quinta
- Sonhaste comigo?
- Talvez sim... - Murmurou ensonado. - Estou a chegar ao aeroporto para ir para os Açores, não sei quando vou conseguir falar contigo. - Percebi que estava na rua. - Vem à janela.
Rapidamente me dirigi à janela tal como havia dito, vendo toda a equipa reunida a fazer fila para entrar no autocarro. João estava mais para trás, o seu olhar refletia-me ao longe. Sorri-lhe. Como se tinha lembrado de mim às sete e meia da manhã? Surpreendia-me todos os dias.
- Não faz mal. Mandas-me mensagem quando for oportuno para ti. - Respondi por fim. - Vai estar a chover, tem cuidado contigo.
- Não te preocupes, fofinha.
- Estás bem? Pareces meio abatido.
- Sim, estou. Só cheio de sono, mas devo conseguir descansar no avião. Então e tu? Estás a despachar-te para as aulas?
- Sim, o meu irmão vai deixar-me na escola. Está a chover. - Comentei com ele.
- Ainda bem! Aviso-te quando chegar, está bem?
- Sim, combinado! Boa viagem!
Observei-o enquanto desligava o telemóvel. Com um sorriso leve nos lábios, ainda focado em mim, Neres fez-lhe sinal para entrar. Meio atordoado a reagir, ambos trocaram sorrisos.
António foi dos últimos a entrar no autocarro. Os rapazes adentraram todos em breves minutos. As minhas pernas levaram-me para dentro, para que acabasse de me despachar. Estava calçada com as botas, usava roupa básica e quente, faltando só os meus cabelos longos serem penteados.
Não fiz grande coisa por estar a chover. Não era a maior fã de chuva em dias de escola.
Tomei o pequeno-almoço na companhia da minha mãe e do Tiago, porque o meu pai estava a trabalhar desde muito cedo. Comentamos sobre o tempo, a escola e pouco depois estava no carro do meu irmão, a caminho da escola.
Dei atenção ao grupo onde as minhas amigas falavam, recebendo ao mesmo tempo dois gostos, uma reação à história e uma mensagem do rapaz, o Martim, que havia conhecido no Kailua.
Fiquei um pouco confusa com as interações dele, pois já tinha passado algum tempo.
- Obrigada pela boleia, maninho! Bom trabalho.
O rapaz desejou-me um bom dia de aulas. Sai do carro a correr para baixo do toldo do portão onde era esperada pela Pipa e pela Inês.
- O Martim lembrou-se que existo. - Mostrei-lhes as notificações que ainda estavam no ecrã. - Disse algo a alguma de vocês ou vocês a ele? - Logo, vi a cabeça de cada uma a negar.
- Se calhar achou piada à tua foto com o gato.
- Ou também é tímido e não sabia como meter conversa contigo antes. - Sugeriu a Filipa, ainda a ler o que estava no ecrã.
- Ele de tímido não tinha nada. Queria atirar-se à Amanda na festa e não sabia comigo.
- Saber sabia, eu é que não lhe dei conversa. - Foi a minha vez de me pronunciar. - As pessoas estão cheias de segundas intenções hoje em dia, não há amizades. - Ambas se entreolharam.

VOCÊ ESTÁ LENDO
JUST YOU ➛ JOÃO NEVES
Teen FictionAmanda, com os seus inocentes dezassete anos, achava ter emoção suficiente na sua vida, até que o conheceu. A descoberta do primeiro amor, tornou-se, de longe, um misto de emoções desconhecidas e intensas, às quais foi incapaz de resistir.