CAPÍTULO 11 - CICATRIZES E SILÊNCIOS

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Naquela pasta, havia anotações sobre mim, detalhando minha condição de saúde, meus sintomas e até mesmo alguns episódios de desmaio que ocorreram recentemente. Além disso, havia fotos minhas em todos os lugares possíveis, como se eu estivesse sendo vigiada por todos os lados. Como também, informações como o dia da morte do meu pai e todos os meus familiares, e bem ao lado, uma foto de um homem de cabelos e olhos claros.
Aquela descoberta me deixou ainda mais preocupada e me fez questionar o quanto o Doutor Simon realmente sabia sobre mim.

Observando ainda mais as páginas, encontrei algumas anotações sobre o Alex, suas atividades suspeitas e um pedaço do jornal falando sobre o terrível assassinato que cometeu. Aquilo confirmava as suspeitas de minha mãe, mas eu não conseguia acreditar totalmente nas palavras escritas ali.

Porém, antes que eu pudesse assimilar todas as informações contidas ali, ouvi um barulho do outro lado, ao fundo da sala. Meu coração acelerou, e eu me escondi atrás de uma estante. Curiosa, fiquei a espreita daquele móvel, até que percebi que aquele som vinha de Alex! Sentindo-me mais segura, eu me desgarrei da estante e dei dos passos para frente, e o observei, com os olhos fixos em suas ações.

Alex estava em pé de costas para mim, em frente a uma pequena mesa, com um quite de primeiros socorros sobre ela. No entanto, o meu maior foco naquele instante, foi em suas costas largas repletas de cicatrizes, devido à luz da luminária que evidenciava ainda mais elas.

Ter aquela visão, fez o meu coração doer e principalmente desencadear uma grande dúvida, afinal, o que poderia ter acontecido para ele ter aquelas marcas?

Porém, ao observar ainda mais aquela cena, logo tive a certeza de que ele não estava ali à toa, aparentemente havia algum machucado em seu abdômen, e ele estaria cuidando deles com toda atenção e cautela.

Mas, como ele poderia ter se machucado se ontem mesmo estava bem? Será que aconteceu alguma coisa hoje de manhã ou enquanto eu estava fora? Ou será que ele mesmo se machucou?

Naquele instante, senti uma vontade imensa de entrar naquela sala, e cuidar de seus ferimentos, ou até mesmo confortá-lo de alguma forma caso ele me permitisse. Porém, acredito que ele não responderia, mas, acho que vale a pena tentar...

Com passos delicados, eu me aproximei de Alex e disse:

- Deixa eu cuidar disso.

- Amy... - Ele parou por alguns segundos após dizer o meu nome.

- O que você está fazendo aqui? - Perguntou ele em um tom ríspido, enquanto se esquivava ainda mais para a escuridão.

- Bem, foi impossível te ignorar assim... então, deixe-me ajudá-lo com o seu ferimento - Respondi, com um ar de nervosismo.

- Não. Fique longe! - ele ordenou, enterrando o rosto nas mãos, em um ato de se esconder.

E, em seguida, percebi imediatamente que essa poderia ser a oportunidade de ver finalmente o rosto dele, pois, incrivelmente, ele estava sem o capuz. Sob a luminária, pude vislumbrar os fios loiros de seu cabelo desgrenhado dançando à luz. Rapidamente, um pensamento cruzou minha mente: uau, isso significa que ele tem cabelos loiros.

Eu me aproximava, enquanto a curiosidade só aumentava, até que tomei coragem para encostar em seu ombro e chamá-lo.

- Alex...

Após esse gesto, ele se esquivou rapidamente, escondendo o rosto ainda mais.

- Me deixe ajudá-lo - Pedi, enquanto Alex fez um som com a boca, demonstrando irritação.

- Tsc... Por que você não me deixa em paz? O que tem de tão especial no meu rosto? Sou apenas um homem comum, - afirmou ele. - O que você espera de mim?

𝑷𝒔𝒊𝒄𝒐𝒔𝒆Onde histórias criam vida. Descubra agora