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sábado (uma semana depois)

Admirava-a. Admirava-a como se nunca o tivesse feito antes. Como se fosse a primeira vez ou como se não a conhecesse de olhos fechados.

O fim de semana afastados fez-nos bem, algo que nos surpreendeu aos dois. Aceitamos todo aquele ambiente pesado entre nós, fizemos as pazes com as inseguranças e colocamos a relação onde devia estar desde o primeiro dia.

No primeiro lugar. No pódio. Era a prioridade.

As saudades que senti da sua presença em meros dias fez-me perceber que o meu futuro era com o seu sorriso e os seus braços à minha volta. Estava feliz com as minhas escolhas. Nada importava. Só o futebol e a minha namorada. Eram o meu único foco, tirando a minha família.

Sentado por cima da sua toalha, observava a de dezassete anos a aventurar-se pela beira-mar. Ela era luz. Estava tão leve e despida de receios. Tudo começou a melhorar na sua vida.

Era a Amanda que conheci há cinco meses. Fez as pazes com a sua mãe, com a traição e com o que a sua vida se tornou num piscar de olhos. Era o que precisava para estar plena. Fugir à rotina era algo que precisava. Trouxe a minha menina de volta e deixou-a mais confiante e segura.

Avistei-a a aproximar-se de mim. Ajoelhou-se entre as minhas pernas e abraçou-me. Acabei por me deitar com a pressão, sentindo o seu tronco a sobrepor-se rapidamente ao meu.

Abracei-a. Mantive-a coladinha a mim. Beijoquei os seus lábios e bochechas rosadas.

- Como correu a ecografia?

- Muito bem. Está tudo bem. O ambiente entre eles parece estar a melhorar.

- Achas que... Há a hipótese de reatar?

- Os papéis foram assinados na sexta. Eles não vão voltar a ser um casal, mas querem tentar uma amizade por causa do bebé.  Está grávida há treze semanas, afinal. São quase quatro meses. - Olhou nos meus olhos e ficou em silêncio.

Desceu o olhar dos meus olhos para os meus lábios, alternando algumas vezes. Deixou de fazer força nos braços para se deitar por cima de mim e beijar os meus lábios. Correspondi.

Guiou-me num beijo carregado de paixão e desejo, aumentando a tentação de a explorar sem a camisola que usava. E as calças. Desceu a boca ao longo do meu queixo até ao meu pescoço, onde se concentrou a deixar rastos húmidos.

- Amor, não queres ir parar ás páginas de futebol, pois não? - Sussurrei. Desejava-a.

- Quem te manda ser tão tentador?

- O meu carro está a metros de nós. - Afastou-se e mostrou-me extremamente pensativa.

- No carro?

- Ou na minha casa. - Sussurrei, roubando-lhe um beijo inesperado. - Só não me provoques num areal indiscreto na Fonte, não achas?

O seu rosto ganhou uma cor suave rosada. Como a tentação continuava, a Amanda optou por jogar pelo seguro e deitou-se ao meu lado. Puxei-a para mim, abraçando-a. Beijoquei a sua bochecha uma e outra vez, ouvindo-a rir.

JUST YOU  ➛ JOÃO NEVESOnde histórias criam vida. Descubra agora