sexta
O meu coração disparava cada vez que mencionavam a seleção portuguesa. Era dia de jogo no Dragão, a possível estreia do jovem do Benfica e mais uma possível vitória para Portugal.
Dentro da sala de aula era esse o tema de conversa, dado o atraso da professora. Estávamos sentados nas respetivas mesas, mas falávamos do jogo e não de matéria. Colegas revelaram à turma que iam para o Porto no final das aulas, deixando uma inveja saudável dentro de mim.
- Será que o Neves se estreia hoje? - Virei a cabeça de imediato para o meu colega Pedro, que despertou o meu interesse.
- Era bom para ele, mas não sei. - Alexandre, respondeu ao colega de mesa, ambos sentados na mesa ao lado da minha. - Acho que vai depender, se Portugal tiver bem, talvez.
Por um lado estava de acordo, por outro, queria o máximo de minutos para o João.
- Amiga, como estão as coisas com os teus pais?
- Estranhas, acho eu. O meu irmão também veio com um interrogatório. Eles têm razão, não devia ter chegado tão tarde e podia ter avisado. Agora a juntar o facto de acharem que menti... Vou ficar a ser controlada constantemente.
- Tipo que já não eras. Os teus pais são muito exigentes contigo, mesmo que sejas exemplar nos teus deveres, crucificam-te por isso?
Encolhi somente os ombros.
- Se quiseres voltar a estar com o tal rapaz, vais evitar porque eles não te vão deixar? - A resposta, na ponta da língua, foi repensada. - Diz. Diz-me o que ias dizer e arrependeste-te.
- Nada, não ia dizer nada.
- Não me enganas, amiga. Conheço-te muito bem para saber que ias dizer alguma coisa.
- Não sei quando volto a estar com ele. E sim, é provável que nem aconteça. Os meus pais não me vão deixar fazer um trabalho de grupo tão cedo, a não ser que seja em casa.
- Sabes que não faz sentido, certo? A minha mãe também é um pouco controladora, mas deixa-me estar com o Bernardo.
- São pessoas diferentes.
- Então, é isso? Vais deixar de estar com ele?
- Não dramatizes. Haverá de surgir uma altura melhor, sem mentiras e sem chegar tarde. - Olhei para a frente. - Fran... Não insistas.
Tratei-a por uma alcunha, algo que detestava. Ela semicerrou os olhos e eu sorri.
- Porque não dizes para ir à tua casa? Temos três tardes livres, até ás cinco estás safa. - Virei a cara para a olhar escandalizada. Ela acabou por achar imensa piada à minha reação. - O que tem?! Nem estou a dizer para fazerem... Coisas.
- Tu realmente! Era suposto ajudares!
- E não te estou a ajudar? A incentivar-te a deixar de ser parva e a estares novamente com ele, até te sugeri um sítio ideal para o date.
- Na minha casa, a sério? Sítio perfeito.
Antes de conseguirmos prolongar a conversa, a professora adentrou apressada na sala. Pediu-nos desculpa e iniciou a aula após vinte minutos. Não me podia queixar, honestamente.
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JUST YOU ➛ JOÃO NEVES
Fiksi RemajaAmanda, com os seus inocentes dezassete anos, achava ter emoção suficiente na sua vida, até que o conheceu. A descoberta do primeiro amor, tornou-se, de longe, um misto de emoções desconhecidas e intensas, às quais foi incapaz de resistir.