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POV: Lalisa Manoban
Rio de Janeiro|13/01/2024

Acordei cedo com uma voz falando comigo e um toque suave e macio em meu rosto

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Acordei cedo com uma voz falando comigo e um toque suave e macio em meu rosto. Aquele cheiro era muito bem conhecido por mim.

Jennie...

Escutei cada palavra que disse, com a maior atenção do mundo. Eu consigo entender o lado dela, mas eu também consigo perceber que ela está estranha comigo normalmente. Costumes que tínhamos antigamente, antes de eu me declarar, não temos mais hoje em dia.

O beijo que recebi no canto da minha boca, me desconcertou por inteira. Jennie tinha esse poder sobre mim. Ou melhor. Tem. Ela tem um poder imenso sobre mim.

Depois que ela saiu, eu pude escutar seu choro de longe, porém, o sono tomou conta do meu corpo e eu acabei apagando.

***

— Lisa — uma voz doce e suave ecoou pelo o meu ouvido —, acorda! Tá tudo bem. Eu tô aqui, meu amor.

Essa voz é tão... familiar.

Abri os olhos sem dificuldade em me acostumar com a claridade.

— Papai — minha voz saiu fina, parecendo a de uma criança —, eu tive um pesadelo, papai — comecei a chorar.

O que está acontecendo? Essa não sou eu.

— Papai, você acha que eu vou conseguir dormir de novo?

— Vai sim, minha filha. Eu estou aqui, ok?

— Eu posso dormir com você?

— Pode, Lili. É claro que pode, meu anjinho. Vem com o papai — ele me pegou no colo.

De repente, eu caí no chão e o corpo do meu pai começou a desaparecer. Minha visão ficou turva, eu tentava gritar: papai!

Minha voz não dava sinal de que iria sair. Eu não conseguia me mover. Meu pai estava morrendo em minha frente de novo e eu não podia fazer nada.

— PAAAII — acordei desse pesadelo. Eu me encontrava suando, assustada e com a respiração ofegante.

— LISA?! — Jennie apareceu na sala. — LISA! O que aconteceu? Você está soada — eu não consegui dizer nada. Meu olhar encarava o seu olhar preocupado. Jennie começou a checar a minha temperatura. Eu estava sentada, sem esboçar nenhuma reação a não ser medo. — Teve um pesadelo? — assenti. — Eu já volto.

Eu perdi meu pai quando eu era criança. Ele morreu na minha frente e eu não pude fazer nada. Meu pai foi a única pessoa que me amou de verdade. A gente morava na Tailândia, daí quando ele morreu, eu vim para o Brasil morar com a minha mãe.

Digamos que minha mãe traiu o meu pai e se recusou a ficar comigo. Meu pai cuidou e me criou com todo o amor do mundo... eu só não consegui aproveitar ao máximo sua companhia.

Ele lutava contra o câncer.

— Aqui — Jennie veio correndo e colocou um pano gelado em minha testa. — Deita, Lisa — a garota me empurrou cuidadosamente, fazendo-me deitar no sofá novamente. — Quer me contar o que aconteceu?

— Você pode ficar comigo? Eu tô com medo...

Ela não pensou duas vezes e sentou no sofá, fazendo-me deitar minha cabeça em suas coxas enquanto recebia um doce carinho em meus fios negros.

— O que aconteceu? Por que está com medo?

— Eu...  eu sonhei com o meu pai de novo...

— Lili, eu já disse que é melhor você procurar um psicólogo. E antes que você diga a mesma coisa de sempre, psicólogo não é só para loucos, Lalisa — eu ri um pouco baixo e sem forças

Ficamos alguns minutos em silêncio, apenas na presença uma da outra. Jennie cuida de mim como se sua vida dependesse daquilo. Ela fez a mesma coisa que meu pai fazia quando eu estava triste ou doente.

— Nini... você é a única pessoa que eu amo além de o meu pai. Você é a única pessoa que foi capaz de me amar como o meu pai me amou — não obtive respostas de sua parte, apenas senti um toque macio, suave e molhado em minha testa.

— Eu te amo, Lili...

— Eu também te amo, Nini — fechei meu olho para imaginar nós duas nos beijando, já que esse desejo vai ser meio impossível de acontecer.

— Por que você não vai tomar um banho e depois tomar café? Eu acabei de fazer — assenti e me levantei.

— Me promete que nunca vai me deixar?

— Eu prometo — um sorriso singelo habitou seus lábios. Abracei-a fortemente, podendo desabar em seu ombro.

***

Logo após me banhar, fui tomar o café da manhã. Jennie já estava lá, me esperando e mexendo no celular.

— Bom dia — desejei e me sentei na cadeira em sua frente.

— Bom dia — ela comeu um pouco de pão. — Olha isso — ela me entregou o celular.

— O que é? Um novo vírus?

— Sim.

— Deve ser fake, Jennie, não esquenta — devolvi o celular para Jennie.

— Mas foi o G1 que publicou. E... bom, tá dizendo que o primeiro infectado foi na Coréia do Sul. Tipo, a Coréia do Sul — bebi um pouco de café enquanto a encarava.

— Meio que é impossível acontecer um apocalipse zumbi, Jennie. Deve ser fake ou alguma doença parecida com a COVID 19. Não deve ser nada demais.

— Eu não sei. Eles disseram que a Coréia tá em lockdown.

— De qualquer forma, esse vírus ainda tá lá na Ásia. Ou seja, não irá chegar aqui tão cedo. E outra, não vamos sair dessa ilha tão cedo. Estamos seguras. Não tem com o que se preocupar.

— Sobre isso... O Kookie veio aqui enquanto dormia. Ele trouxe um barco pra nós duas irmos embora daqui — me engasguei com o pão que eu estava comendo.

— Então vamos embora!!

— Calma — ela me explicou o plano do Jungkook.

— Sério? Vamos ter que esperar até aqueles vagabundos fugirem daqui? Eu não tenho nada a ver com a vida deles.

— Eles tiveram a audácia de virem aqui só pra nos trazerem um barco para irmos embora, Lisa. Vamos fazer esse esforço, por favor.

— Tá, tanto faz.

The Ocean And Us • Jenlisa G!POnde histórias criam vida. Descubra agora