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quinta

O som da porta de casa a fechar foi o suficiente para me despertar após guerrear contra a tosse, a febre alta e o mal estar graças a isso, toda a noite, mantendo-me acordada até tarde. Mediquei-me e só depois consegui descansar.

Várias mensagens preenchiam o ecrã bloqueado do meu telemóvel com a luz no mínimo. Nem tive a capacidade de ver vídeos ou um filme. Só fechei os olhos e fiz de tudo para adormecer.

Deparei-me com três mensagens do João. Uma em resposta à que lhe enviei no intervalo do jogo por causa da falta perigosa que sofreu e encontrei então mais duas que não esperava. Sammy estava enroladinho às minhas pernas, coberto por lençol e edredão quente, sem se importar.

Verifiquei se respirava. Sentia-me a ferver. Como a febre foi saindo lentamente do corpo, estava até transpirada e a precisar de um banho longo. Mas, antes, li as mensagens do João.

J 🤍

Estou bem, fica descansada
Foda-se
Não quero estar sem ti, Amanda

As minhas mãos ficaram trémulas com a mensagem que tinha acabado de ler. Li e reli com toda a atenção cada palavra. Quase que comecei a chorar com o alívio enorme que senti.

Era evidente o quanto gostava dele. Sempre achei a palavra amar pesadíssima e forte, embora fosse a única que fazia jus ao que sentia por ele. Amava aquele rapaz do rosto corado. Tornava-se tão leve no peito, ainda que fosse gigante.

Jamais iria abrir mão dele, do que construíamos juntos nestes últimos três meses, mesmo após ter cometido um erro grave. Podia ter feito diferente, ter feito melhor. Ele merecia-o.

J 🤍

Não fiques, porque também não quero estar longe de ti.

Estás melhor?

Mais ou menos e tu? Como estás?

Então?
Estou bem. Achas que podemos falar?

Não estás cansado do jogo? São 7 da manhã

Estou cansado de estar longe de ti

Estou à tua espera

Apressei-me a sair da cama, sentindo até uma tontura leve por causa do movimento, pois queria tomar banho e vestir-me antes que chegasse. Uns vinte cinco minutos de distância.

Não havia nada melhor para curar uma constipação do que um banho demorado. Rápida, ainda hidratei os cabelo e toda a pele. Os minutos mais bem aproveitados da vida. Deixei as minhas roupas no cesto da roupa e saí para o quarto com as toalhas no cabelo e corpo.

Vesti um segundo pijama polar, colocando meias quentes por cima das calças, secando o cabelo. Os minutos passaram a voar.

Quando o som da campainha invadiu o apartamento, apressei-me a pegar no telemóvel e a descer as escadas para abrir a porta. Entrou, no entanto, nada dissemos um ao outro. Ficamos ali a olhar-nos com tanto por dizer.

Decidi quebrar o silêncio.

- É mais fácil expressar-me por mensagens, mas tal como te disse, não há decisão. A única decisão que precisei de tomar foi a de aceitar que gostava de ti e que queria viver isto contigo. João, foi uma parvoíce minha. Desculpa.

JUST YOU  ➛ JOÃO NEVESOnde histórias criam vida. Descubra agora