quinta
Esperava ansiosamente a chegada do atleta de dezanove anos. A comunicação espanhola decidiu fazer dele um bode expiatório após a derrota. Um misto de raiva e tristeza dentro de mim, deixando o meu humor bastante mau.
Nem queria imaginar como se sentia o atleta. Um mau jogo, apenas isso. Precisava de o animar e de o abstrair do que se passa.
Sofá e filmes não era o plano apropriado para esta tarde. Durante as aulas comecei a rabiscar as ideias que me surgiam para um encontro. Ele era especial e queria que se sentisse dessa forma. Um longo tempo a pensar, decidi.
Mantive o plano inicial, ficar em casa, mas caprichei no ficar em casa. Cozinhei lasanha, um bolo de cenoura com chocolate derretido, decorei a mesa e montei a PlayStation do meu irmão que estava no seu quarto, na sala para jogarmos. Quis evitar futebol, mas sabia que ele gostava.
Antes de preparar tudo, confirmei que ia estar sozinha em casa, pedindo a Tiago para me ajudar com o pai. O homem estava a trabalhar à noite só mais duas noites e depois folgava.
Como o mais velho não ficou totalmente satisfeito com o facto de levar o João para a nossa casa, precisei que Adriana me ajudasse. Não fazia intenções de me envolver sexualmente com ele, o que preocupava realmente oTiago.
Após o final das aulas dirigi-me a uma loja. Para além do jantar, comprei luzes para enfeitar a sala e criar um clima mais romântico.
A cereja no topo do bolo era uma pequena caixa com um porta-chaves em formato de bola, com a palavra campeão. Achava adequado para o rapaz, visto viver do e para o futebol. Era a minha forma de o fazer sentir bem, importante e especial. Mas, estava nervosa para a sua chegada.
Espreitava várias vezes pela janela.
Avistei ao fundo da estrada o tão conhecido autocarro do glorioso, sentindo o palpitar do meu coração como reação. Desliguei o forno, deixando a lasanha no seu interior para não esfriar.
Precisávamos de esperar que os rapazes abandonassem o local para impedir um possível e esperado interrogatório se o vissem. Ao ver que o rapaz abandonou o campus de carro para manter o ritual habitual, mesmo sabendo que tencionava estacionar na rua atrás, removi a travessa e deixei em cima da mesa coberta.
Cheirava maravilhosamente bem. Estava orgulhosa dos meus dotes culinários. Logo, ouvi a batida na porta do apartamento.
Com umas calças de ganga básicas vestidas e uma malha quente num tom bege, dirigi-me para a entrada da minha casa, abrindo-lhe a porta. No seu olhar uma desilusão inexplicável. Forçou um sorriso, beijou o meu rosto e entrou.
Ficou extremamente admirado com as luzes de uma só cor, com a mesa decorada e com o saco ao lado de um dos pratos. Encarou-me.
- Amanda?
Encolhi simplesmente os ombros, envergonhada.
- Mereces. Sei que tem sido duro. - Aproximei-me da mesa para lhe entregar o saco. Aceitou. Ele concentrou-se no que estava no interior. Ao tirar, um sorriso cresceu no seu rosto bonito.
- Tu és incrível, sabes disso? - Esticou a mão para que me aproximasse e o abraçasse. - Não estava à espera, fico-te mesmo grato.
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JUST YOU ➛ JOÃO NEVES
Novela JuvenilAmanda, com os seus inocentes dezassete anos, achava ter emoção suficiente na sua vida, até que o conheceu. A descoberta do primeiro amor, tornou-se, de longe, um misto de emoções desconhecidas e intensas, às quais foi incapaz de resistir.