As coisas vão começar a ficar interessantes e movimentar mais a trama.
Boa leitura!
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Letícia anotava ideias em sua agenda no escritório da ONG. Fariam um evento de aniversário de seis anos da organização.
A celebração seria dali a três meses, mas Laura havia dito que ambas gostavam de se programar bem antes, para chamar o maior número possível de colaboradores e de parentes e amigos das pessoas assistidas (em sua maioria, crianças e adolescentes); também convidar outras pessoas que ainda não eram contribuintes, mas que podiam vir a ser.
Laura solicitou que ela desse algumas sugestões de bandas, cardápio ou qualquer item que achasse relevante. Letícia consultou uma lista antiga que mantinha na gaveta da escrivaninha indicada por Laura, onde constava os nomes de fornecedores, buffets e organizadoras de eventos com que já haviam negociado. Também pesquisou outras possibilidades, além de analisar novidades para a festa, como a de uma barraca de espelhos – do tipo que há nos parques – que deforma a imagem. Pensava também no cardápio, nas melhores opções de salgados, doces e outros quitutes.
Estava cada vez mais integrada ao trabalho e, mesmo que não se lembrasse das suas principais funções, assimilava as tarefas que Laura lhe designava aos poucos. Ainda se surpreendia por tanto ela como Laura terem iniciado o projeto quando estavam na metade da Faculdade de Assistência Social.
Estava tão entretida em suas tarefas que se assustou com o telefone fixo. Pelo toque, era uma extensão de uma chamada da ONG.
- Sim? - atendeu
- Letícia – era Marlene, a funcionária da recepção – Tem uma senhora aqui que deseja te ver.
- Quem? - não imaginou quem poderia ser, pois se fosse Ricardo ou seus pais, a recepcionista diria
- Ela diz ser... sua sogra.
- A mãe do Ricardo? - piscou os olhos várias vezes seguidas – Aqui?
- Digo para ela ir à sua sala?
- Eu... aham... sim. - Letícia pensou por um momento. Raul estava do lado de fora de sua sala - Quer dizer, leve-a para a sala de reuniões e peça para me esperar lá... e me avise quando você a tiver instalado.
- Sim.
Letícia suspirou. Sua sogra ali. Que estranho! Ou não. Diante das tentativas fracassadas de falar com Ricardo, talvez sua sogra tenha considerado que através dela teria alguma chance. Letícia verificaria essa hipótese, mas longe dos olhares de Raul.
Todos os dias, um dos seguranças se postava diante de sua sala, fosse Igor ou Raul. Por mais que o objetivo principal fosse sua proteção, Letícia sabia que eles reportavam tudo o que acontecia ou não acontecia com ela para o patrão. Até o momento, não havia recebido ninguém diferente na sala; apenas Laura, a assistente dela e os demais diretores que trabalhavam ali na ONG. A presença de alguém fora do cotidiano talvez chamasse a atenção de Raul, o segurança daquele dia.
Ele não saberia que a mulher que entrasse ali seria a mãe de Ricardo, mas talvez comentasse a descrição da mesma para seu marido. E ela queria falar com a tal senhora, sem que seu marido tivesse a mais remota suspeita desse encontro, para não aborrecê-lo.
A curiosidade em conhecer sua sogra era grande, embora no íntimo lhe reprovasse ter abandonado Ricardo. Não a culpava por fugir de um homem como Otávio Fontes Guerra. Mas deixar uma criança para trás? Bem, queria escutá-la sem julgamentos.
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Perigosas Lembranças
RomanceLetícia é uma jovem mulher que se vê num quarto de hospital, vítima de um acidente e sem a menor ideia de quem seja. Ao seu lado, encontra-se Ricardo Fontes Guerra, famoso e rico empresário, um homem tão atraente como enigmático que revela ser seu m...