aguardando silenciosamente. Sem perguntar nada, ele apenas me olhou e desligou a lanterna, deitamos na cama de costas um para o outro, talvez tentando esquecer tudo que havíamos sentido minutos atrás. Assim, nossa noite se resumiu, acompanhada por um longo sentimento de angústia em meu peito.

No entanto, após uma noite embaraçosa e mal dormida, nós devolvemos a chave para a recepção e fomos direto para a estação de metrô, que retornou a funcionar depois daquela nevasca.

As ruas estavam todas cobertas de várias camadas de neve, enquanto os flocos ainda caíam do céu. A luz aparentemente já tinha voltado, e as pessoas voltavam rapidamente para as suas rotinas. Alex, e eu ficamos em silêncio o trajeto todo de metrô, eu ainda estava envergonhada de minhas ações e para evitar qualquer confronto preferi permanecer quieta, apenas obsevando as pessoas assim como ele fazia; seus olhos nunca estavam em mim, o que aumentava ainda mais a minha insegurança, mas, sem opção continuamos assim até chegarmos ao centro de Solvang.

Descemos do metrô, e seguimos a pé pela estrada, a fim de chegarmos até a casa dos Hart. Porém, a cada passo que eu dava era um esforço muito grande; pois meu corpo estava fraco, meu rosto estava abatido e minha garganta latejava, obviamente uma consequência dos meus gritos na noite passada.

Eu queria poder agarrar os braços do Alex, para me manter firme, porém, o meu medo era maior... Como também, o mesmo, parecia bastante entrosado em seu livro de bolso, simplesmente não queria interrompê-lo.

Assim, continuamos a caminhada, até chegarmos em casa. No entanto, logo de início percebemos que alguma coisa estava errada.

Quando pusemos os nossos pés no quintal, vimos o carro de Simon e algumas malas, talvez femininas, na varanda da casa.

Eu encarei o Alex, que observava aquela cena com um semblante um pouco assustado ou surpreso. Seus olhos estavam uma mistura de confusão e preocupação, e aquilo simplesmente, me fez pensar o que realmente estava acontecendo?

Até que Simon, apareceu na varanda. Ele estava sem jaleco, e com os cabelos molhados em formato de franja, e seus olhos carinhosos agora estavam frios como o gelo...

- Como foi a noite de vocês? Espero que tenham se divertido. - ele disse, ironicamente, com um sorriso de deboche em seus lábios.

Meus olhos rapidamente, refletiram uma confusão, na qual o meu coração se encontrava. Depois de tudo eu não entendia a atitude ríspida do Simon, afinal, essa não era a pessoa gentil que sempre me dava conselhos.

Será que ele está assim por causa do beijo?

Sem entender, eu encarei o semblante sério de Simon, ele rapidamente passou os olhos sobre mim, mas os manteve fixamente em Alex, e disse:

- Tenho um presente para você... irmão.

Sua sentença, fez o meu corpo gelar, afinal, do que ele estaria falando e que presente seria esse?

Sem esperar, ele inclinou a cabeça e chamou com um sorriso no rosto:

- Victória! -, enquanto Alex arregalava os olhos, aparentemente surpreso.

No mesmo instante, uma garota apareceu; ela tinha pele morena, cabelos cor de café e visivelmente encaracolados, olhos verdejantes e lábios cobertos por um batom avermelhado. Suas vestes não eram recatadas; ela usava uma saia jeans curta, uma regata preta e um coturno preto de couro sintético.

A jovem, totalmente sorridente correu para os braços de Alex, depositando vários beijos em sua bochecha. Os meus olhos se encheram de raiva e ciúmes, afinal, o que tudo aquilo significava? Quem era ela? E por que tinha tanta liberdade assim para se esfregar nele?

𝑷𝒔𝒊𝒄𝒐𝒔𝒆Onde histórias criam vida. Descubra agora