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sexta

- Amanda, podes chegar aqui? - Pousei a mala no chão, contornando o sofá para encontrar a minha mãe sentada no mesmo.

- Passa-se alguma coisa?

- Não querida, só quero saber como correu o trabalho de grupo ontem. - Sentei-me junto dela, finalmente num dia off de trabalho. - Ando cheia de trabalho na editora, para além da minha obra estar na reta final... - Suspirou.

- Não tem mal, mãe. Estás bem? Pareces mesmo muito cansada. - Ela balançou a cabeça de acordo com o que dizia. - Mãe?

- Estou cansada sim, mas está tudo bem. E tu?

- Também está tudo bem. Ontem começamos o trabalho, mas não adiantamos muito. - Confessei, visto não sentir necessidade de mentira - A Filipa não anda muito bem...

- Então? O que se passou com ela?

- Problemas amorosos. Conversamos muito, então deixamos o trabalho um pouco de parte. Só temos que entregar daqui a duas semanas. - Com a informação, ficou menos preocupada.

- Vê lá Amanda, não podes baixar as notas. Hoje é sexta-feira, combinaram algo? - Franzi a testa e a minha mãe ficou divertida.

- Estás bem mãe? Estás com febre?

- Não sejas assim! - Resmungou, mostrando-se verdadeiramente bem-disposta. - Tens dezassete, tens boas notas e és uma boa menina... Acho que uma saída de vez em quando...

- Não, tu não estás mesmo bem. - Gargalhei, mas bastante confusa. - Não tenho necessidade de sair à noite, não te preocupes.

- Fico mais descansada. O pai comprou bilhetes para uma escapadinha romântica e vamos até ao Porto este fim de semana. Saímos cedo amanhã e voltamos na segunda-feira. O mano já sabe, disse ontem à noite. - Sorriu-me.

- Acho uma excelente ideia, estão a precisar. Eu e o mano ficamos bem, vão descansados!

Um turbilhão de ideias e hipóteses invadiu a minha mente. Será que me ia tornar no oposto do que a minha mãe me havia caraterizado? O Tiago ia estar na sua vida e eu na minha, mesmo que as justificações fossem necessárias.

Ou talvez não.

A minha mãe mencionou a possibilidade das minhas amigas passarem a noite lá em casa, visto saber que me ia deixar feliz.

Para além disso, podíamos fazer o trabalho e estar com Filipa, que precisava de nós. Estava tão compreensiva que até era estranho. No entanto, a mulher pediu que fôssemos ajuizados.

O meu telemóvel começou a tocar, interrompendo a nossa conversa. Rápida, removi o som para continuar a falar com a minha mãe. A mesma pediu-me para atender, embora não o ter feito, pois podia esperar um pouco.

Voltamos ao assunto fim de semana sem os pais e a responsabilidade que tínhamos.

Depois, dei-lhe um beijinho na bochecha, peguei na mala húmida e fui rapidamente para o quarto, para falar com o João.

- Desculpa, desculpa! Ainda podes falar?

- Sim, posso. Estivemos a almoçar e agora estamos no lobby do hotel. Como estás? - Sentei-me na cama, deitando-me.

JUST YOU  ➛ JOÃO NEVESOnde histórias criam vida. Descubra agora