Eles não vão desistir

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O carro já se aproximava de Nevermore, durante toda a viagem o silêncio prevaleceu, Enid veio o tempo todo calculando mentalmente como poderia questionar sobre o que aconteceu sem arriscar ser jogada do carro em movimento.

- Quer conversar?

Wednesday não reagiu.

- Wed, com quem você conversou antes de entrar no quarto?

- Minha mãe.

- Ah, bom... e vocês... Discutiram?

- Não espere que eu te fale algo aqui. - Apontou com o olhar para Lurch, não confiava em ninguém naquele momento.

- OK, entendi, vamos entrar, então? - Enid falou quando percebeu que haviam chegado.

As duas entraram na escola e seguiram para o dormitório, Wednesday pediu que Lurch deixasse suas malas e de Enid no canto do quarto, pois estava muito cansada para desfazê-las naquele dia, ele fez o que foi pedido e se retirou.

- Agora pode me contar o que houve? - Enid se dirigiu ao lado negro do quarto, naquela altura os limites já nem eram questionados.

- Encontrei o berço que pertenceu a mim e Puglsey, estava desempacotado e limpo.

Enid entendeu de cara o que havia acontecido.

- O que sua mãe falou?

- Que talvez um abrigo comum não aceite um excluído, acredito que queiram ficar com ela na casa até que uma família a adote.

- Se quiser pode me matar pelo que vou falar, mas não existe outra forma de resolver isso. Sua mãe não está errada.

- Está do lado dela?

- Não me entenda mal, onde mais ela deixaria a bebê? Na rua? Consegue ver sua mãe fazendo isso? Nem você seria tão cruel a esse ponto, eu sei que não, no fundo desse seu coração sombrio, você tem uma centelha de empatia.

A garota que sempre foi forte, inabalável e que não se deixava cair por emoções, naquele momento permitiu que uma lágrima rolasse, sentou-se na cama como se perdesse a força de suas pernas, ela pressionava a coberta com força, seu coração estava frágil como nunca, naquele momento, Enid viu uma Wednesday diferente.

-Meu amor... - Enid ajoelhou segurando em suas mãos - Está com medo?

- Tenho certeza que enlouqueci, e não é tão bom quanto eu esperava. Quem sou eu, Enid? Eu não estou entendendo!

- Você é a mesma! Minha Wed, nada mudou.

Wednesday enxugava as lágrimas.

- Seus sentimentos estão te confundindo?

Ela apenas assentiu.

- Já pensou em como seria se não tentasse evitá-los?

- Não quero sentir nada, Enid, eu não quero.

Enid guiou a mão de Wednesday junto a sua, até a barriga, o toque fez a garota cerrar os olhos, era como se o sentimento daquele contato fosse seu maior vilão.

- Você não tem um coração de pedra, você sabe amar. E... ela... não tem a menor ideia das circunstâncias que a trouxeram ao mundo.

- O que quer dizer com isso?

- Que é ela quem está te fazendo sentir essas coisas diferentes... não acha que estaria tudo mais fácil se realmente não sentisse nada?

- Eu não sou mãe dela, Enid.

- Mas ela ainda não sabe disso, você é a voz que ela escuta, o coração que ela sente bater.

Em resposta ao toque, a bebê deu o primeiro sinal de vida do dia, a mão, ou o pé, não se sabe ao certo, mas um movimento foi sentido sob as mãos espalmadas das duas.

Let me Love You 💕 / Wenclair Onde histórias criam vida. Descubra agora