Capítulo 24 - AS EMOÇÕES QUE NOS ASSOLAM

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Na manhã seguinte, despertei com o incessante barulho de passos e rodas ecoando pelo corredor. A madeira gasta do chão amplificava os sons, tornando-os mais perturbadores. A noite anterior fora agitada; após o jantar, um silêncio estranho se instalou, não me restando escolha senão me entregar ao sono como os demais.

Mas o que estava acontecendo agora? Por que toda essa agitação logo de manhã?

Com pressa, levantei-me da cama e calcei minhas pantufas brancas. Em seguida, saí do quarto, curiosa para saber o motivo por trás de tudo aquilo. Assim que coloquei os pés no corredor, percebi que as janelas ainda estavam fechadas, mantendo o ambiente na penumbra. Entretanto, ao avançar em direção à sala de estar, deparei-me com quatro malas no hall de entrada da casa, uma delas claramente pertencente a Victória, reconhecível pela cor azul-turquesa, e outra provavelmente de Alex ou Simon.

Aquela visão despertou uma série de questionamentos em minha mente. Por que Victória estava se preparando para partir tão cedo? E o que Alex e Simon estavam fazendo com malas também?

Curiosa e um pouco preocupada, continuei avançando pelo corredor em direção à cozinha, onde a agitação parecia estar concentrada. Conforme me aproximava, pude ouvir o barulho de uma cadeira se arrastando ao receber o peso de alguém.

Ao entrar na cozinha, deparei-me com Alex encostado no armário, segurando uma caneca de café, e Victória, sentada à mesa com os pés para cima, saboreando uma xícara de leite quente enquanto observava o tempo lá fora, segurando uma carta nas mãos. Notei o papel e percebi que se tratava de uma carta médica do Hospital Memorial de Solvang. Uma onda de curiosidade me atingiu, afinal, Victória era um verdadeiro enigma para mim. Eu não sabia nada sobre sua vida pessoal, muito menos como ela conheceu Alex...

Ambos estavam extremamente arrumados: Alex com uma camisa de listras náuticas, calça sarja e tênis casual preto, com os cabelos divididos ao meio. Já Victória vestia uma regata preta lisa, calça verde pantalona e calçava um mocassim bege, com os cabelos presos em um coque alto. Suas expressões, no entanto, eram sérias e determinadas, e o clima no ambiente era tenso, como se aquele momento fosse destinado a uma despedida...

Diante da cena que se desenrolava diante de mim, senti um misto de confusão e apreensão. O que estaria acontecendo? Por que estavam todos tão sérios e carregados de malas logo cedo?

- Bom dia... - cumprimentei, tentando ocultar a inquietação em minha voz.

Alex ergueu os olhos, e um pequeno sorriso se formou em seus lábios, mas era evidente que algo o preocupava.

- Bom dia, Amy. - Ele respondeu.

Victória apenas sorriu levemente, voltando os seus olhos para a carta que segurava, parecendo perdida em seus próprios pensamentos.

- O que está acontecendo aqui? - insisti, com a curiosidade quase me consumindo.

Alex suspirou, colocando a caneca de café de volta na bancada, e se aproximando lentamente de mim.

- Amy, precisamos conversar. - Ele afirmou, com uma expressão séria e, ao mesmo tempo, receosa. - Eu e a Victória, vamos embora.

Ao ouvir a sua última frase, eu senti como se ele tivesse jogado um chumbo em cima de mim, olhei para os dois com a respiração acelerada, tentando controlar as lágrimas que tentavam escapar dos meus olhos. Era como se tudo que eu tivesse passado ao lado deles, principalmente com o Alex, fosse apagado naquele momento...

- Como assim, ir embora? - Eu sorri, tentando processar as suas palavras.

- Vamos sair de Solvang. Como eu disse antes, daremos um fim aos planos do Simon, e em seguida voltaremos para a nossa cidade natal.

𝑷𝒔𝒊𝒄𝒐𝒔𝒆Onde histórias criam vida. Descubra agora