CAPÍTULO 5 - A ESCOLHA DE AMY

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Na manhã seguinte, após uma noite mal dormida e com o medo persistente de não acordar, levantei-me. Ainda estava vestindo meu pijama branco e pantufas nos pés quando desci para a cozinha. Minha mãe estava de costas, preparando o café da manhã e enchendo o ambiente com o agradável aroma de comida fresca. No entanto, meu apetite estava em falta, em parte devido às feridas na minha boca, o que me desencorajava ainda mais a comer.

Com passos leves, me aproximei da ilha da cozinha e me sentei, fazendo minha mãe notar minha presença.

- Bom dia, filha - ela murmurou.

- Dormiu bem? - ela perguntou.

- Bom dia, mãe... - respondi.

- E não, não dormi. - afirmei.

Ela fez uma careta.

- O que foi agora, Amy? Ainda se sente mal?

- Com certeza, não consegui pegar no sono.

- Tem certeza que é só isso? - ela questionou.

- Mãe, por favor... não me faça lembrar o quanto a minha vida é frustrante - desabafei, enquanto ela se calava, voltando a atenção para o fogão.

- Sua vida não é patética, Amy... apenas desafiadora - disse ela, tentando me animar.

Eu sorri de forma incrédula, ignorando a frase motivacional de sempre. Minha mãe suspirou e mudou de assunto.

- Mudando de assunto, vamos à igreja hoje.

- Hum rum. Quer que eu vá com um vestido de uma cor específica?

- Não, vista da cor que quiser.

Concordei com um semblante ainda caído.

- Bem, o que você vai querer de café?

- Não quero nada.

Minha mãe me encarou de maneira ameaçadora.

- Não estou com fome, mãe.

- Não importa, você deve comer! Amy, ontem você não comeu nada desde que chegou do hospital.

- Eu sei que você não é uma criança, mas está agindo como uma agora!

Eu a encarei com raiva pela comparação.

- Não é você que tem que lidar com feridas na boca enquanto come! Você acha que não dói? Você acha que eu não sofro quando faço qualquer coisa?

- Se você quer me forçar a comer, eu como. Mas não ache que isso estará me fazendo bem - afirmei, me levantando da cadeira, pegando cinco biscoitos de um pote e um pouco de leite da leiteira. Com raiva e passos duros pela madeira, me sentei novamente e comecei a comer, ignorando a presença da minha mãe. Coloquei a bolacha entre os dentes, mastigando devagar com os olhos fechados para ignorar a dor causada pelas feridas na minha boca. Era extremamente desconfortável quando os pedaços triturados do alimento entravam em contato com as feridas. Para amenizar a dor, tomei um gole de leite, fazendo com que o biscoito se dissolvesse mais e fosse mais fácil de engolir.

- Pelo menos você comeu agora - minha mãe disse, saindo da cozinha.

Eu ergui as sobrancelhas e também saí da cozinha, indo para o andar de cima. Cansada de tudo o que eu estava passando, eu tirei minhas roupas com ódio do guarda-roupa enquanto procurava um vestido, com lágrimas nos olhos e a respiração acelerada. Peguei a bolsa de oxigênio e aumentei o fluxo de ar, já me sentindo ofegante.

Sem me importar muito, escolhi um vestido azul de alças, calçando sapatilhas pretas e uma meia-calça. Amarrei meu cabelo em um coque e coloquei uma tiara para disfarçar as falhas na parte de cima.

𝑷𝒔𝒊𝒄𝒐𝒔𝒆Onde histórias criam vida. Descubra agora