CAPÍTULO 2 - UM MUNDO IDEAL

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Na manhã seguinte, caminho de um lado para o outro no corredor, carregando a minha bolsa de oxigênio nas mãos e esperando pacientemente a porta a minha frente se abrir. No mesmo tempo, que minha mãe e a doutora Rachel conversam sobres os relatórios médicos da minha condição atual. O que certamente me preocupa, já que as coisas não têm sido fáceis para mim durante esses últimos dias, e a cada dia mais, eu preciso desse aparelho respiratório, pois a qualquer momento posso ter uma crise asmática e morrer.

Porém, como em um passe de mágica, os meus pensamentos foram detidos pelo barulho da porta, e com um olhar de esperança, eu encarei a médica, que simplesmente nada disse, apenas sorriu e saiu pela porta da frente, enquanto minha mãe, a acompanhava, ignorando totalmente o meu olhar de interrogação.

Assim que a porta da frente se fechou, minha mãe, ficou de frente comigo, e nossos olhos da cor do céu se estreitaram, ou seja, notícia boa não vinha pela frente.

— O que ela disse? — Perguntei, enquanto minha mãe sorria.

— Está tudo bem... Vamos orar mais por você. — Ela disse, com certeza arrancando uma certa faísca de mim.

— O que houve, mãe? — Questionei, — pelo jeito, coisa boa não é.

No entanto, minhas palavras pareciam ter apenas entrado e saído do seu ouvido, já que ela pegou a correspondência, aparentemente me ignorando.

— Bom, filha, o que jantaremos hoje? Já tem uma ideia? — Perguntou ela, mudando de assunto como se eu ao menos tivesse feito uma pergunta a ela.

— Mãe, será que tem como conversarmos sobre o que está acontecendo comigo? Não adianta nada você esconder, chegará uma hora que descobrirei, e, além disso, isso é um direito meu.

No mesmo instante ela me fuzilou, com o sangue nos olhos, aparentemente irritada com a minha pessoa.

— Posso saber, onde você estava na noite passada quando eu te disse para voltar a dormir? — Ela perguntou, provavelmente já ciente da minha fuga na noite passada.

Fiquei sem palavras, talvez envergonhada por desobedecer a minha mãe, e eu como filha, sabia o quanto cética ela era em relação aquilo. Afinal, era crescida em uma família muito religiosa e extremamente conservadora, ou seja, cada erro meu era considerado, o que me inibia a tentar ser perfeita como filha.

— Amy, eu sei, que você é teimosa, oras você é minha filha, mas estabeleceremos limites, afinal, eu sou sua mãe e espero que me respeite.

— Sim, mãe... me desculpe, eu não irei desrespeitá-la novamente.

— Espero, mas por via das dúvidas já estamos conversadas. — Ela disse, — Agora vá, e peça a Rosa para lhe dar os analgésicos; eu não quero ver você sentindo dor por aí.

Chateada, eu dei as costas para a minha mãe, e carreguei a minha bolsa de oxigênio para cima comigo, pisando forte em cada passo sobre a madeira velha do chão. E sem ânimo algum, eu me assentei na poltrona, e gritei por Rosa, que depois de alguns segundos apareceu com a maleta de suprimentos nas mãos.

Rosa, era minha babá desde os meus 7 anos, e sempre ficou comigo da parte da manhã até tarde, e ia embora assim que minha retornava do trabalho as cinco horas da tarde. Ela é uma pessoa super amorosa e cuidadora, sempre pronta para me ouvir a atender as minhas necessidades, ao contrário da minha mãe, ela é a que mais entende.

Estiquei o meu braço para frente, na direção de Rosa, enquanto ela preparava a seringa para me injetar os analgésicos. A doutora Rachel, havia ensinado minha mãe e a Rosa a fazerem isso em casos de emergência, em que eu sentisse muita dor, mas para eliminar qualquer estresse, eu preferia tomar bem antes dela começar.

𝑷𝒔𝒊𝒄𝒐𝒔𝒆Onde histórias criam vida. Descubra agora