Sem saída

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Bom, dessa vez não demorou tanto. Os próximos capítulos vou procurar entregar mais rápido.

Boa leitura!

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Letícia se levantou às dez horas no dia seguinte; Ricardo não estava mais ao seu lado.

Demorou um pouco para que as ideias se organizassem na sua mente. Porém, logo vieram trazendo as lembranças da noite anterior.

Sua conversa com Armand, o vídeo da prova de sua traição e a chantagem que lhe fez. E a memória de outra ocasião em que havia traído Ricardo com o patife.

O peito se comprimiu e as lágrimas tornaram aos olhos. Lembrou-se também de seu marido tão solícito com ela! Ele a confortou-a na cama, esperou que cessasse o choro e deu-lhe um calmante dos que ele costumava tomar quando estava muito tenso ou sem sono. Ainda bem que fez efeito, pois ela teve uma noite sem sonhos até despertar àquela hora. Livrou-se por um tempo dos seus tormentos, mas agora tinha que encará-los. E a Ricardo também.

Ele devia estar lá embaixo tomando café. Assim que ela descesse – ou talvez lhe trouxesse uma bandeja de iguarias igual que em outras vezes – teria que lhe contar o que havia acontecido.

Não, não podia. Não sabia qual seria sua reação. E se ele a matasse? E se logo depois se matasse? Deus, era dramático, mas possível! No melhor dos cenários, ele a expulsaria de sua vida depois de insultá-la com os piores xingamentos.

Vagabunda. Piranha. Puta.

E outros termos de baixo calão. Imaginava sua face colérica e ferida.

Como pude fazer isso com ele?

E se lhe mentisse? Se inventasse uma lembrança qualquer? Como fez quando ele se inteirou de sua discussão com Marcos.

Não, não conseguiria. Essa situação era dez vezes pior. Não conseguiria fingir para ele tão bem quanto da outra vez. E mesmo que o fizesse, Armand enviaria o vídeo.

A outra opção era ceder à chantagem do canalha.

Jamais.

O pensamento veio tão rápido quanto o pavor e à ânsia de vômito. Aquele homem lhe dava nojo, nem sabia como pôde sentir prazer com alguém assim. Não se submeteria a ele, estava fora de cogitação.

Então restava contar a Ricardo.

Chorou um pouco mais. Por fim, sentou-se na cama e avistou um papel dobrado em cima da cômoda, com seu nome escrito no verso. Pegou-o e abriu.

Fui jogar golfe com um empresário com quem pretendo fechar um grande negócio. Não tinha como desmarcar esse compromisso. Devo chegar por volta das 11 h antes do almoço.

Espero que esteja melhor

Te amo.

Seu Rick.

Ela apertou o bilhete contra o peito. Até na escrita, seu marido conseguia transmitir o quanto a amava. E ela logo destruiria esse sentimento, a imagem que ele tinha de ela ser a mulher perfeita.

Eu não o mereço.

Bom, tinha algum tempo para se preparar antes de conversar com ele, mas a coragem ainda lhe faltava. Levantou-se e começou a andar de um lado para o outro.

Deus, não teria outra saída?

Tinha. Sair daquela mansão e não contar para ele. Deixá-lo antes que ele o fizesse.

Voltaria para a casa dos seus pais. E pediria o divórcio para Ricardo, sem maiores explicações. Diria que não o amava mais.

Suspirou. O problema é que não tinha certeza se o convenceria. E talvez ele insistisse para que voltasse e ela duvidava que resistiria aos seus apelos. Bom, teria que ser forte, não? Porque não demoraria que ele se inteirasse da verdade através de Armand, pois o canalha havia lhe dado apenas alguns dias para pensar antes de enviar o vídeo.

Perigosas LembrançasOnde histórias criam vida. Descubra agora