oito de maio

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parabéns, Amanda

Enroscada nos braços confortáveis do João, mantive-me sossegada para não o despertar. Pelo campeonato perdido e as árduas críticas feitas ao Benfica nos últimos meses. Uma fase difícil, onde pouco descansava e imensa culpa sentia.

Faltavam somente dois jogos para o fim da época, esses que não iriam mudar o rumo. Afinal, a festa foi feita a verde e branco. Deslizei os meus dedos pelo rosto que me continuava a encantar, o que acabou arrepiar a sua pele. A mancha negra a rodear um dos seus olhos ainda me deixava triste e com o coração nas mãos.

O seu corpo virou lentamente para o meu. O seu braço puxou-me para mais perto. Deixei um beijo na sua bochecha, lábios e sosseguei no seu ombro desnudo. Um sorriso fechado invadiu o seu rosto pouco depois. Abriu os olhos.

- Bom dia meu amor. - Sussurrou, deixando-me com o coração acelerado. - Parabéns. - Sobrepôs, calmamente, o seu corpo ao meu.

Guiou os meus lábios num beijo longo. Beijo esse que despertava outros interesses.

Pouca roupa nos cobria após as mãos incontroláveis antes de adormecermos. Soltei um riso animado quando me beijou inúmeras vezes a boca. Afastou-se para me encarar.

- Tenho mais uma surpresa para ti.

- O quê? Concordamos que íamos ficar deitados o dia todo. - Fiz beicinho.

- E as aulas?

- É meio dia Joãozinho, um bocado tarde para pensar nas aulas. - Soltei uma risada. - Desliguei o despertador e fiquei aqui contigo.

- Amanda...

- Faço anos, tenho saudades tuas e tu precisas de mimos. - Defendi-me sorridente.

Abraçou o meu corpo contra o dele e assim nos mantivemos durante longos minutos. Porém, não podíamos chegar atrasados à surpresa. Revelou o almoço que tinha planeado e depois a tarde. Uma surpresa inesperada para mim, visto a altura. Era surpreendente para mim.

Não esperava nada da sua parte. Nenhuma saída extravagante. Sabia que não era uma boa fase e a verdade é que só queria estar com ele. Bastava só a sua presença e estava tudo bem.

Ainda assim, fiz-lhe a vontade. Ele estava mais animado esta manhã e eu sabia que era por mim, pelo meu dia e por tanto me amar.

Alisei os meus cabelos longos, escolhi algo mais arrojado para os raios solares e para a ocasião. As suas mãos procuraram as minhas. Ao virar-me de frente para ele, relevou-me uma pequena caixa. O João era uma caixinha de surpresas. Aceitei-a. Os meus olhos encontraram um anel simples, bonito e que tinha namorado anteriormente.

Mostrei-lhe um sorriso rasgado, beijando os seus lábios antes de o colocar no meu dedo.

Estávamos juntos há quase cinco meses e tinha que confessar que foram os melhores cinco meses da minha vida. Mesmo com o futebol, com tantas desilusões por causa disso, nunca me falou. E não o larguei por um segundo.

Estávamos juntos para o bom e para o mau.

Dentro do carro, não parava de namorar o meu dedo com o bonito anel prateado. Ele olhava uma ou outra vez para mim, apercebendo-se sempre e essa visão deixava-o feliz. Tal como a mim. Eram pequenos lembretes que faziam valer a pena. Que me faziam amá-lo cada vez mais.

JUST YOU  ➛ JOÃO NEVESOnde histórias criam vida. Descubra agora