CAPÍTULO 17 - FLORES E MEMÓRIAS

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No dia seguinte, acordei em um lugar que não era meu quarto, mas sim o da casa dos Hart. Como já estava tarde, nem vi o doutor Simon, consequentemente, desde a minha consulta. Afinal, ela estava no hospital e chegaria mais tarde ou de manhã. E graças à situação embaraçosa em que nos encontrávamos, eu preferi assim...

Após minha higiene pessoal e meus cuidados diários, saí do quarto e fui para a cozinha. Alex estava sentado na ilha, usando óculos quadrados, segurando um livro e uma xícara de café. Sorri com a cena fofa, afinal, Alex não parecia ser um "assassino".

- Bom dia, Alex! - Sorri.

- Bom dia. - Ele disse, sem tirar os olhos do livro.

- O que você está lendo? - Disse, pegando uma caneca e servindo-me de café.

- "Orgulho e Preconceito".

Fiquei surpresa com o gênero do livro, pois ele não parecia gostar desse tipo.

- Você gosta de Romance?

- Não... Apenas peguei para passar o tempo. - Ele disse sarcasticamente. - É cada pergunta, viu... - Ele murmurou, fechando o livro e se levantando.

- Eu disse algo errado?

- Não. Só não estou de bom humor. - Ele afirmou, indo para a sala de estar.

- Você nunca está... - Sussurrei, sentando-me à mesa e tomando meu café, encarando os ladrilhos brancos da parede.

Um alarme tocou no meu celular. Peguei-o no bolso e desliguei o lembrete, era uma mensagem me lembrando que hoje era o dia da morte do meu pai. Com tantas coisas acontecendo, eu havia me esquecido de algo tão importante quanto o falecimento dele.

Recordar tantos momentos bons era magnífico, mas, ao mesmo tempo, triste de se pensar. Afinal, minha vida tomou um rumo totalmente diferente depois disso. E minha doença me pareceu um bônus depois daquilo, mas, na realidade, foi algo muito maior que um bônus, foi o início do meu sofrimento.

Apesar de ainda me sentir doente, sentia que meu corpo estava melhor do que antes. Talvez o doutor Simon seja o médico milagroso que todos falam. Afinal, seus remédios têm me ajudado muito desde então. Mas um transplante será muito melhor, então, preciso apenas cumprir mais algumas semanas para que o nosso contrato se concretize. Só espero que ele mantenha a palavra...

Antes que eu me levantasse para lavar a xícara de café, meu celular mostrou o nome da minha mãe na tela. Apressadamente, atendi o telefone:

- Alô, mãe?

- Ai, minha filha! Mas que susto, você não atendia, te liguei o dia todo. O que aconteceu?

- Eu não sei mãe, mas a Rosa não apareceu, o celular e o telefone não estavam ligando e apenas rejeitavam as ligações de vocês.

- O quê? Meu Deus, mas você está em casa, né?

Parei por um momento, pensando na minha resposta. Era melhor omitir que estou na casa do doutor e que nossa casa foi invadida, ela deve ter muitos problemas com a vovó nesse momento.

- Estou, sim, mãe. Não se preocupe. - Menti. - Só estou mesmo preocupada com a Rosa. E você ligou alguma vez ontem?

- Não. Também tentei ligar para ela, mas não atende. Vou tentar contatar algum familiar dela.

- Tudo bem. Espero que ela esteja bem. - Disse com um ar de preocupação em minha voz.

- Ela vai estar, fique tranquila. - Ela me acalmou. - Mas me diga, como você está se sentindo? Se alimentou? Está tomando seus remédios corretamente?

𝑷𝒔𝒊𝒄𝒐𝒔𝒆Onde histórias criam vida. Descubra agora