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domingo

Novamente perdida para os estudos, pois era a única forma de ocupar a minha cabeça, sentia-me a desesperar com a falta de notificações de João a preencher o ecrã do telemóvel.

No dia anterior trocamos uma única mensagem de bom dia, nada mais. Era inquietante estar sem saber nada do rapaz ou o motivo da conversa que tínhamos marcado para o dia seguinte. Estava na milésima tentativa falhada de procurar razões ou um sentido para tudo isto.

Estávamos tão bem e do nada as mensagens deixaram de ser constantes. Era evidente que não tinha nada a ver com os treinos ou com a seleção, visto o dia ter vinte e quatro horas e nunca antes ter passado tanto tempo sem falar comigo. Havia algo mais a acontecer na sua cabeça e ele preferiu adiar, que falar logo comigo.

Pouco me importava se era por mensagens ou por chamada, só queria saber o que se passava no seu coração e tentar resolver.

Se tivesse forma de resolver.

Pensava mil e uma coisas. A minha cabeça não parava de consumir matéria e a mim mesma com tantos pensamentos aleatórios. Era dia de jogo de Portugal, dia dos seus cinco minutos.

Tornava-se até estranho não lhe desejar boa sorte, ainda que fosse indiferente para João, algo que me entristecia imenso.

- Filha, vens almoçar? - Deslizei os headfones ao perceber que a porta tinha sido aberta. - Não te vi a tomar o pequeno-almoço. - Afastou ainda mais a porta, entrando no quarto.

- Sim, vou descer para comer. - Ignorei a segunda pergunta, para não levantar problemas. Porém, o meu pai já estava desconfiado.

- Está tudo bem? Passaste o dia caladinha ontem, nem parece teu. - Constatou.

- Sim, está tudo bem. Estou só focada nisto. - Levantei ligeiramente os livros para tentar abafar o verdadeiro motivo. - Dá-me cinco minutos para acabar esta página e vou, ok?

Ele assentiu simplesmente, ausentando-se.

A minha cabeça fugiu totalmente dos livros para a conversa de instagram aberta com João. Se era ansiedade o que sentia, queria recuar no tempo e não entrar neste sabe Deus o quê com ele. Estava tão bem solteira, sem me preocupar com nada ou com este peso constante no peito.

Só queria honestidade, aquilo com que lhe brindei desde o primeiro dia. Precisava de motivo para este caos que sentia entre nós, de razões que me façam perceber a falta de procura. Sentia-me desesperada por nada saber.

joao_neves87

Pensei muito se devia ou não fazer isto, porque sei que tens jogo, mas João, se não queres mais isto comigo, por favor, sê honesto
Nunca senti ansiedade na vida e não estou a gostar nada do que sinto estes dias


Foi a mensagem mais difícil de escrever, porque no fundo, gostava imenso do rapaz e daquilo que fomos construído dia após dia.

Estávamos tão bem, os nossos feitios pareciam ser extremamente compatíveis e o facto de haver, dos dois lados, comunicação e compreensão fazia com que fosse ainda melhor. Era dessa forma que descrevia a nossa ligação, o que nada justificava o seu comportamento recentemente.

JUST YOU  ➛ JOÃO NEVESOnde histórias criam vida. Descubra agora