Na manhã seguinte, tudo correu como esperado. Repeti todos os passos do dia anterior e, às 9h da manhã, já estava na casa dos Hart, cumprindo meu dever como acompanhante. Alex não me deu nenhuma tarefa, então não tive outra opção a não ser ficar observando-o ler livros o dia inteiro.
Confesso que fiquei curiosa sobre qual livro ele estava lendo, mas resolvi ficar em silêncio. Afinal, estamos falando de um assassino, e não quero complicar minha vida ainda mais falando com ele, especialmente porque ele ainda não me ameaçou hoje.
- Diga, garota.
- Hum? - Pergunto surpresa.
- Fale o que você quer saber.
- Bem, é que... eu quero saber qual livro você está lendo.
- Você não está vendo a capa? - Ele pergunta grosseiramente.
- Não. Seus dedos estão atrapalhando. - Afirmo, enquanto ele suspira incomodado.
- O Príncipe.
- Hum, o quê?
- O livro se chama "O Príncipe", de Nicolau Maquiavel.
- Maquiavel? Aquele homem não é um filósofo?
- Sim, é uma crítica da política em sociedade.
- Ah, sim..., mas acho estranho... Se você é um sociopata, por que está lendo um livro no qual os pensamentos estão vinculados em uma sociedade como um todo? Afinal, sociopatas não se compadecem pelos sentimentos dos outros.
- Quem te disse que eu sou sociopata? - Ele pergunta, abaixando o livro.
- Seu irmão. - Afirmo.
- Se eu fosse um sociopata, eu não estaria falando com você, muito menos lendo um livro considerado libertador.
- Além disso, não é porque estamos conversando que você deve confiar em mim. Mesmo conversando com você, eu ainda sou um assassino. Isso não vai mudar nada entre nós, a não ser o fato de que você só vai morrer mais rápido.
- Então, não seja ingênua por confiar nas pessoas erradas. O mundo não é bom e é cruel com aqueles que não sabem jogar nele.
Eu me senti engasgada naquele momento, e o silêncio tomou conta de mim. Afinal, ele estava certo. O que estou fazendo tentando ser amiga de um assassino?
Confusa, eu me ergo com a bolsa de oxigênio nas mãos e caminho até o quintal, onde Alex me olhou pela primeira vez após ter voltado. Eu não me esqueço desse dia, como se fosse ontem. Afinal, também foi o dia que o Dr. Simon me fez a proposta de ficar como acompanhante de Alex. Mas também foi o dia em que Alex me salvou da morte.
O Dr. Simon diz que ele é um sociopata, mas se ele é, então por que me salvou? Eu não entendo, por que tudo em relação a ele é tão complicado? Por que nada a respeito dele faz sentido? Todos dizem várias coisas sobre ele, mas quando eu olho, nada do que eles dizem parece real.
Ele sempre afirma que é um assassino e me ameaça de alguma forma, mas isso apenas soa para mim como se ele quisesse me afastar por algum motivo? O qual eu não sei.
Refletindo sobre isso, permaneci observando a neve cair e refletir no chão, e depois de alguns segundos, voltei para dentro da casa, onde Alex e seus livros ainda me aguardavam em silêncio.
×××××
Dois dias depois, a relação entre mim e Alex continuava a mesma, distante, complicada e ameaçadora. No entanto, aquela dúvida ainda martelava na minha cabeça: se ele fosse realmente um sociopata, por que teria me salvado?
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𝑷𝒔𝒊𝒄𝒐𝒔𝒆
Romance🥉3° LUGAR NO CONCURSO ENXANDRISTA [NA CATEGORIA MISTÉRIO/SUSPENSE] 🥈2° LUGAR NO CONCURSO CONHECENDO ESCRITORES [NA CATEGORIA DRAMA] 🥈2° LUGAR NO CONCURSO LUA PRODUÇÕES [NA CATEGORIA MISTÉRIO/SUSPENSE] 🏅5° LUGAR NO CONCURSO JANE AUSTEN [NA CATEGO...