Sua Casa

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  Divirtam-se!  

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Letícia estava pronta quando Doutor Rafael finalmente lhe deu alta.

Sentia-se outra com as roupas que o marido lhe trouxe. Sua mãe lhe ajudou na escolha das vestimentas bem como na maquiagem; ela foi verificar se a filha precisava de ajuda, pois Ricardo foi à lanchonete e havia informado de sua breve liberação. Letícia agradeceu, pois estava em dúvida do que vestir dentre as opções que o esposo lhe trouxe e não se lembrava muito de como se arrumar.

Vestiu uma calça apertada, uma blusa sem mangas com uma pequena abertura nas costas e sandália de tiras com saltos, todo o conjunto de cor preta. Prendeu o cabelo num coque alto com os fios soltos; uma leve maquiagem completou o visual bem como uns brincos de pérolas que Luciana lhe emprestou.

- É sempre bom ter algum para uma emergência – afirmou a animada senhora.

Quando Ricardo a viu, não conseguiu evitar olhá-la com admiração.

- Está mais linda do que nunca, Letícia – disse

Ela sorriu tímida e murmurou um baixo "Obrigada". E logo se despediu de todos do hospital com quem teve contato, até mesmo da enfermeira Vânia, embora se limitasse a um aperto de mão.

Letícia, seus pais e Ricardo se dirigiram ao estacionamento. Caminhava ao lado do marido, mantendo-se a uma distância curta, preferia não manter nenhum contato; ainda estava sem jeito pelo "quase beijo". Aproximaram-se do carro de Marcos

- Que carro bonito, pai.

- Gostou? – ele sorriu e passou a mão sobre o capô de cor preta como o restante do automóvel – É um Mercedes... ah... desculpe – Marcos colocou a mão na testa – Você não deve se lembrar disso.

- Não... até que estou reconhecendo. O doutor Tiago me falou que é normal me lembrar de certas informações, mesmo sem memória. Coisa curiosa o cérebro. – balançou a cabeça – Lembrar de vocês e de tudo que vivi... nada.

- Não se preocupe, filhinha – disse Luciana – Você logo vai recuperar todas as suas lembranças.

- Vamos rezar para que não demore, não é, Ricardo? – Marcos se voltou para Ricardo, mas sua expressão e o tom de voz continham um traço de ironia

- Claro, Marcos – Ricardo manteve a expressão impassível, embora Letícia notasse um leve estreitar em seus olhos – É o que todos queremos.

- Bem... então nos despedimos aqui – Luciana interveio como para dissipar nova tensão que se formava. Ela abraçou a filha – Minha princesinha, não deixe de nos visitar.

- Claro, mãe... depois eu pego o endereço com o Ricardo.

- Eu mesmo posso leva-la, Letícia... quando você quiser – anunciou seu marido

- Nós também vamos visitá-la, minha filha – Marcos também a abraçou. Fitou-a com seriedade – Estaremos sempre por perto para o que precisar. – ela assentiu. - Se cuide, querida – em seguida, ele caminhou até o genro e o encarou. Ricardo se retesou, mas não desviou o olhar – E você... cuide muito bem dela.

- É claro, Marcos.

- Não vamos deixar de zelar por nossa filha, mas na maior parte do tempo ela estará sob sua inteira responsabilidade.

- Pode deixar. Não vou falhar com ela. – murmurou entredentes – Não de novo.

Letícia não teve certeza de ter escutado a última frase, tão baixo que seu marido pronunciou

Perigosas LembrançasOnde histórias criam vida. Descubra agora