03

1.6K 73 16
                                    

segunda

Eram sete e dez da manhã quando o som alto de um autocarro diante da minha casa capturou-me, levando-me curiosa até à janela. Afastei a mesma para sair para a varanda do quarto. Avistei toda a equipa principal do Benfica à porta do campus, o que me deixou atenta a cada um.

Na verdade, procurava somente por um. Junto do portão com as mãos nos bolsos e um chapéu, o rapaz chutava o chão enquanto o António parecia estar a dizer-lhe algo discretamente.

Foi então que ambos olharam para cima, para a minha varanda e consequentemente para mim. O mais alto foi o primeiro a acenar, novamente sem grandes movimentos. Acenei de volta. O João era bastante tímido por sinal, porém, levantou a mão para me cumprimentar também. Um sorriso sem controlo surgiu no meu rosto.

Esperei que ambos entrassem no autocarro, só quando o fizeram é que voltei para dentro. Peguei na escova e continuei a preparar-me para o dia. O sol poderia iluminar os céus, segundo o que tinha visto na internet no dia anterior.

- Estás despachada, Amanda?

- Sim! - Abri a porta do quarto, encontrando a minha mãe no final do corredor. - Vais levar-me? Ou apanho o autocarro?

- Levo-te porque preciso de ir à editora. - Assenti, recebendo um beijo na cabeça após descermos as escadas. - Posso trazer-te também ou vão lanchar as quatro juntas? - Encarou-me.

- Não tenho tarde livre hoje, mãe. Só acabo a aula ás quatro e quarenta. - Esclareci.

- Ah, tens razão. Desculpa. Então voltas de autocarro? - Assenti positivamente. Sentei-me ao longo da mesa para tomar o pequeno-almoço. - O pai já saiu? - Questionou a Tiago.

Este balançou a cabeça também. Informou-nos da chamada que havia recebido ainda antes de se sentar à mesa para beber o seu café.

O meu irmão trabalhava em informática numa empresa em Lisboa, o seu horário era sempre das oito e meia ás cinco e meia da tarde, de segunda a sexta-feira. Não se podia queixar, a faculdade por longos anos compensou bastante.

Pelo caminho até à escola troquei mensagens com as minhas amigas para saber onde estavam e onde era para me encontrar com elas. Sendo uma rotina, não fiquei nada surpreendida quando elas me disseram que estavam na Dona Carla. Acabei por pedir uma almofadinha de chocolate.

Tratava-se de uma pequena pastelaria no outro lado da estrada. Cerca de dez minutos depois e os quatro piscas foram ligados. Dei-lhe um beijo, sai do carro e esperei-as no portão.

- Tens cinco minutos para devorar! E está quente, vai saber ainda melhor. - A Fran segurou o meu salgado dentro de um saco.

- Gracias amiga.

Foi num instante que saboreei o chocolate quente no interior da massa salgada e folhada.

A Inês abordou o assunto esperado por todas desde que nos separamos no domingo a seguir ao almoço na casa da Filipa. Uma saída à noite nada polémica aos meus olhos, embora ambas com um drama formulado por minha causa.

Fomos abordadas por um grupo de rapazes, embora nenhuma delas demonstrar interesse por estarem comprometidas, no entanto, acabei a ser atirada para baixo do comboio.

JUST YOU  ➛ JOÃO NEVESOnde histórias criam vida. Descubra agora