No dia seguinte, acordei mal-humorada. A cama tinha sido muito dura essa noite, e todos os pensamentos mais tristes tomaram conta da minha mente. Talvez a pressão de tudo isso tivesse feito o meu fôlego diminuir, já que acordei com falta de ar. Minha respiração estava rouca, parecendo que eu não ia conseguir sugar nenhum ar de repente e por isso, tive que ligar a máscara de oxigênio, aumentando duas vezes mais o fluxo. Tomei os meus remédios como de costume, e devido a tudo isso, Simon me chamou até o seu gabinete para me examinar.
- Bom, era para você ter ido à radiologia. Você sabe, Amy, ficar sem uma dose de quimioterapia não é algo bom, ainda mais que você está melhorando, - ele impôs, pegando seu estetoscópio e seguindo em minha direção.
- Sim... Mas, como estou sem a Rosa... - Dizia até ele me interromper.
- Você tem a mim. Além disso, eu moro praticamente com o hospital, se eu te levasse não faria diferença.
- É claro. Mas, você teria que voltar comigo, e com certeza tem muitos pacientes para atender. - Afirmei.
- É, você está certa... Mas, agora fique parada,- ele pediu, colocando a pequena borrachinha bege na orelha e deslizando o pequeno círculo metálico no meu peito.
-cSeus batimentos cardíacos estão acelerados,- ele suspirou com uma expressão de preocupação, - Vamos medir sua pressão.
Após realizar todos os procedimentos, Simon disse que minha pressão também estava alta e, por isso, me receitou alguns calmantes e disse que eu deveria descansar depois de falar com os policiais. Insistindo que eu faria a minha sessão de quimioterapia amanhã.
Sem opção, concordei e saí de sua sala, deixando-o trabalhar nos exames de seus outros pacientes. Embora ainda estejamos um pouco afastados, creio que o Simon voltou a ser mais gentil. Fui caminhando para a cozinha e vi Alex e Victória sentados à mesa. Ambos estavam em silêncio, enquanto ele lia seu livro de bolso com uma xícara de café na mão e Victória lia uma revista de fofocas tomando leite quente. Victória me notou primeiro e disse com o mesmo tom sarcástico de sempre:
- Nossa paciente resolveu aparecer.
- Oi... - cumprimentei desanimada.
Alex rapidamente levantou a cabeça; seus olhos estavam surpresos, indo do meu rosto para a minha bolsa de oxigênio. Ele passou as mãos nos fios dourados do seu cabelo. No entanto, eu resolvi ignorá-lo e continuei os meus passos até a cafeteira, olhei para o armário de xícaras e vi que a minha de costume não estava ali. Mas, olhando ao redor, nas mãos de Victória, respirei fundo e peguei a única que tinha. Enchi ela até a boca e em seguida dei uma golada.
Quando me virei, pronta para ir embora, Alex me interrompeu perguntando:
- Você já conversou com os policiais?
Meu rosto se tornou ainda mais sem vida. Acho que esperava que ele dissesse algo que não fosse isso... se ele me perguntasse se eu estava bem, seria muito melhor do que uma coisa tão insensível assim.
- Não, - respondi.
- E você vai? - ele perguntou.
O meu coração doía todas as vezes que eu o via tão despreocupado; a minha presença não deve fazer falta para ele, afinal, ele sempre dizia que só queria paz. Então, ele não precisa se preocupar mais, eu irei lhe dar todo o sossego do mundo.
- Acho que isso não é da sua conta,- disse, - Converse com a sua namorada; ela está bem do seu lado,- disse, deixando a cozinha em passos rápidos, afim de me esconder no meu refúgio pessoal até a chegada dos policiais.
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𝑷𝒔𝒊𝒄𝒐𝒔𝒆
Romance🥉3° LUGAR NO CONCURSO ENXANDRISTA [NA CATEGORIA MISTÉRIO/SUSPENSE] 🥈2° LUGAR NO CONCURSO CONHECENDO ESCRITORES [NA CATEGORIA DRAMA] 🥈2° LUGAR NO CONCURSO LUA PRODUÇÕES [NA CATEGORIA MISTÉRIO/SUSPENSE] 🏅5° LUGAR NO CONCURSO JANE AUSTEN [NA CATEGO...