CAPÍTULO 21 - CONCENTRAÇÃO EM SIMON

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No dia seguinte, Simon obrigou-me, sem escolha nenhuma, a acompanhá-lo até o hospital. Afinal, minha radioterapia estava atrasada, e minha quimioterapia deveria ser dois dias depois dela, já que o meu corpo não aguentaria fazer duas sessões tão fortes em apenas um dia. Sei que estou brincando com a minha vida por não ter nem avisado ao Simon sobre isso, mas, eu estava tão concentrada no meu relacionamento com o Alex que me esqueci que tenho uma doença.

Nesses últimos dias, eu posso não ter tido muitos sintomas, mas isso não significa que estou bem por dentro. As células no meu corpo podem ter se espalhado três vezes mais, e até mesmo atingido outros órgãos, e a coisa que eu mais quero evitar é perder o meu cabelo novamente... Provavelmente eu não contei a vocês sobre o meu passado, quando eu descobri o meu câncer.

Ele se alastrou tão rapidamente, que em questões de meses tive que raspar o meu cabelo e as minhas sobrancelhas e me submeter a várias cirurgias. Mas como eu já tinha dito, nenhumas delas foi capaz de me curar, elas apenas amenizaram a situação por um tempo, mas logo, todos os problemas retornaram. E meus cabelos voltaram a cair novamente, já que só a radioterapia não adiantava... Por isso, que eu não posso me deixar levar pelas coisas ao meu redor, eu devo me concentrar em mim mesma, e nesse fardo que carrego, a fim de que ele suma de uma vez por todas.

Assim que eu e Simon saímos do carro, mamãe me ligou, eu atendi o celular, logo a cumprimentado. Ela, por outro lado, já começava a me encher de perguntas, querendo saber como eu estava depois de quatro dias sem me ligar. Confirmei que estava bem, e que estava seguindo para o hospital com o Doutor Simon; mesmo não confiando nele, ela não se opôs, afinal, a Rosa estava sumida e não tinha ninguém para ficar ao meu lado nessas horas. Em seguida, ele me explicou que entrou em contato com a família de Rosa, e ambos estavam preocupados pelo sumiço da parente que não retornou para casa. Preocupada, em mordi os lábios, extremamente apreensiva, pois um sentimento de culpa se estendia no meu coração, já pensou se aquele suspeito tivesse a ver com o desaparecimento da dela?

Resolvi não dizer sobre a invasão para a minha mãe, mas apenas disse as mesmas sentenças de saudades e ela o mesmo. Com pressa por Simon estar me esperando, eu encerrei a chamada, ansiosa para a volta dela.

- Me desculpe a demora. - disse, - Vamos...?

Simon apenas concordou com a cabeça e continuamos a caminhar. No entanto, a sua pergunta logo me surpreendeu:

- Por que não disse a sua mãe, sobre o invasor? - Ele questionou com um ar de repreensão. - Você não acha que é errado esconder as coisas dela?

- Não. Minha mãe também tem os seus segredos. E mais, ela não me compreende; se eu dissesse que estou com vocês, ela provavelmente iria me obrigar a ficar sozinha em casa, e com qualquer estranho que ela contratasse para ficar comigo.

- É, sua mãe é difícil. Apesar, de estar certa na maioria das vezes. - ele disse, enquanto eu fingia aceitar.

Após isso, entramos no hospital, onde um aglomerado de pacientes circulavam pelo andar principal. O meu setor, de oncologia, ficava no 5° andar, e era um dos mais visitados; mas também era dividido pela seção infantil e adulta. As paredes daquele ambiente eram sempre as pálidas de sempre, na verdade, descrever o hospital, não seria nada bom, afinal, eu já tinha passado tantas vezes pelos mesmos corredores que até mesmo os enfermeiros e recepcionistas já me conheciam.

Passávamos pela grande recepção para o elevador, enquanto a maioria das pessoas ali cumprimentavam o Simon com um sorriso. Eu me sentia um pouco envergonhada ao lado dele, mas ele não parecia se importar, já que depois do cumprimento, ambas levavam seu olhar para mim. Quando atingimos o elevador e entramos, uma sensação de alívio me atingiu, afinal, não queria que ninguém pensasse que Simon e eu tínhamos alguma coisa, além de que poderia dar um certo problema para ele já que sou menor de idade.

𝑷𝒔𝒊𝒄𝒐𝒔𝒆Onde histórias criam vida. Descubra agora