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segunda

A areia fina e fresca da praia passava-me por entre os dedos, cada vez que a fechava nas mãos e a soltava lentamente. Respirava profundamente a tentar clarear a minha mente confusa, pois o meu coração precisava de descanso.

Com o divórcio dos meus pais e o apego que sentia pelo João, o último mês foi a reviravolta da minha vida. A balança estava equilibrada, visto as diferentes situações que vivia.

O rapaz fazia-me bem. Fazia-me conhecer um novo lado da minha personalidade, fazia-me ser o que nunca fui ou quis ser e isso era positivo. Mas, a situação dos meus pais deixava-me destroçada a questionar tudo aquilo em que acreditava.

Receava envolver-me mais com João, pois se nem a minha mãe sentia conhecer, quanto mais o adolescente no auge da carreira. Era assustador o pensamento de ser trocada ou traída. Porém, não era incomum, pelo contrário. O casal que conheci perfeitamente feliz durante dezassete anos estava agora na fase de separação.

Há vinte e quatro horas que estava incontactavel, desliguei o meu telemóvel logo pela manhã. Era o meu tempo sozinha. Sai de casa para ir à escola, o que não aconteceu, de todo.

Encontrava-me na Fonte da Telha, sentada na areia a olhar para o mar. Aquela sensação não era bem vinda, ao contrário de todas as outras que os dias na presença de João me trouxeram. Era uma sensação de impotência gigante.

Passava-me de tudo pela cabeça. Até ao instante em que me apercebi da asneira que fazia, visto ter faltado e não ter avisado ninguém.

Liguei o telemóvel. Descobri que era uma da tarde e que tinha inúmeras mensagens de amigas a tentar perceber onde estava. Sentia-me mal por ter causado tanta aflição. No instante em que abri as mensagens com as raparigas, o João ligou-me, chamada essa que atendi.

- Amanda? Finalmente! Onde estás?

- Olá para ti também. - Disfarcei, apercebendo-me que estava ofegante. - Pareces ofegante, estás bem? Ou acabaste de treinar?

- Acabei de saber que não apareceste nas aulas e que desligaste o telemóvel até agora!

- Como sabes isso?

- Achas que é o que importa?

Mantive-me em silêncio. O que lhe podia dizer?

- O que se passou? A tua amiga Filipa estava em pânico quando ligou ao Félix.

- Precisava de estar sozinha.

- E ainda precisas? Estou preocupado contigo. O que posso fazer para ajudar? O que precisas? - A sua voz suava bastante calma e doce.

- Nada, não podes fazer nada para me ajudar, mas agradeço a preocupação. - Murmurei com os olhos cheios de lágrimas novamente. - A Pipa não devia de ter falado contigo ou com o Félix.

- Mas falou... Anda lá Amanda, fala comigo. - As suas palavras eram suaves ao ponto de pensar em ceder facilmente ao que me pedia.

- Problemas em casa, só isso.

- Os teus pais continuam zangados? - Suspirei ao sentir novamente vontade de chorar.

JUST YOU  ➛ JOÃO NEVESOnde histórias criam vida. Descubra agora