Muita tensão neste capítulo. Boa leitura!
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- Como essa mulher se atreveu a se aproximar de você? - esbravejou Ricardo num tom um pouco mais baixo. Andava de um lado para o outro, como um animal desnorteado – Com que direito essa golpista fez isso?
- Rick, olha... - Letícia permaneceu no sofá, o corpo trêmulo, refazendo-se do susto. Não tinha coragem de se aproximar para acalmá-lo – Ela não é uma golpista – ele parou e encarou-a com a fúria estampada – É sua mãe mesmo... como nas fotos e...
- Não me importa, Letícia! Eu te disse que não queria saber dessa mulher, fosse ela a Maria Carmen Toledo ou não! - ele apontou o dedo – Você não tinha nada que dar confiança pra ela sabendo como eu me sentia! Como você pôde fazer isso comigo?
- Eu.... Eu... - ela engoliu em seco.
Nesse momento, Glória surgiu na sala:
- Algum problema, aqui senhor? - sua fisionomia expressava preocupação. Talvez achasse que Ricardo estivesse agredindo Letícia, pois alternava o olhar de um para o outro – Deseja alguma coisa?
- Não, Glória, pode ir embora – ele abaixou o tom, embora ainda tremesse de raiva. A governanta não se moveu – Quer sair ou vou ter que pedir de novo?
- Se precisarem de mim... - direcionou tanto o olhar para ele quanto para Letícia. – Estou na cozinha.
Ricardo fez um gesto com a mão como quem diz "Tanto faz" e ela se foi.
- Rick... - tornou Letícia assim que ficaram a sós e ele permaneceu calado, mas com visível raiva, embora seu olhar se concentrasse no chão – Não quis te aborrecer com isso. - ele soltou um riso curto e amargo – Eu apenas... queria escutá-la. Queria entender... pra ajudar você.
- Não preciso da sua ajuda, Letícia – ele balançou a cabeça. O tom era baixo, mas ainda havia raiva mesclada com desdém na voz – E não quero que se meta nessa questão da minha vida. É um problema meu. – encarou-a e ela se segurou para não chorar. Não havia mais fúria no rosto dele, mas uma decepção estampada – Você não podia ter agido assim nas minhas costas.
O lábio dela tremeu. Queria se justificar, desculpar-se e dizer por fim que o amava, mas o bolo em sua garganta a impediu. Ricardo saiu de suas vistas com passos firmes e rápidos até entrar no escritório e bater a porta com estrondo.
Letícia ficou parada no mesmo lugar; os tremores do corpo aumentaram e as lágrimas deslizaram. Conteve o som do choro com a mão para que seu marido não a escutasse, como se temesse aborrecê-lo ainda mais.
Em dado momento, ela se sentou, mas os tremores e o pranto silencioso continuavam. Maldizia-se. Por que teve que se meter naquele assunto entre Ricardo e a Carmen? Seu marido havia pedido a ela para que não insistisse; Laura a havia avisado. E o resultado era aquele: haviam brigado.
Não era a primeira vez que ele lhe gritava, claro. Houve aquela ocasião da primeira festa em que o inconveniente do tal Armando a abordou assim que saiu do banheiro, provocando aquela situação com Ricardo. Afora isso, ele nunca havia lhe falado daquela forma.
Inclinou-se sobre as pernas para abafar mais o choro; não soube precisar quanto tempo ficou ali, mas se sobressaltou quando escutou o barulho repentino da porta do escritório se abrindo e Ricardo sair correndo até ela e abraçá-la.
- Letícia, me perdoe – ele se ajoelhou no carpete, levantou seu rosto e tornou a abraçá-la – Me perdoe. - ela queria dizer que estava tudo bem, mas não conseguiu parar de chorar. Ele ficou ali agachado a segurando até que se acalmasse. Afastou o peito e tomou o rosto dela entre as mãos, enxugando suas últimas lágrimas – Deus, eu fiz você chorar Como pude ser tão estúpido? – esbravejou, mas era direcionado a si próprio – Eu sinto muito!
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Perigosas Lembranças
RomanceLetícia é uma jovem mulher que se vê num quarto de hospital, vítima de um acidente e sem a menor ideia de quem seja. Ao seu lado, encontra-se Ricardo Fontes Guerra, famoso e rico empresário, um homem tão atraente como enigmático que revela ser seu m...