quarta
As últimas vinte e quatro horas foram um verdadeiro desafio para mim. Mantive-me com as mãos sossegadas, mesmo quando desejava enviar mensagem ao João. Evitei ocupar tempo. Tinha a noção do quão altas as expectativas estavam após a derrota do Sporting para o Braga.
A pressão para o Benfica chegar à final era imensa, deixando os rapazes sobrecarregados por tanto quererem o mesmo. Em especial o João que respirava Benfica por cada poro do seu corpo. Ele entregava-se de corpo e alma.
Não ia ser diferente este fim de tarde. Gostava de o abraçar, de salientar o quão fantástico ele era, o que não fiz. Não até receber uma mensagem dele, chamada ou o que quer que fosse.
Estava preocupada com a pressão que colocava em cima de si, principalmente por tanto idolatrar os seus colegas, os adeptos e o futebol em si. Para além de ter os adeptos a contar com ele. Livros ao longo da colcha, mas a minha cabeça estava longe da escola e da matéria. Queria despedir-me dele e dar-lhe um abraço apertado.
Depois de se ter afastado e da conversa que tivemos na praia, sentia que não era igual. Senti a tensão constante nas palavras por telemóvel. Não me agradava nada estar assim com ele. Antes, ele ainda fazia um esforço para me ver, agora não me pedia sequer para ir à janela.
O aperto aumentava gradualmente. Não queria que nos chateássemos. O que nos unia parecia ter ficado perdido no instante em que permiti que os nossos corpos se conhecessem sem roupas. Sentia-me horrível por pensar dessa forma.
Desde que nos envolvemos sexualmente que as coisas começaram a ficar estranhas. Isolou-se das pessoas, especialmente de mim que tentava ser a namorada compreensiva e presente.
Balancei a cabeça para me livrar dos pensamentos, dirigindo-me até à janela. Por mais que precisasse de se focar, não me ia sentia bem a evitá-lo e a não me despedir. Calcei-me, vesti só a sweatshirt que havia usado de manhã na escola e saí de casa bastante rápido.
Atravessei a estrada. O autocarro ainda tinha as portas fechadas. Provavelmente faziam um treino leve antes de viajar para Leiria.
Avancei pelo campus até ás bancadas. Vi que não era a única pessoa nas mesmas.
- Amanda?
Ouvi uma voz chamar por mim. Virei a cara para encontrar um João a aproximar-se. Abandonou o relvado para se hidratar.
Forcei um sorriso, embora bastante insegura. Tal como me sentia nos últimos dias.
Nas bancadas estavam a Beatriz e as suas amigas, algo que me deixou desconfiada. Porém, disfarcei o quão afetada me senti. O que fazia uma simples fã na bancada e eu em casa? Fiz de tudo para não transparecer a frustração.
- Que estás aqui a fazer?
- Vim dar-te um abraço de boa sorte. - Confessei, vendo-o a atirar a garrafa de água.
Mostrou-me um sorriso amigável, antes de voltar a reunir-se com a sua equipa e treinador. Vi-os ao longo de vários minutos a alongar, até que deram o treino por terminado. Agora, era tomar banho e almoçar antes da viagem.
O João fez sinal para me juntar a ele no relvado, o que fiz sem hesitar. Assim que passei pela porta com entrada para o campo, vi-o cabisbaixo com a bola nos pés. Brincava com ela.
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JUST YOU ➛ JOÃO NEVES
Teen FictionAmanda, com os seus inocentes dezassete anos, achava ter emoção suficiente na sua vida, até que o conheceu. A descoberta do primeiro amor, tornou-se, de longe, um misto de emoções desconhecidas e intensas, às quais foi incapaz de resistir.