prologue

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Vivo em uma sociedade onde pessoas se divertem vendo um jogo onde vinte e cinco adolescentes se caçam até a morte. Parecia que não haviam passado por uma quase extinção nos Dias Escuros. Cada ano, dois tributos, uma garota e um garoto, eram sorteados para irem para esses jogos, porém, cada ano um distrito é sorteado para irem três tributos ao invés de dois, o terceiro tributo sendo completamente aleatório.

Moro no miserável Distrito 12, onde pessoas passam fome e nem sequer tem uma boa casa para morar. As ruas são desfeitas e largas e havia terra para todo o lado.

Além das dificuldades financeira, para melhorar minha vida ainda tinha os meus problemas familiares. Meu pai morreu sendo triturado por uma máquina das minas e minha mãe morreu de tristeza por causa da depressão severa que teve após a morte do meu pai, isso tudo quando eu tinha cinco anos - prestes a ter seis - e com a minha pequena irmã que havia acabado de completar dois anos. Após a morte deles, começamos a viver com minha tia, Callie, irmã mais nova da minha mãe, que apesar de tratar muito bem a minha irmã, sempre me tratava com desprezo, sempre me culpando pela morte da minha mãe. Ela e a minha mãe tinham uma ótima relação de irmãs, assim como eu tenho com a minha, por isso ela sempre falava coisas do tipo "Por que não tentou fazer com que ela não se sentisse triste?! Por que nunca tentou impedir a morte dela?!". Tentávamos sobreviver com as vendas de ervas, tanto as medicinais até mesmo as que podemos consumir em uma refeição, mas na maioria das vezes a leva de vendas não era boa, fazendo com que passamos fome por alguns dias. Na maioria das vezes eu ansiava para ter doze anos e me inscrever várias vezes nos Jogos Vorazes para conseguir as tesseras, mas eu ainda tinha onze anos, faltava mais alguns dias para isso acontecer.

Eu e a minha irmã estamos voltando da escola indo para a nossa casa conversando pelo caminho, ela falava do seu dia na escola e eu a escutava, parecia estar feliz. Enquanto caminhamos, ouvimos vozes de uma discussão não muito longe de onde estávamos e a cada passo a discussão aumentava, vimos que essa discussão estava vindo de uma padaria, uma mãe estava brigando com seu filho e em seguida desferiu um tapa forte em seu rosto. Ao ver melhor o garoto, pude reconhecê-lo, as vezes o via na escola, mas nem sequer sei o seu nome e muito menos quem ele é. A mulher entra na padaria de novo deixando o garoto sozinho. Só percebi que estava parada olhando o que havia acontecido quando ele olhou para mim e ficou com uma feição surpresa no rosto. Ele tinha cabelos dourados e olhos castanhos, um corpo aparentemente bem saudável por baixo de suas roupas brancas e avental de padeiro, aparentava ter a minha idade, mas não era certeza. Quando eu ia embora para não deixa-lo com vergonha, ele se aproximou de mim, e eu percebi que ele era mais alto do que eu. Ele continuava com a feição surpresa.

—Vocês... — ele começou a falar. — Viram tudo?

Eu não consegui formar nenhuma frase e minha irmã estava bem distraída para falar algo.

—Me desculpa. Não queria ser enxerida, quando percebi já estava parada vendo a discussão, e... — ele me interrompe.

—Está tudo bem. — ele deu um sorriso gentil. — Normalmente isso não acontece aqui fora.

—Então ela te bate com frequência? — perguntei e me arrependi no mesmo instante. — Desculpa, não deveria ter perguntado isso.

—Sem problemas. Ela só é um pouco severa comigo.

—Eu entendo.

𝐃𝐀𝐘𝐋𝐈𝐆𝐇𝐓 | 𝐏𝐞𝐞𝐭𝐚 𝐌𝐞𝐥𝐥𝐚𝐫𝐤Onde histórias criam vida. Descubra agora